Alimentar a biberão: necessidade ou opção
Quando a mãe não tem leite para amamentar o seu bebé ou se está doente e por razões clínicas não o pode fazer há sempre a possibilidade de se socorrer dos leites artificiais para lactentes. Por vezes também se torna necessário a utilização de leites artificiais como complemento tanto durante a amamentação como durante a fase de introdução de alimentos sólidos na dieta do bebé. Em outros casos, a mulher opta pela alimentação a biberão porque as exigências da sua vida profissional lhe deixam pouca disponibilidade para amamentar.
Os leites artificiais
Existem basicamente dois tipos de leite artificial: os leites para lactentes e os leites de transição. Os leites para lactentes são especialmente concebidos para bebés recém-nascidos e durante os primeiros meses de vida, sendo mais fácilmente digeridos pelo organismo do bebé. Existem vários tipos de leite para lactentes, entre os quais o leite anti-regurgitação, leite anti-alergénico, leite dietético, etc, directamente vocacionados para satisfazer as necessidades específicas de cada bebé.
Os leites de transição são aconselháveis para bebés maiores e com mais apetite, nomeadamente durante a fase em que se começam a introduzir os alimentos sólidos na alimentação do bebé. Este tipo de leite demora mais tempo a ser digerido pelo organismo, uma vez que apresenta uma composição mais próxima do leite de vaca (que não deve ser dado ao bebé antes de 1 ano de idade), com um teor proteico e de ferro mais elevados, essenciais ao aumento dos tecidos musculares e do volume sanguíneo do organismo do bebé em rápido crescimento. Normalmente a introdução do leite de transição faz-se entre os 4 e os 6 meses, no entanto o seu médico indicar-lhe-á como proceder e quando deverá mudar de leite em pó.
Uma última recomendação: deve dar preferência aos leites de transição sem sacarose - o que facilita a diversificação alimentar e evita o aparecimento de cáries -, os que privilegiem uma relação equilibrada de ácidos gordos polinsaturados essenciais, os suplementados em vitaminas e os de reduzido teor em sódio.
Como preparar o biberão
A preparação do biberão é um processo acessível a todas as mães, embora tenha também as suas regras. Em princípio, basta adicionar leite em pó (à venda nas farmácias e hipermercados) a água morna previamente fervida.
Antes, porém, é imprescindível esterilizar todos os acessórios necessários à alimentação do bebé, desde os biberões às tetinas. Depois deve deixar que arrefeçam a uma temperatura que os possa manusear, antes de preparar o biberão.
Isto porque, os meios de que o organismo dispõe para se defender das infecções e afins estão pouco desenvolvidos nos primeiros meses de vida do bebé, pelo que é muito importante evitar tanto quanto possível a presença de bactérias e vírus. Deste modo evita as gastrenterites que trazem sempre alguns problemas.
Além da meticulosa esterilização, deverá ter em atenção outros pequenos “pormenores” quando alimenta o bebé a biberão. Por exemplo, se o leite for preparado com antecedência, deve ser guardado no frigorífico e nunca por um período superior a 24 horas.
Os leites em pó preparados a partir do leite de vaca foram já tornados mais adequados à boa digestão e tolerância do bebé. Contudo, se por razões de força maior, não haja qualquer outra possibilidade e tenha mesmo de utilizar leite de vaca na alimentação do bebé, terá de falar com o médico para saber bem como o deve fazer. Habitualmente o leite de vaca, sem preparação, não é recomendado a bebés com idade inferior a um ano, na medida em que não contém os nutrientes adequados ao seu crescimento, além de poder desencadear problemas digestivos.
Se, ao dar o biberão, acontecer o bebé não o tomar todo deverá deitar fora a porção que sobrou, uma vez que o ar que volta a passar na tetina contém bactérias susceptíveis de contaminar o leite e, por conseguinte, o bebé.
Outra preocupação das mães prende-se com a quantidade de leite a administrar ao seu filho.
Trata-se, no entanto, de uma dúvida sem resposta absolutamente concreta, uma vez que essa quantidade tende a variar de bebé para bebé e no mesmo bebé varia com o seu apetite. Uma regra contudo deverá ter presente: não aumente demasiado e por sua conta as quantidades prescritas pelo pediatra.
O ideal é que, logo após o nascimento do bebé, este seja acompanhado por um pediatra que a ajudará a esclarecer toda uma série de questões relacionadas com a alimentação do bebé e não só. O pediatra indicar-lhe-á como e em que alturas deve ir aumentando as quantidades de leite. Em caso de dúvidas utilize as quantidades que poderão estar referidas nas embalagens e logo na primeira consulta confirme com o médico se as quantidades que está a dar são as adequadas. Ele dar-lhe-á informações precisas de como deve proceder.
Aprender a dar o biberão
Para dar o biberão ao bebé, deve sentar-se, de preferência, numa cadeira baixa, com os pés bem assentes no chão e as costas devidamente apoiadas, se necessário com uma almofada. O bebé deve ser segurado nos braços, ligeiramente soerguido e com a cabeça apoiada na prega do seu cotovelo. É importante que o bebé fique bem instalado no colo, com a possibilidade de mexer os braços e as pernas de um modo confortável.
Antes de começar a dar o biberão ao bebé, é de todo aconselhável verificar a temperatura do leite (previamente aquecido durante cerca de cinco minutos), deixando cair umas gotas sobre as costas da mão. O leite deverá estar à temperatura do seu corpo.
Depois é só dar início à tarefa - sempre agradável - de alimentar o bebé, seguindo determinados passos:
- Tocar, ao de leve, na bochecha do bebé com um dos dedos que segura o biberão, com vista a chamar-lhe a atenção para o mesmo e, sobretudo, para lhe despertar o reflexo da sucção.
- Deixar o bebé chupar a quantidade de leite que quiser. Ele é o melhor avaliador das suas necessidades e apetite.
- Segurar firmemente no biberão e mantê-lo inclinado, por forma a que a tetina esteja sempre cheia de leite e o ar não entre levando a criança a ingeri-lo, o que lhe desencadearia vómitos ou cólicas.
- O bebé alimentado a biberão, normalmente, engole mais ar do que quando é alimentado ao peito, pelo que a refeição deve ser interrompida uma ou duas vezes para lhe permitir arrotar.