Tive uma gravidez algo atribulada, com problemas pelo meio e muito descanso à mistura. Apavorava-me o parto sem epidural devido a situações traumáticas antigas e vivi os meses da gestação com um misto de felicidade e medo.
Cerca de uma semana antes do parto comecei a perder rolhão mucoso. Após ter sido vista na Maternidade e ter falado com a GO fiquei a saber que só teria que me preocupar quando saísse rosado e tivesse contracções.
Sábado, dia 5, numa ida ao WC, ao limpar-me notei corrimento rosado no papel higiénico e julguei estar a ver mal. Depois de falar com o Marido lá vamos nós para Coimbra e, por acaso, a minha GO estava de serviço. Depois de fazer o toque apenas me disse que “ainda está muito fresca”. Nem sequer mencionou quantos centímetros de dilatação tinha.
Domingo, dia 6, logo ao acordar, sinto moinhas tipo período e, quando fui ao WC, noto uma ranhoca rosada e bastante abundante. Fiquei de todas as cores… :w00t: Tínhamos almoço combinado com um casal amigo que foi prontamente desmarcado pelo Marido porque, segundo ele, tinha chegado o dia. Por um lado também pensava o mesmo, por outro pensava que devia haver engano…
Durante o dia fui sentindo as contracções mais regulares mas nada que não se pudesse aguentar. Só tomei o pequeno-almoço. Não me apeteceu ingerir mais nada durante o dia, a não ser água. Optei por ficar em casa. Ora me deitava, ora me levantava e me punha a andar pela casa mas para mim era ponto assente que, para o Hospital, não iria fazer nada. Quando começaram a ficar mais dolorosas apeteceu-me tomar um banho de imersão de água bem quente. Deitei-me e, após outra contracção com um intervalo menor, voltei para o banho, desta vez duche. Pedi ao R. para me dar jactos de água bem quente junto à zona lombar. Só me sentia bem no banho com os jactos de água quente.
Numa altura em que fiquei sozinha interiorizei que tinha chegado mesmo a hora e desatei a chorar. Os sentimentos contraditórios que me tinham acompanhado em toda a gravidez continuavam e só tive dois pensamentos na altura: aplicar um Microlax e pedir a Deus que tudo corresse bem.
ray1: Assim passei o meu domingo: andei entre cama, sofá e banheira.
Depois de o R. jantar, perguntou-me se não seria melhor ir à Maternidade (estava com contracções de 10 em 10 minutos). Disse-lhe que sim mas que não se preocupasse com a louça pois lavava-se quando viessemos! :BangHead: Curiosamente, coindidiu com uma altura em que as dores se tornaram menos intensas. Cheguei a Coimbra sem qualquer sobressalto por volta das 21h30.
A médica que estava de serviço não era a minha. Após ter feito o toque, esboça um sorriso e diz “Esta linda está com 6 cm de dilatação e vai ficar internada” :crying: Pensei que a mulher estivesse com algum tipo de alucinação e disse que não podia ser, ainda estava de pouco tempo. Entretanto, conduzem-me para uma outra sala e eu só queria o Marido ao pé de mim (tinha ficado na inscrição). Aí seria para me administrar o clister e vir “O Barbeiro de Sevilha” mas eu já estava precavida. Queria era o Marido comigo e não sabia dele! :w00t: Quando vou no elevador para o 2º andar desejei que o mesmo parasse ou que a contagem estivesse enganada porque ainda não me tinha mentalizado bem do que viria pela frente...
Cerca das 23h, colocam-me num quarto, à média luz, com música ambiente e, entretanto, aparece a enfermeira do clister com o R. e diz para ficar um bocadinho comigo sozinho e para estarmos à vontade. Acalmou-me, teve uma conversa comigo que talvez devesse ter tido durante a gravidez, disse-me que iria doer um bocadito lol mas que era por uma boa causa pois íamos ter a nossa menina connosco. Fui ao WC as vezes que quis, sentei-me no banco destinado ao marido, a cada contracção respirava fundo e, de alguma forma, procurava alívio nas músicas que passavam.
Quando me senti cansada deitei-me e chamei uma enfermeira. Entretanto, a sala foi-se compondo (ficam 3 enfermeiros) e o enfermeiro parteiro fez o toque e estava com 7 cm de dilatação. Disse-me que tinha evoluído pouco e que quem iria ter uma parto sem epidural também aguentava sem oxitocina. Isto com um sorriso da parte dele, enquanto só me apetecia esganá-lo. Isto cerca das 0h. Lembro-me de terem falado do início do ano lectivo, de as enfermeiras falarem em unhas de gel (nunca vou chegar a perceber o que estiveram lá a fazer tanto tempo…) e de ter “passado pelas brasas”.
Quando acordei, cerca da 1h30, novo toque e a dilatação não tinha evoluído. Então, puseram-me a oxitocina. As contracções foram tornando-se insuportáveis mas nunca perdi o controle. De repente, a enfermeira que iniciou a conversa das unhas de gel, que de bruta tinha tudo!, rompe-me a bolsa das águas. Até vi estrelas! Mudam lençóis, colocam CTG e dizem-me que sempre que sentisse uma contracção para ir fazendo força para não sobrecarregar.
Tinha o marido do meu lado direito e a bruta do lado esquerdo. O parteiro pisca-me o olho e diz “dê com toda a força!”. O marido segurava na cabeça, cada vez que vinha um puxão. Aqui, é que vi o que eram dores a sério! Chamei por todos os santinhos e mais alguns, pedi cesariana, chamei pela minha Mãe (como se me valesse alguma coisa) e, de repente, o parteiro diz que já se vê a cabeça e pergunta se o R. quer ver. Foi a única fase em que fiquei sem ele ao lado. A cabeça custou a passar mas o parteiro ia-me incentivando e massajando para ajudar. Depois surgem os ombros e ainda mais força!! Lembro-me de chegar a essa altura e dizer que não ser capaz de prosseguir de tão exausta que estava. O R. diz-me “Chegaste até aqui e não tens mais força?!” Os enfermeiros também me deram apoio, inspirei, enchi-me de força e nasceu a Luísa! Ela fez-se ouvir bem… Colocaram-ma ao colo durante alguns minutos e foi mágico, absolutamente mágico!
Enquanto era cosida devido a um pequeno rasgo, o parteiro dizia-me que, daqui a dois anos, me queria fazer outro parto para ver se ainda tinha tanto medo.
Lamento não ter fotos do momento em que nasceu. Não deixaram entrar telemóveis nem máquinas fotográficas. Pude ter o marido comigo e com a filha durante alguns minutos na enfermaria, enquanto lhe dei peito pela primeira vez. Parece estranho mas, quando lá cheguei, não estava cansada e passei a noite inteira a olhar para Ela. Completamente aturdida, sentia-me a dona do Mundo e senti que tinha ganho a “coisa” mais espantosa da minha vida… :heart: :heart:
Sinto-me feliz por uma série de motivos: por ser Mãe de uma criança tão linda, por ter vencido todos os meus medos e por ter feito algo que nunca julguei ser capaz. Ah! E pelo Pai da Luísa ser o Homem que é…
Cerca de uma semana antes do parto comecei a perder rolhão mucoso. Após ter sido vista na Maternidade e ter falado com a GO fiquei a saber que só teria que me preocupar quando saísse rosado e tivesse contracções.
Sábado, dia 5, numa ida ao WC, ao limpar-me notei corrimento rosado no papel higiénico e julguei estar a ver mal. Depois de falar com o Marido lá vamos nós para Coimbra e, por acaso, a minha GO estava de serviço. Depois de fazer o toque apenas me disse que “ainda está muito fresca”. Nem sequer mencionou quantos centímetros de dilatação tinha.
Domingo, dia 6, logo ao acordar, sinto moinhas tipo período e, quando fui ao WC, noto uma ranhoca rosada e bastante abundante. Fiquei de todas as cores… :w00t: Tínhamos almoço combinado com um casal amigo que foi prontamente desmarcado pelo Marido porque, segundo ele, tinha chegado o dia. Por um lado também pensava o mesmo, por outro pensava que devia haver engano…
Durante o dia fui sentindo as contracções mais regulares mas nada que não se pudesse aguentar. Só tomei o pequeno-almoço. Não me apeteceu ingerir mais nada durante o dia, a não ser água. Optei por ficar em casa. Ora me deitava, ora me levantava e me punha a andar pela casa mas para mim era ponto assente que, para o Hospital, não iria fazer nada. Quando começaram a ficar mais dolorosas apeteceu-me tomar um banho de imersão de água bem quente. Deitei-me e, após outra contracção com um intervalo menor, voltei para o banho, desta vez duche. Pedi ao R. para me dar jactos de água bem quente junto à zona lombar. Só me sentia bem no banho com os jactos de água quente.
Numa altura em que fiquei sozinha interiorizei que tinha chegado mesmo a hora e desatei a chorar. Os sentimentos contraditórios que me tinham acompanhado em toda a gravidez continuavam e só tive dois pensamentos na altura: aplicar um Microlax e pedir a Deus que tudo corresse bem.

Depois de o R. jantar, perguntou-me se não seria melhor ir à Maternidade (estava com contracções de 10 em 10 minutos). Disse-lhe que sim mas que não se preocupasse com a louça pois lavava-se quando viessemos! :BangHead: Curiosamente, coindidiu com uma altura em que as dores se tornaram menos intensas. Cheguei a Coimbra sem qualquer sobressalto por volta das 21h30.
A médica que estava de serviço não era a minha. Após ter feito o toque, esboça um sorriso e diz “Esta linda está com 6 cm de dilatação e vai ficar internada” :crying: Pensei que a mulher estivesse com algum tipo de alucinação e disse que não podia ser, ainda estava de pouco tempo. Entretanto, conduzem-me para uma outra sala e eu só queria o Marido ao pé de mim (tinha ficado na inscrição). Aí seria para me administrar o clister e vir “O Barbeiro de Sevilha” mas eu já estava precavida. Queria era o Marido comigo e não sabia dele! :w00t: Quando vou no elevador para o 2º andar desejei que o mesmo parasse ou que a contagem estivesse enganada porque ainda não me tinha mentalizado bem do que viria pela frente...
Cerca das 23h, colocam-me num quarto, à média luz, com música ambiente e, entretanto, aparece a enfermeira do clister com o R. e diz para ficar um bocadinho comigo sozinho e para estarmos à vontade. Acalmou-me, teve uma conversa comigo que talvez devesse ter tido durante a gravidez, disse-me que iria doer um bocadito lol mas que era por uma boa causa pois íamos ter a nossa menina connosco. Fui ao WC as vezes que quis, sentei-me no banco destinado ao marido, a cada contracção respirava fundo e, de alguma forma, procurava alívio nas músicas que passavam.
Quando me senti cansada deitei-me e chamei uma enfermeira. Entretanto, a sala foi-se compondo (ficam 3 enfermeiros) e o enfermeiro parteiro fez o toque e estava com 7 cm de dilatação. Disse-me que tinha evoluído pouco e que quem iria ter uma parto sem epidural também aguentava sem oxitocina. Isto com um sorriso da parte dele, enquanto só me apetecia esganá-lo. Isto cerca das 0h. Lembro-me de terem falado do início do ano lectivo, de as enfermeiras falarem em unhas de gel (nunca vou chegar a perceber o que estiveram lá a fazer tanto tempo…) e de ter “passado pelas brasas”.
Quando acordei, cerca da 1h30, novo toque e a dilatação não tinha evoluído. Então, puseram-me a oxitocina. As contracções foram tornando-se insuportáveis mas nunca perdi o controle. De repente, a enfermeira que iniciou a conversa das unhas de gel, que de bruta tinha tudo!, rompe-me a bolsa das águas. Até vi estrelas! Mudam lençóis, colocam CTG e dizem-me que sempre que sentisse uma contracção para ir fazendo força para não sobrecarregar.
Tinha o marido do meu lado direito e a bruta do lado esquerdo. O parteiro pisca-me o olho e diz “dê com toda a força!”. O marido segurava na cabeça, cada vez que vinha um puxão. Aqui, é que vi o que eram dores a sério! Chamei por todos os santinhos e mais alguns, pedi cesariana, chamei pela minha Mãe (como se me valesse alguma coisa) e, de repente, o parteiro diz que já se vê a cabeça e pergunta se o R. quer ver. Foi a única fase em que fiquei sem ele ao lado. A cabeça custou a passar mas o parteiro ia-me incentivando e massajando para ajudar. Depois surgem os ombros e ainda mais força!! Lembro-me de chegar a essa altura e dizer que não ser capaz de prosseguir de tão exausta que estava. O R. diz-me “Chegaste até aqui e não tens mais força?!” Os enfermeiros também me deram apoio, inspirei, enchi-me de força e nasceu a Luísa! Ela fez-se ouvir bem… Colocaram-ma ao colo durante alguns minutos e foi mágico, absolutamente mágico!
Enquanto era cosida devido a um pequeno rasgo, o parteiro dizia-me que, daqui a dois anos, me queria fazer outro parto para ver se ainda tinha tanto medo.

Lamento não ter fotos do momento em que nasceu. Não deixaram entrar telemóveis nem máquinas fotográficas. Pude ter o marido comigo e com a filha durante alguns minutos na enfermaria, enquanto lhe dei peito pela primeira vez. Parece estranho mas, quando lá cheguei, não estava cansada e passei a noite inteira a olhar para Ela. Completamente aturdida, sentia-me a dona do Mundo e senti que tinha ganho a “coisa” mais espantosa da minha vida… :heart: :heart:
Sinto-me feliz por uma série de motivos: por ser Mãe de uma criança tão linda, por ter vencido todos os meus medos e por ter feito algo que nunca julguei ser capaz. Ah! E pelo Pai da Luísa ser o Homem que é…

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