sem filhos

Que não haja ilusões. A maternidade, bem como a paternidade, não é para todas as pessoas; principalmente, para aquelas que têm outros objectivos e ambições na vida, quase sempre incompatíveis com o advento de um bebé no seio familiar.


A biologia

Em termos biológicos, tanto a mulher como o homem foram talhados para ser, respectivamente, mães e pais.

O aparelho genital feminino está concebido para produzir óvulos e receber esperma, bem como para alimentar o feto, caso se verifique a fertilização. Quanto ao sexo masculino, a partir de uma certa idade (fase da adolescência)o seu aparelho genital começa a produzir espermatozóides nos dois testículos.

O acto sexual - cuja concretização permite a ejaculação de espermatozóides na vagina - é, hoje em dia, algo perfeitamente natural entre dois seres que se sentem atraídos, independentemente de estarem ou não ligados pelos laços do casamento.

Neste âmbito, a biologia não olha a pormenores. Basta que o casal mantenha relações sexuais sem recurso a qualquer método contraceptivo, e durante o período fértil da mulher, para que a concepção seja um dado adquirido.

De resto, embora os diferentes métodos contraceptivos funcionem como um obstáculo à própria natureza sexual humana, o certo é que nunca oferecem uma segurança a 100 por cento. Há sempre a ocorrência de imprevistos – utilização incorrecta do diafragma, esquecimento da pílula durante dois dias seguidos, rompimento do preservativo –, pelo que, nalguns casos, a biologia é mesmo a última a rir.


A sociedade

Os tempos mudam, mas as meninas continuam a brincar aos papás e às mamãs. Às vezes, têm a sorte de angariar um elemento do sexo oposto para dar mais credibilidade à brincadeira. Independentemente disso, este facto comprova o quão enraizado está o conceito de maternidade junto das crianças.

Desde os pais até à escola, passando pelos órgãos de Comunicação Social (televisão, inclusive), todos começam cedo a lançar indirectas acerca daquilo que, supostamente, é normal acontecer na vida de uma mulher e de um homem: estudar, namorar, arranjar emprego, comprar casa, casar e ter filhos.

Com efeito, a maioria dos parceiros sociais - destaque ainda para a Igreja - espera que os casais, ao fim de X anos de casamento, comecem seriamente a planear uma gravidez. E espera também que esses planos passem rapidamente da teoria à prática. Para o bem de toda a sociedade.

fertilidade

O indivíduo

Nem todos podem ser pais. É o caso das mulheres e homens com problemas de fertilidade graves ou estéreis.

Mas há também quem não queira. Ou seja, há grupos de indivíduos que, apesar de terem saúde para isso, não fazem quaisquer planos de constituir prole, por mais reduzida que seja.

Podem ser pessoas que, apesar de gostarem de crianças, têm a certeza que não seriam bons pais. Ou então pessoas que possuem outras expectativas na vida e que não estão dispostas a sacrificá-las em nome de um filho. Outra hipótese é estarem à espera do tão falado alarme do relógio biológico e este continuar parado, apesar dos anos irem passando.

Hipóteses à parte, uma coisa é certa: decidir não ter filhos é uma opção perfeitamente legítima desde que devidamente ponderada. Não se trata, de modo algum, de qualquer lacuna ou falha individual. Muito pelo contrário. O erro seria ter filhos, indo contra a sua vontade, e arrepender-se dessa decisão até ao fim dos seus dias.

Não são os pais, os amigos, os colegas, a Igreja ou a Comunicação Social que decidem sobre os filhos que cada um deve ter. A vida pertence única e exclusivamente ao indivíduo, mulher ou homem, e é a ele a quem sempre cabe a última palavra nesta matéria.