Não parece, mas a água tem imensos poderes terapêuticos e naturais e um deles é aliviar as dores do parto, ajudando quer a acalmar a mãe quer a acalmar o bebé. Além disso, se mudar de opinião pode sair da banheira/piscina e usar qualquer outra forma de alívio das dores enquanto na epidural, por exemplo, tal já não é possível. Este tipo de parto não se realiza em Portugal, mas é já frequente em Inglaterra e nos Estados Unidos da América.

Como se processa? Vantagens e inconvenientes deste tipo de parto

Para fazer o parto na água a grávida é aconselhada a esperar até ter cerca de 4 a 5 cm de dilatação, depois entra na banheira/piscina que se encontra cheia de água tépida/quente. Este contacto com a água é tão relaxante que há a tendência para reduzir as contracções.

O facto de se sentar dentro de água fá-la, desde logo, sentir-se mais leve, podendo mexer-se à vontade e sem esforço para as posições em que se sentir mais confortável, reduzindo simultaneamente a pressão sobre os músculos abdominais. A mulher sente-se mais alerta, em controlo e com mais energia. Para além de todos estes factores, quando se está dentro de água, o nível de occitocina, que estimula as contracções, diminui e aumenta a produção de endorfina, substância que alivia as dores naturalmente. Do mesmo modo e ao mesmo tempo os níveis de noradrenalina (hormona que provoca o stress e pode atrasar o parto) caem. A água também aumenta a eficiência cardíaca e faz abrandar a pulsação.

Convém ainda salientar o facto de, mesmo que faça o parto fora de água, se tiver passado algum tempo dentro dela, já na fase do parto, amoleceu os tecidos correndo assim, menos riscos de rasgar o períneo.

Grande parte das mulheres acha que a água é a única forma de lhes aliviar as dores, todavia, mesmo fazendo o parto na água pode usar o etonox (gás e ar), usar óleos de aromaterapia, a homeopatia e fazer exercícios respiratórios que se tornam mais eficazes na medida em que a humidade torna a respiração mais leve e fácil. Como inconvenientes para este tipo de parto podem apontar-se o facto de muitas vezes não existirem os meios necessários nem a assistência adequada. Podem também surgir problemas se a água não estiver à temperatura certa, (36º C) pois demasiado quente será cansativo para a mãe e acelerará o ritmo cardíaco do bebé, e demasiado fria, será incómoda e desconfortável para a mãe e o bebé poderá inspirar por reflexo e engolir água, ao nascer, isto para além do facto do médico ou a parteira ficarem limitados quanto ao tipo de assistência física que lhe podem prestar.

Qualquer pessoa pode fazer o parto na água?

Apesar de não ser comum em Portugal, o parto na água deve ser encarado como um procedimento normal, no entanto, nem todas as mulhers o podem experimentar. Há determinadas circunstâncias que desaconselham um parto na água, pois tal pode colocar em risco quer a saúde da mãe quer a do bebé. Se a grávida tiver a pressão sanguínea elevada, estiver com febre, estiver à espera de gémeos, correr o risco de parto prematuro ou o bebé estiver numa posição anormal (posição transversal ou posição pélvica), o parto na água não é possível.

Aguns hospitais tomam outras precauções, impedindo o parto na água de mulheres cujas águas rebentaram há algum tempo, correndo o risco de infecção, bem como de grávidas que tomaram sedativos ou outros medicamentos para as dores, pois deste modo, fazer o parto na água pode dificultar a respiração do bebé. Claro que também pode suceder que, apesar de querer e poder fazer o parto na água, não existam as condições necessárias para isso, por exemplo pode não haver piscina preparada ou pessoa qualificada para a assistir, como ainda, havendo ambas as coisas, não o poder fazer porque a piscina está totalmente ocupada. Todavia, se tiver tido uma gravidez saudável, de pelo menos 37 semanas, não haverá problema em optar por este tipo de parto.

Riscos para o bebé

Há quem pense que nascer na água é mais suave e menos traumático para o bebé, uma vez que neste tipo de parto nascem sempre mais calmos. A repiração do bebé não é afectada desde que as coisas sejam feitas correctamente, monotorizando o coração do bebé de trinta em trinta minutos. Além disto o bebé não respirará até entrar em contacto com o ar, e, até então, o oxigénio é-lhe fornecido pelo cordão umbilical, mas logo que nasça deverá ser trazido suavemente até à superficie.