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Não estou a conseguir ultrupassar a perda!

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  • #31
    Só agora vi o post, tamb+em estive um período ausente...
    A minha mãe faleceu há 3 anos, de cancro, num espaço de tempo de 2 meses.
    Foi avassalador saber que a ia perder, foi uma contagem decrescente que partilhei aqui, se soubesse linkar fazia-o para leres, mas não sei.
    Depois do choque inicial convenci-me de que teria de lhe dar o melhor de mim e dos meus (marido e filho) durante aquele período, para que partisse em bem.
    Nunca consegui admitir a morte como opção perante a minha mãe, apesar dela ter dito desde que soube que tinha cancro que não ia sobreviver. Eu sabia, todos sabiamos, mas era tabu. Admitir a perda, a morte a quem está vivo é muito complicado... Só na véspera de morrer eu falei abertamente com ela, mas ela estava drogada com morfina, ouviu-me mas não conseguiu falar, só levantar um pouco os braços, para dar sinal de que me tinha acompanhado na conversa.
    Foi uma coisa natural dar força aos outros. Ao meu marido, que estava de rastos, ao meu irmão, cunhada, pai. Nunca pensei que ela morresse, nunc se pensa na morte de quem se ama quando estão bem... de repente estava a morrer, de repente morreu.
    As pessoas falavam comigo e eu tinha de lhes dizer que não havia solução, que estava espalhado por muitos orgãos, etc, etc, a conhecidos, amigos, familiares, ainda hoje encontro quem não saiba...
    Os meus olhos não tinham lágrimas, o meu coração não tinha noção do que se passava, estava ocupado a curar a dor alheia.
    Passei por uma fase extremamente lógica nessa altura e foi essa racionalidade que me permitiu ultrapassar a fase próxima da morte.
    Com o tempo a passar a coisa custa mais. Na altura tu pensas que foi o melhor para ela, com o tempo a passar tornas-te egoísta e pensas então no melhor pata ti, e esse melhor era tê-la cá. Era falar de tudo, ouvir bons conselhos, rir, abraçar, amar como só se consegue na maternidade (e agora que somos mães sabemos isso ainda melhor), incondicionalmente, conhecer a outra só pelo olhar...
    A vida é dura sem mãe.
    ngravidei novamente, tenho uma menina de 3m, além do de 5A, um marido que me ama, trata bem e estima, emprego estável, uma casa bonita, carro, mas... não tenho mãe.
    As pequenas coisas do dia-a-dia, as grandes coisas que acontecem de vez em quando já não são as mesmas, falta a partilha com a pessoa que mais nos conhece no mundo, tirando um filho, deve ser a maior perda...
    Passei por uma fase em tudo o que me corria mal (sou uma pessoa optmista, mas pequenos contratempos acontecem a todos) era visto de forma mais grave por não ter mãe. Incoscientemente penava que se a minha mãe fosse viva falaria com ela e via as coisas com outraluz, ela não era muito positiva com ela, mas sabia dar-me bons conselhos e uma boa perspectiva das coisas. Senti muito a sua falta, quando me deitava as lágrimas corriam pela minha cara. No outro dia não era nada, boa cara e faz de conta.
    A fase passou, com auto-controlo. Agora ainda sinto uma grande perda e para mim o tempo não curou, abriu a ferida, Simplesmente aprendi a lidar com essa dor, com a sua ausência e a relativizar...
    Às vezes preciso de chorar, e choro. Desabafo, depois mlehoro, recupero forças.
    Nunca pensei "ai, porquê a minha mãe?", nunca me senti revoltada. Aceitei porque não havia outra forma, não era a minha revolta que ia dar-lhe mais tempo de vida. Virei as minhas energias para a ajudar e hoje olho para trás com orgulho, não podia ter feito mais por ela do que aquilo que fiz. Isso dá-me tranquilidade, paz de espírito.
    Desde a sua morte que a sua opinião continua a ser escutada por mim, eramos próximas e sei o que acharia disto ou daquilo e, quando tenho dúvidas, paro um pouco e pergunto-me o que pensaria a minha mãe. Assim, parece que ainda recebo os seus conselhos, que ainda a tenho por cá... Prolongo a sua existência em mim...
    Custa-me muito que ela e a neta não se conheçam, iam dar-se bem, e a minha mãe iria fazer-lhe imensos vestidos, como fazia para mim... Iamos ser todos (ainda) mais felizes...
    Mas tento relativizar, tenho uma vida feliz, ela faz-me falta, mas quando não há remédio, remediado está... ela ia gostar que eu seguisse a minha vida da melhor forma, o teu pai também, é isso que tento fazer diariamente, é isso que tens de ter em mente.
    A nossa vida continua...

    Um grande beijinho, se precisares, masnda PM.
    Carmen


    Tenho o Afonso e a Inês. Sou feliz.
    Uma coisa leva à outra, e vice versa!!!

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    • #32
      Olá Carmen, obrigado pelas tuas palavras..revi-me praticamente em todo o teu texto..
      Também tenho andado um pouco afastada do forum, e confesso que das pouquissimas vezes que venho me fico só pela pediatria..
      Essencialmente porque tenho uma tarefa "pendente" mas ainda não consegui ganhar coragem de a fazer...
      Chama-se carta de sentimentos e foi a Mbprincessa, que me indicou....
      T_alvez já fosse tempo..já passaram 6 quase 7 meses, mas é como dizes, o tempo não ajuda a passar..sinto a dor a aumentar todos os dias e o ter que ir mais fundo deixa-me de rastos e sei que vou chorar imenso e andar ainda mais em baixo!! Por isso acobardo-me um pouco e fujo, daquilo que certamente me poderá dar algum "conforto" pelo menos naquilo que acho que ficou por dizer, pelo facto de ter partido de forma repentina.
      Continuo a ter dias que estou mais controlada e dias muito,muito maus.. Continuo revoltada mas psicologicamente sinto-me tão em baixo e fragilizada que já não tenho forças para me debater.
      O meu pai tb era o meu confidente, e quando os obstaculos surgem agora a dimensão além de ser maior, torna-se gigantesca quando sinto necessidade de falar com ele e já não o posso fazer!!! Nessas alturas a coisa piora um pouco e lá vai disto!
      Outro problema é que não consigo fazer o luto porque não aceito a morte dele!! Não sou capaz de aceitar, e mesmo quando estou na campa dele eu não aceito, é como se entra-se noutra realidade que não é verdadeira, não sei se me faço entender!
      Não sei como vou resolver isto comigo mesma mas que o tempo cura tudo.... ? só mesmo dores de amor!

      Obrigado uma vez mais, quando as coisa acontecem parece que só nos acontece a nós, e as vossas palavras tem sido um conforto no sentido de perceber como aprenderam a viver com isso..tb eu irei conseguir..veremos quando.

      uma beijoca grande!

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      • #33
        Não sei se alguém já o sugeriu (não li as mensagens todas), mas não ponderas ir a um psicólogo? De facto, não me pareces que estejas a fazer um luto "normal", aliás, parece-me que não estás a fazer o luto de todo. Uma ajuda profissional pode ser valiosa para pôr a cabeça em ordem e evitar cair em depressão (depressão essa que, se calhar, até já está a acontecer). Pensa nisso.

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        • #34
          Sabes, só fui 3 ou 4 vezes ao cemitério.
          Ir lá faz-me mal. Penso em tudo, olho com mais dor para o que aconteceu e fico de rastos... O meu pai vai semanalmente, o meu irmão de vez em quando, mas eu evito.
          Vou lá na altura do seu aniversário, com o meu pai, e quando vou a algum funeral cujo corpo seja enterrado próximo, mas fora essas ocasiões não vou.
          Tenho uma perpectiva diferente, acho que se deve recordar em vida, não valorizar a morte, visitar um corpo em degradação, olhar para uma fotografia antiga, tomar consciência real de que ela não está cá...
          Não indo, e vivendo como descrevi acima, dá-me a sensação que posso prolongar a sua estadia por cá, em mim, na maneira de viver a minha vida... Eu sei que é estranho, muita gente me condena por não ir, mas cada um sabe de si e do que lhe faz bem e mal... avida é assim...
          E, quanto a mim, já disse a toda a gente que me é próxima que não quero que abram o meu caixão, não quero que ninguém se lembre de mim morta, estendida sem cor, pronta para ser enterrada... quero que se lembrem dos momentos que viveram comigo, das gargalhadas que dou, das lágrimas, dos abraços, mas morta não! E, preferencialmente cremada e espalhada, que não quero romarias a campas...

          Se achas que fazer a carta te ajuda, faz. aproveita um dia que estejas sozinha para purgar a tua dor...
          E, se calhar, de facto não era má ideia um psicólogo se vires que não melhoras...

          Um beijinho grande!
          carmen


          Tenho o Afonso e a Inês. Sou feliz.
          Uma coisa leva à outra, e vice versa!!!

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          • #35
            Só passei para dar uma força a todas...
            Concordo plenamente com a Carmen ( também eu prefiro recordar as pessoas em vida ...de preferência lembrar-me do seu sorriso )...e penso sempre que as pessoas devem ser amadas / acarinhadas quando estão entre nós( eu tento fazer isso ) porque depois tudo acaba..

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            • #36
              olá a todas, e obrigado por me continuarem a responder.
              Sim já ponderei a hipotese de ir a um psicologo..e depressão..bem se o facto de andar sem dormir, comer mal, exausta, desligada de forma geral, uma pilha de nervos, sem paciencia são sintomas de depressão..então como posso ultrupassa-la sem ir ao medico?
              Sinceramente não me sinto confiante em ter de falar com quem não conheço, contar-lhe todos os pormenores, mostrar-lhe o que mais me magoa e mostrar-me bastante fragilizada são coisas que me assustam imenso.

              A minha cabeça nunca pará! ainda esta semana estive a ver umas fotos onde tinha por acaso um video com o meu pai..foi muito bom ouvir a voz dele..tão bom que quase não me recordava do que tinha acontecido!
              Continuo a ir todas as semanas ao cemitério...sinto falta de poder estar com ele..não saio de lá mais confortada mas se não vou sinto-me pior!
              Recordo-me sempre dele vivo ao contrario do que possam pensar ou eu possa deixar transparecer, no entanto quando caio na real..

              à excepção de falar com voçês não falo disto com mais ninguem, com a minha mae não o faço por razões obvias e os meus irmãos, parecem ter ultrupassado as coisas de forma mais fácil.
              Se calhar sou eu que estou errada em não o deixar partir..mas o meu coração não deixa.

              Ainda não estava nem estou preparada para o deixar ir..

              Peço desculpa se me tenho repetido mas a coisas que não sei como explicar.

              Beijocas a todas e um grande abraço.
              OBRIGADO pela força que me têm dado

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              • #37
                Acho que já sabes a resposta...estás deprimida, sim, e quanto mais tempo deixares passar sem procurar ajuda mais difícil vai ser sair desse estado. Procura já um psicólogo, é o meu conselho, e se ele achar que já é necessário medicação, vai-te encaminhar para um psiquiatra. Não tens que te ter receio em contar-lhe os teus sentimentos mais íntimos porque é esse o seu trabalho e foi treinado para orientar as pessoas e ajudá-las a falarem de si. Acredita que vais-te sentir mais aliviada... e pensa que o teu pai quereria que cuidasses de ti e fosses feliz depois de ele partir...

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                • #38
                  Tens novidades?
                  Como tens andado, rapariga?

                  Bjs,
                  carmen


                  Tenho o Afonso e a Inês. Sou feliz.
                  Uma coisa leva à outra, e vice versa!!!

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                  • #39
                    Inserido Inicialmente por carmen Ver Mensagem
                    Tens novidades?
                    Como tens andado, rapariga?

                    Bjs,
                    carmen
                    olá Carmen, obrigado por te lembrares de mim..
                    Bem sei que já passou algum tempo, mas confesso que tenho dias que estou melhor outros piores.
                    Depois da ultima mensagem deixada pela Guialmi tive uma crise brutal, desci mesmo ao fundo do poço, nesse dia liguei completamente descontrolada a uma amiga minha e foi ela a minha sorte( não ia fazer nenhuma loucura..eu tenho um menino de 2anos+9meses) tomei uns calmantes, falei de tudo, chorei baba e ranho, estive quase de cama e não via forma de me levantar.
                    Pelo meu menino e sem saber muito bem como fui-me levantando e só voltei a "passar-me" nas épocas festivas..
                    Avisei logo o meu marido que no Natal e no Ano Novo tb só seria a noite..não queria ninguem em casa! Só nós os 3!

                    Hoje em dia estou melhor... continuo a nao aceitar,já passei inclusive pela fase em que evitava ir aocemiterio e outra fase em que tb evitava ir casa dos meus pais!!Claro que nunca contei a ninguem.
                    Ainda assim sinto que mudei muito como pessoa.. continuo a levar um dia de cada vez pois ja percebi que fazer planos a longo prazo tb não funciona.

                    obrigado por tudo e pela força..
                    Que tenhas tudo de bom. beijocas

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                    • #40
                      É uma solidão muito grande, eu sei...
                      Nunca, NUNCA, mais volta a ser a mesma vida, mas temos de nos esforçar... pelos outros (marido, filhos, família, amigos) e por nós, para não nos deixarmos cair...
                      Às vezes, quando penso "sou mesmo feliz" (o que acontece muitas vezes com situações que se passam com os piolhos) acabo por me sentir mal e não permitir que me sinta assim, porque parece que me questiono como sou capaz de ter esse sentimento depois de ter perdido uma mãe! E, muitas vezes também, estou a fazer qualquer coisa e penso nela a responder-me, a olhar para mim, a estar ali. E depois choro que me farto. Aconteceu ontem, por exemplo. Mas dá-me pilhas para mais uns tempos de força, o choro é catártico para mim, em muitas situações.
                      É certo que é muito complicado, mas também é mais que certo que, frequentemente, exigímos mais de nós próprias do que o que exigímos aos outros, correto?!...E depois nada nos chega, nada como uma abraço de quem já cá não está...
                      ...Mas o que não tem remédio, remediado está. Toca a levantar a cabeça e a fazer tudo o que somos capazes enquanto mães, profissionais, esposas, etc... A vida não pára, Rodriel, não podemos esperar que vivam por nós. A triteza faz part da perda, a solidão, o desgosto. Mas também a alegria de sermos mães, esposas, profissionais, amigas. Temos muito para dar, acabamos também por receber... não compensa, nem de longe, eu sei!, mas ajuda, querida...

                      Um beijinho grande,
                      carmen


                      Tenho o Afonso e a Inês. Sou feliz.
                      Uma coisa leva à outra, e vice versa!!!

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