Viva,
Venho aqui deixar o relato do meu parto na Maternidade Júlio Dinis para partilhar a minha boa experiência com as outras mamãs do fórum e na esperança que sirva para esclarecer alguma mamã da mesma forma que os outros relatos que li aqui também me esclareceram e ajudaram
Então foi assim...
No passado dia 8 de Março tive o meu tão esperado positivo ( o 3º, tenho já 2 princesas em casa ) e mais ou menos desde as 16 semanas ( senão mesmo antes ) que tenho tido falsas contrações, sempre foram motivo de conversa nas consultas de rotina mas nunca me incomodaram nem nunca achei que fossem deamasiadas e regulares ( coisa que a médica me pedia para vigiar ). No entanto chegou a um ponto em que a médica me receitou o magnésio, mas as contrações continuaram, a dose de magnésio aumentou e a indicação para vigiar e recorrer às urgências se fosse necessário foi reforçada. Às 35 semanas fui mesmo às urgências por causas das contrações e fiquei de baixa com a indicação de repouso. Entretanto, nas ecografias que fiz no 3º trimestre detectou-se que o feto estava peqenino, isto foi o que levou a médica a decidir que após as 37 semanas parasse com o magnésio porque "era mesmo para nascer"!! A médica era de opinião que sem o magnésio o trabalho de parto se iria iniciar espontaneamente e eu já tinha 3 cm de dilatação sem sequer dar por isso! Quem sabe, sabe e no dia a seguir à consulta das 37 semanas e após ter parado com o magnésio comecei com contrações regulares ( e chatas, assim a modos que a avisar o que aí vinha... ) por volta das 11...as contrações mantiveram-se regulares de 10 em 10 minutos e cada vez mais chatas! mas lá consegui tomar um duche e almoçar.
Tinha também sido detectada a presença do strepto coiso e eu tinha de fazer antibiótico quando se iniciasse o trabalho de parto, por isso a recomendação que tinha era que não me demorasse muito em casa quando suspeitasse que tinha entrado em trabalho de parto...avisei o marido que estava na hora, pagamos nos sacos e lá fomos...sem muitas certezas mas pelo sim pelo não...
Agora o que interessa mesmo ( o testamento lá trás era só uma introdução ):
Chegamos à MJD por volta das 14:30, até me chamarem foram pelo menos uns 40 minutos , quando fui finalmente à triagem avisei que tinha contrações regulares e com dor e tinha o "bicharoco", a médica que me viu avisou que iria fazer o CTG para confirmar as contrações e caso se confirmassem ficava já internada para dar tempo a tomar o antibiótico, lá fui fazer o CTG, com contrações registadas, claro! entretanto veio ter comigo outra médica para dar início ao processo de internamento ( aí deu-me um friozinho na barriga...estava quase... ) nesta altura aconteceu uma coisa pouco correcta penso eu e já relatada por outras mamãs aqui do fórum: faz parte do processo de internamento a mãe assinar uma declaração a atestar que concorda com o parto com analgesia ( epidural ) e com a intervensão com ventosas, forceps caso a equipa médica entenda necessário ( não me recordo se incluía a cesariana...) e eu pensei "então estou eu aqui com contrações, com dores e tenho de assinar isto a quente?!" - o que vale é que eu já conhecia este procedimento senão estavam a pedir-me que decidisse uma coisa importantissíma num momento em que não estava com certeza nas melhores condições...mas pronto...adiante...
Depois de feito o CTG mandaram-me novamente para a sala de espera até que fosse chamada para o núcleo de partos, mais 30 minutos de espera...quando me vieram buscar perguntaram como é habitual se tinha acompanhante, lá expliquei que estava a caminho com os sacos, fomos subindo e a enfermeira que me recebeu ( curiosamente uma das enfermeiras que também me acompanhou à quase 3 anos atrás no nascimento da minha filha mais nova ) mandou despir, vestir a linda bata e aplicar clister ( dispensava-se...mas também não agrada a ideia de por cá fora o bébé e ainda o resto... ) e esperar que ainda não havia quarto disponível...
Mais 30 minutos de espera...
Entretanto chega o meu marido, fica com as minhas coisas para colocar num cacifo e com o saco com as coisas para mim e para o bébé para a sala de partos. Por esta altura o toque que a médica me tinha feito nas urgências já estava a fazer efeito e as dores começavam a apertar...
Fui então para um quarto onde a enfermeira abriu ficha, fez mais algumas perguntas ( morada, idade, religião?!, etc ), a médica fez mais um toque ( 3 para 4 cm ) e deu indicação para me darem a 1ª dose do antibiótico ( intravenoso), ligaram-me ao CTG e fizeram ainda mais um toque (eu ainda tentei reclamar: "outro?! mas ainda agora me fizeram um!!", não adiantou, como resposta obtive um bem disposto "ah, nós aqui somos assim, é para ver se este parto avança"), neste já bufei bem...e aqui começou a minha confusão quanto à forma como as médicas e enfermeiras esperavam que o parto decorresse...por um lado faziam-me toques para dar uma ajudinha e diziam com ânimo que estava a avançar bem, por outro avisavam que se calhar ia ser necessário empatar um bocadinho para ter tempo de levar a 2ª dose do antibiótico ( a 1ª foi às 17 e a 2ª seria às 21 ).
Finalmente pude ir para a sala de partos para levar a epidural ( viva a epidural!! ) e aguardar o desenvolvimento do trabalho de parto na companhia do meu marido que já estava em pulgas à minha espera, nesta altura ainda fui pelo meu pé, mas já não andava propriamente, ia-me arrastando quando o meu marido me viu perguntou "então rapariga??" - "já não tenho idade para isto..."
A médica que administrou a epidural era extremamente simpática, fomos conversando, ela explicou como ia fazer, o que deveria sentir em cada fase, que se tivesse contrações devia avisar para ela interromper o procedimento. Eu estava sentada na cama, dobrada sobre um almofada e não custou quase nada, apenas um ligeiro desconforto e depois o sossego
O tempo foi passando calmamente, as médicas e enfermeiras que iam entrando e saindo, iam fazendo alguns toques, curiosamente desta vez não estiveram estagiários (não sei se é este o termo correcto) presentes, a dilatação ia avançando mas a bolsa de águas matinha-se íntegra, conseguia sentir as contrações mas sem dor
Por volta das 19 a médica voltou e ouvi a enfermeira a relembrar que eu estava a fazer horas para o antibiótico, nesta altura a dilatação era já de 10 cm, era uma sensação esquisita, eu juntava os joelhos e parecia que tinha uma bola no meio das pernas! mas como a bolsa de águas ainda não tinha rebentado e o bébé continuava cá em cima o parto estava parado...
Às 19:45 a coisa levou uma volta...o CTG disparou e a enfermeira verificou que já não conseguiam registar os batimentos cardíacos do bébé, foram uns minutos muito estranhos, depois da máquina ter disparado eu senti o bébé mexer, mas o que é certo é que toda a gente começou a entrar na sala com muita pressa, a falar entre eles de forma urgente e sem nos explicarem nada, aplicaram-me uma algália para esvaziar a bexiga, colocaram-me oxigénio, administraram-me o antibiótico mesmo antes do tempo, passou-se tudo de forma muito rápida e ao mesmo tempo pareceu uma eternidade, não me cheguei a assustar, acho que bloquei e por ter sentido o bébé a mexer depois da máquina ter deixado de registar batimentos cardíacos também me fez confiar que estava tudo bem...afinal ouço tantos relatos de CTG que não funcionam da melhor maneira...mas pelo canto do olho consegui ver o meu marido sentado com a cabeça entre as mãos...ainda não falamos sobre isso...tudo a seu tempo...
Depois de me esvaziarem a bexiga e reposicionarem o sensor lá se ouviu o bébé outra vez e aí sentiu-se o ambiente a desanuviar, a enfermeira explicou que por ter a bexiga cheia e por o bébé ter descido muito o CTG tinha deixado de conseguir registar os batimentos cardíacos mas que estava tudo bem
Com esta reviravolta e com o antibiótico tomado o parto estava mesmo no fim, tudo pronto para nascer o meu rebento menos a bolsa de águas que se mantinha firme e hirta !! A pediatra pegou numa agulha de tricôt ( não sei o nome técnico mas é exactamente uma agulha de tricôt ) e avisou que quando rebentasse a bolsa de águas eu podia puxar porque o bébé estava pronto para nascer, o problema é que me tinham dado um reforço da epidural ( sem necessidade achava eu porque apesar de sentir as contrações eram perfeitamente suportáveis ) eu tinha deixado de ter sensibilidade da cintura para baixo, mas é que não sentia nadinha mesmo !!. Avisei que tinha que puxar por instinto porque não sentia nada mas a médica insistiu que não fazia mal que puxasse de qualquer das formas, rasgou a bolsa e mandou "puxe mãe" e eu puxei e o meu pimpolho nasceu ouvi-as a dizer "já está aqui, já nasceu" e a médica só com uma mão (não teve tempo de enfiar a outra luva, depois fartaram-se de brincar com isso ) pô-lo em cima de mim, o meu feijãozinho, todo melado, pequenino, redondinho e a berrar desalmadamente!! ( acho que nunca mais chorou assim! )
continua...
Venho aqui deixar o relato do meu parto na Maternidade Júlio Dinis para partilhar a minha boa experiência com as outras mamãs do fórum e na esperança que sirva para esclarecer alguma mamã da mesma forma que os outros relatos que li aqui também me esclareceram e ajudaram
Então foi assim...
No passado dia 8 de Março tive o meu tão esperado positivo ( o 3º, tenho já 2 princesas em casa ) e mais ou menos desde as 16 semanas ( senão mesmo antes ) que tenho tido falsas contrações, sempre foram motivo de conversa nas consultas de rotina mas nunca me incomodaram nem nunca achei que fossem deamasiadas e regulares ( coisa que a médica me pedia para vigiar ). No entanto chegou a um ponto em que a médica me receitou o magnésio, mas as contrações continuaram, a dose de magnésio aumentou e a indicação para vigiar e recorrer às urgências se fosse necessário foi reforçada. Às 35 semanas fui mesmo às urgências por causas das contrações e fiquei de baixa com a indicação de repouso. Entretanto, nas ecografias que fiz no 3º trimestre detectou-se que o feto estava peqenino, isto foi o que levou a médica a decidir que após as 37 semanas parasse com o magnésio porque "era mesmo para nascer"!! A médica era de opinião que sem o magnésio o trabalho de parto se iria iniciar espontaneamente e eu já tinha 3 cm de dilatação sem sequer dar por isso! Quem sabe, sabe e no dia a seguir à consulta das 37 semanas e após ter parado com o magnésio comecei com contrações regulares ( e chatas, assim a modos que a avisar o que aí vinha... ) por volta das 11...as contrações mantiveram-se regulares de 10 em 10 minutos e cada vez mais chatas! mas lá consegui tomar um duche e almoçar.
Tinha também sido detectada a presença do strepto coiso e eu tinha de fazer antibiótico quando se iniciasse o trabalho de parto, por isso a recomendação que tinha era que não me demorasse muito em casa quando suspeitasse que tinha entrado em trabalho de parto...avisei o marido que estava na hora, pagamos nos sacos e lá fomos...sem muitas certezas mas pelo sim pelo não...
Agora o que interessa mesmo ( o testamento lá trás era só uma introdução ):
Chegamos à MJD por volta das 14:30, até me chamarem foram pelo menos uns 40 minutos , quando fui finalmente à triagem avisei que tinha contrações regulares e com dor e tinha o "bicharoco", a médica que me viu avisou que iria fazer o CTG para confirmar as contrações e caso se confirmassem ficava já internada para dar tempo a tomar o antibiótico, lá fui fazer o CTG, com contrações registadas, claro! entretanto veio ter comigo outra médica para dar início ao processo de internamento ( aí deu-me um friozinho na barriga...estava quase... ) nesta altura aconteceu uma coisa pouco correcta penso eu e já relatada por outras mamãs aqui do fórum: faz parte do processo de internamento a mãe assinar uma declaração a atestar que concorda com o parto com analgesia ( epidural ) e com a intervensão com ventosas, forceps caso a equipa médica entenda necessário ( não me recordo se incluía a cesariana...) e eu pensei "então estou eu aqui com contrações, com dores e tenho de assinar isto a quente?!" - o que vale é que eu já conhecia este procedimento senão estavam a pedir-me que decidisse uma coisa importantissíma num momento em que não estava com certeza nas melhores condições...mas pronto...adiante...
Depois de feito o CTG mandaram-me novamente para a sala de espera até que fosse chamada para o núcleo de partos, mais 30 minutos de espera...quando me vieram buscar perguntaram como é habitual se tinha acompanhante, lá expliquei que estava a caminho com os sacos, fomos subindo e a enfermeira que me recebeu ( curiosamente uma das enfermeiras que também me acompanhou à quase 3 anos atrás no nascimento da minha filha mais nova ) mandou despir, vestir a linda bata e aplicar clister ( dispensava-se...mas também não agrada a ideia de por cá fora o bébé e ainda o resto... ) e esperar que ainda não havia quarto disponível...
Mais 30 minutos de espera...
Entretanto chega o meu marido, fica com as minhas coisas para colocar num cacifo e com o saco com as coisas para mim e para o bébé para a sala de partos. Por esta altura o toque que a médica me tinha feito nas urgências já estava a fazer efeito e as dores começavam a apertar...
Fui então para um quarto onde a enfermeira abriu ficha, fez mais algumas perguntas ( morada, idade, religião?!, etc ), a médica fez mais um toque ( 3 para 4 cm ) e deu indicação para me darem a 1ª dose do antibiótico ( intravenoso), ligaram-me ao CTG e fizeram ainda mais um toque (eu ainda tentei reclamar: "outro?! mas ainda agora me fizeram um!!", não adiantou, como resposta obtive um bem disposto "ah, nós aqui somos assim, é para ver se este parto avança"), neste já bufei bem...e aqui começou a minha confusão quanto à forma como as médicas e enfermeiras esperavam que o parto decorresse...por um lado faziam-me toques para dar uma ajudinha e diziam com ânimo que estava a avançar bem, por outro avisavam que se calhar ia ser necessário empatar um bocadinho para ter tempo de levar a 2ª dose do antibiótico ( a 1ª foi às 17 e a 2ª seria às 21 ).
Finalmente pude ir para a sala de partos para levar a epidural ( viva a epidural!! ) e aguardar o desenvolvimento do trabalho de parto na companhia do meu marido que já estava em pulgas à minha espera, nesta altura ainda fui pelo meu pé, mas já não andava propriamente, ia-me arrastando quando o meu marido me viu perguntou "então rapariga??" - "já não tenho idade para isto..."
A médica que administrou a epidural era extremamente simpática, fomos conversando, ela explicou como ia fazer, o que deveria sentir em cada fase, que se tivesse contrações devia avisar para ela interromper o procedimento. Eu estava sentada na cama, dobrada sobre um almofada e não custou quase nada, apenas um ligeiro desconforto e depois o sossego
O tempo foi passando calmamente, as médicas e enfermeiras que iam entrando e saindo, iam fazendo alguns toques, curiosamente desta vez não estiveram estagiários (não sei se é este o termo correcto) presentes, a dilatação ia avançando mas a bolsa de águas matinha-se íntegra, conseguia sentir as contrações mas sem dor
Por volta das 19 a médica voltou e ouvi a enfermeira a relembrar que eu estava a fazer horas para o antibiótico, nesta altura a dilatação era já de 10 cm, era uma sensação esquisita, eu juntava os joelhos e parecia que tinha uma bola no meio das pernas! mas como a bolsa de águas ainda não tinha rebentado e o bébé continuava cá em cima o parto estava parado...
Às 19:45 a coisa levou uma volta...o CTG disparou e a enfermeira verificou que já não conseguiam registar os batimentos cardíacos do bébé, foram uns minutos muito estranhos, depois da máquina ter disparado eu senti o bébé mexer, mas o que é certo é que toda a gente começou a entrar na sala com muita pressa, a falar entre eles de forma urgente e sem nos explicarem nada, aplicaram-me uma algália para esvaziar a bexiga, colocaram-me oxigénio, administraram-me o antibiótico mesmo antes do tempo, passou-se tudo de forma muito rápida e ao mesmo tempo pareceu uma eternidade, não me cheguei a assustar, acho que bloquei e por ter sentido o bébé a mexer depois da máquina ter deixado de registar batimentos cardíacos também me fez confiar que estava tudo bem...afinal ouço tantos relatos de CTG que não funcionam da melhor maneira...mas pelo canto do olho consegui ver o meu marido sentado com a cabeça entre as mãos...ainda não falamos sobre isso...tudo a seu tempo...
Depois de me esvaziarem a bexiga e reposicionarem o sensor lá se ouviu o bébé outra vez e aí sentiu-se o ambiente a desanuviar, a enfermeira explicou que por ter a bexiga cheia e por o bébé ter descido muito o CTG tinha deixado de conseguir registar os batimentos cardíacos mas que estava tudo bem
Com esta reviravolta e com o antibiótico tomado o parto estava mesmo no fim, tudo pronto para nascer o meu rebento menos a bolsa de águas que se mantinha firme e hirta !! A pediatra pegou numa agulha de tricôt ( não sei o nome técnico mas é exactamente uma agulha de tricôt ) e avisou que quando rebentasse a bolsa de águas eu podia puxar porque o bébé estava pronto para nascer, o problema é que me tinham dado um reforço da epidural ( sem necessidade achava eu porque apesar de sentir as contrações eram perfeitamente suportáveis ) eu tinha deixado de ter sensibilidade da cintura para baixo, mas é que não sentia nadinha mesmo !!. Avisei que tinha que puxar por instinto porque não sentia nada mas a médica insistiu que não fazia mal que puxasse de qualquer das formas, rasgou a bolsa e mandou "puxe mãe" e eu puxei e o meu pimpolho nasceu ouvi-as a dizer "já está aqui, já nasceu" e a médica só com uma mão (não teve tempo de enfiar a outra luva, depois fartaram-se de brincar com isso ) pô-lo em cima de mim, o meu feijãozinho, todo melado, pequenino, redondinho e a berrar desalmadamente!! ( acho que nunca mais chorou assim! )
continua...
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