A minha história, é mais uma no meio de tantas, mas apeteçeu-me partilhá-la.

Chamo-me Ana, tenho 27 anos e tenho uma menina linda com 8 meses.

Quando tinha 15 anos engravidei do meu namorado. Entrei em pânico. Para mim o mundo tinha desabado, senti-me perdida sem saber o que fazer.

Tive medo, muito medo da reacção dos meus pais.

Nunca considerei outra hipótese e o inevitável aconteçeu, às 13 semanas interrompi a gravidez, foi horrível.

Dói-me o coração só de pensar no que sofri, tiraram-me o meu bebé a sangue frio, a dor física e psicológica foi devastadora.

Lembro-me de tudo como se fosse hoje. Sofri sozinha, sem apoio, só com o do meu namorado. Nunca chorei, a angústia era tanta que não consegui chorar. Foi um segredo meu durante muitos anos. Só consegui contar à minha mãe o que se tinha passado já adulta quando tive uma depressão motivada por todos estes episódios da minha vida que vivi sozinha.

Com 26 anos, tive a minha menina que despertou em mim um sentimento lindo e inquantificável.

Amo-a incondicionalmente, amo o seu sorriso, amo dormir agarradinha a ela e aconchegá-la no meu colo quando precisa de mim.

Não me esqueço nunca do bebé que partiu e da culpa que sinto, mas a minha filha apaziguou a dor que existia no meu coração.

Hoje sonho com uma família grande e feliz e quero muito dar mais dois irmãos à minha menina.

Por tudo o que passei, fico mais tranquila por saber que as coisas mudaram e que se alguém decidir interromper uma gravidez pode fazê-lo num local onde haverá respeito por nós enquanto mulheres e seres humanos.

Fico feliz por saber, que uma mulher não deverá culpabilizar-se por o ter feito e que não se sentirá uma criminosa como eu me senti.