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O meu parto

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  • O meu parto

    Cá está o relato do meu parto, no Hospital de Santa Maria, entre as 4h30 do dia 19 e as 4h28 do dia 20 de Março, hora em que veio ao mundo a minha princesa.

    No Domingo tínhamos feito as 41 semanas e continuávamos sem qualquer sinal, convencidos de que na manhã seguinte lá íamos à tal última consulta, na qual seria marcada indução para a 3ª ou 4ª feira.
    Mas nessa madrugada, por volta das 2h30 quando me levantei para ir pôr comida na nossa gatinha, senti um corrimento maior do que o normal, ao ponto de ficar com as cuequinhas todas molhadas. Pensei que seria logo perda de líquido, mas como não tinha a certeza, pus em prática aquilo que tinha aprendido no curso. Mesmo assim, liguei para as urgências do HSM para que me dissessem se era melhor dirigir-me ao hospital ou não.
    E assim fomos, chegámos às urgências de obstetrícia às 4h30, depois de banho tomado, algumas arrumações de última hora e uma saída de casa diferente, achando já que nem tão cedo voltaria.


    Não estava ninguém, por isso fui logo vista pela enfermeira que estava de serviço. Ela não viu nenhuma perda de líquido e segui para CTG. Lá estive deitada durante algum tempo, com os batimentos cardíacos da Inês normais, mas sem quaisquer sinais de contracções. Só faltava ser vista por um médico, mas como entretanto surgiram outros casos urgentes, tive de esperar. Por volta das 6h30 fui vista então pelo Dr. Samuel, o mesmo médico que nos tinha feito a ecografia do 1º trimestre. Ao ver-me não conseguiu confirmar a rotura de bolsa amniótica e fez-me uma ecografia. Aí concluiu que eu não tinha tanto líquido como seria de esperar e visto que faltavam apenas 2h para a consulta e umas 24h ou pouco mais para uma indução, o melhor era ficar já ali e tratar do assunto naquele mesmo dia.
    Depois de alguns papéis preenchidos e assinados, depois de ter mudado de roupa para a roupa do hospital, por volta das 7h subi em cadeira de rodas para o piso 6, do bloco de partos. O meu marido não pode ir comigo e lá fui eu para uma das salas de dilatação, onde fiquei logo deitada com soro.


    Tiraram-me sangue para análise e pouco depois veio uma médica obstetra, a Dra. Inês, senhora já mais velha e de poucas palavras, com uma equipa de médicos novatos a reboque, fazer-me o toque... e que toque. Até trepei paredes e tiveram de me agarrar quase como no filme do "Exorcista". Tinha apenas 2 dedos de dilatação e ela confirmou a rotura de bolsa. Única palavra dela... oxitocina!
    Essa suposta hormona do amor lá veio e pouco depois já estava a fazer efeito. O meu marido veio ter comigo por volta das 9h, já eu estava com algumas contracções. De início aguentava-se bem, mas foram aumentando de intensidade e diminuindo de frequência e por volta das 12h já eu tinha pedido e estava a levar a epidural. O meu marido teve de sair novamente.
    Doeu, sim doeu e sou piegas. Estava nervosa e tremia por todos os lados o que não facilitou. Sentei-me curvada na beira da cama, agarrada à almofada, primeiro um spray frio, depois uma agulha para dar uma anestesia local e depois a tal agulha mais grossa para colocar o cateter. Não estavam a conseguir e eu estremecia de cada vez que tentavam metê-la, mas felizmente a médica anestesista era a Dra. Filipa Lança e apareceu-me com uma seringa com qualquer coisa branca que me deu no cateter do soro. Disse que ía ficar tonta por uns momentos e assim foi. Tonta e completamente relaxada... não sei o que foi aquilo mas foi uma maravilha (provavelmente um relaxante muscular). O resto da epidural já não custou tanto e pouco depois já não sentia nada de contracções.
    Tive de esperar umas horas para que o meu marido pudesse voltar para junto de mim e o tempo custava a passar. Tinha sono mas não conseguia dormir.
    Perto das 16h já o efeito da epidural estava a passar e rapidamente voltaram as contracções dolorosas (muito dolorosas) e frequentes (de minuto a minuto). Foi assim o resto do tempo. O efeito da epidural passava rápido e os reforços não eram suficientes, portanto acabei por passar grande parte do tempo com dores.
    Volta e meia aparecia a Dra. Inês, ou um dos seus seus seguidores para me fazerem toques. A dilatação continuava muito lenta e estava a perder sangue.
    Ao final da tarde comecei a tremer imenso e percebi logo que vinha febre, que se confirmou mais tarde. Passei dos tremores de frio ao calor intenso e transpiração... 37,6ºC e antibiótico para a frente.
    Resumindo e concluindo, o resto do dia foi assim, dores horríveis, febre e uma evolução da dilatação que fazia prever que a Inês já não iría nascer naquele dia, o dia do pai. Foi o dia mais longo de toda a minha vida e o mais doloroso. Estava tão desmoralizada que só dizia que nunca mais ía querer ter filhos, nunca mais ía querer passar por isto. Nunca nada nos prepara para isto, nada do que aprendi nos cursos que fiz me ajudou, na altura quase tudo se esquece e pouco apliquei das respirações de cada vez que vinha uma contracção. A dor superava tudo até a minha capacidade de raciocinar.


    Só por volta das 24h é que cheguei aos 8 cm de dilatação e aos 10 cm às 2h30, altura em que me levaram para a sala de partos. Aqui as contracções mudaram de figura. Não era tanto a dor mas uma vontade enorme de fazer força.
    Tudo preparado na sala de partos, à espera ainda que chegasse a médica obstetra que me ía fazer o parto, a Dra. Joana, estava sozinha com o meu marido e já eu estava a fazer força nas posições que a enfermeira me tinha indicado. Quanto mais força fazia, mais vontade tinha de fazer e doía-me tudo. Pouco depois veio a médica e chegou à conclusão que estava na hora. Continuei a fazer muita força, ela dizia-me que estava quase e que conseguia ver a cabeça da Inês. fazia forças umas atrás das outras e nada, estava a ficar muito cansada, sem fôlego e com uma dor no peito. Continuava a fazer forças de seguida, mas volta e meia tinha de parar, não conseguia e era só o que eu gritava, que não conseguia... estava a desesperar. A enfermeira Filipa carregava-me na barriga para empurrar a Inês e eu sentia e Dra. Joana a cortar lá em baixo, foi horrível!
    Já tinham passado quase 2h e era preciso tomar medidas mais extremas. Em vez da enfermeira Filipa, chamaram para ajudar um médico de cor com mãos enormes e fez-se uso da ventosa. Num momento coordenado, de muito mais força ainda da minha parte (como se fosse possível), ventosa na cabecinha da Inês e um exagero de empurrão na minha barriga por parte desse médico, lá se deu o nascimento, precisamente às 04h28. Foi uma sensação esquisita, saiu de repente e senti tudo a abrir. Puseram logo a Inês em cima de mim e estava tão atordoada que nem estava a perceber bem o que estava a acontecer. Só vi uma coisinha toda roxa, enrugada e suja a chorar imenso que estava ali à minha frente. O meu marido cortou o cordão umbilical e foi feita a recolha das células estaminais.
    Levaram-na para dentro para limpar e voltou logo para o meu lado enquanto a médica me cozia. Quase 1h em corte e costura. Doeu mais uma vez. Nestas longas 24h nem sei o que doeu mais e acho que não me vou queixar mais da próxima vez que for ao dentista. Com isto tudo senti-me um pouco mal, a tensão desceu imenso e estive quase a desmaiar.


    A Inês ainda voltou para dentro para serem feitos alguns testes, pesava 3,580 kg e foi ter comigo já no recobro. Neste caso, recobro igual a maca no corredor do pisos dos partos. Aí foi feita a primeira tentativa de amamentação, mas sem sucesso pelo facto de ter mamilos invertidos. Levaram-na novamente para lhe darem um suplemento e ela não ter fome. Entretanto o meu marido teve de ir embora definitivamente e trouxeram-me uma sandes de queijo e um chá para me alimentar... a última coisa que tinha comido foi em casa uma barra de cereais antes de sair para o hospital. A Inês voltou para o meu lado e eu ficava a olhar para ela... esta era a minha filha? Esta era aquela que me fazia coisas dentro da barriga e mexia muito? Estava parva e meio atordoada com isto tudo, não sei explicar bem, mas comecei a adorá-la de imediato.


    Às 7h30 desci para o piso de baixo onde ficaria internada. Fui para um quarto de 4 camas e lá ficámos até ao dia 22, dia em que tivemos alta. Noites sem dormir, tentativas de amamentação frustradas, cólicas da parte da Inês e dores da minha parte. Tinha perdido muito sangue e estava com uma grande anemia, ao ponto de ter levado uma transfusão de sangue. Os pontos todos que tinha também estavam a doer.
    Mas pronto, agora já estamos em casa, olho para trás e penso que se calhar, pela minha filha fazia tudo de novo. Tem sido um amor crescente de minuto a minuto, inexplicável mesmo.
    Esta foi a minha experiência de parto.
    __________________________________________________ ______________________________
    Depois de 3 anos a tentar, 2 anos na IVI com 5 ttt's e 4 estrelinhas no céu, finalmente consegui!!!
    - O meu blog -


  • #2
    Muitos parabéns, mamã e Inês!!! Todas as dores se esquecem quando temos os nossos bebés ao colo, finalmente. Desejo também uma rápida recuperação e muita felicidade

    Beijinhos


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    • #3
      Parabéns mamã!
      Adorei ler-te e saber que apesar do sofrimento estás feliz.
      E sim, quando olhamos para o nosso filho pela 1ª vez questionamo-nos "então eras tu que me davas pontapés?" e é uma sensação esquisita, porque nãos os conhecemos. Mas depois este amor vai crescendo de dia para dia e torna-se enorme!
      Espero que esteja tudo bem e que consigas estabelecer a amamentação. Já disse noutro tópico, mas volto a frisar: a minha Mafalda mamou até aos 18 meses sempre com mamilos de silicone da Medela. Nunca lhe consegui dar peito sem os ditos e nunca pegou no biberão ou chupeta.
      Qualquer dúvida dispõe!
      Beijocas para ti e para a Inês *
      Um blogue feito a pensar na minha pulguinha: www.feijocazita.blogspot.com

      A minha doce afilhada: a Pipa já é mamã de uma doce Inês! **

      Sócia n.º 111 - Amamentação



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      • #4
        Muitos, muitos parabens Pipa!

        Foi complicado, mas agora tens a tão esperada Inês contigo! Quanto à amamentação, acredita em ti e na tua filha... e tudo correrá bem!

        Mama de 2h em 2h máx de 3h em 3h, a contar desde o inicio da mamada! Mudar fralda, beliscar os pézinhos, despir, palmadinhas nas costas para arrotar, vale tudo para os mantermos acordados... quanto mais mamar mais leitinho vais ter!

        E acredita que problemas com a amamentação, maiores ou menores, todas temos... seja 1ª, 2ª ou 3ª viagem!

        Beijocas e muitas felicidades

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        • #5
          Ui, não foi fácil, mas já está a passar certo?? Espero que tenhas uma rápida e pacífica recuperação

          Também me lembro de algumas das sensações que descreves, uma delas é "Bolas, eu devia estar tolinha para me ter metido nisto!!!" e olha, essa sensação passa e passado uns tempos começamos a olhar para o nosso rebento e a pensar "E arranjar-te um mano não era boa ideia??"
          No 1º parto também estiveram para cima de uma hora a coser-me, irra, custou mais do que o parto em si! e os toques, ui, ui, mas tudo vai ficando para trás, fica na memória mas a dor passa

          beijinhos


          A felicidade completa

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          • #6
            Querida Pipa,
            Esse parto foi difícil e durou bem mais de 24h. Agora já está: goza muito a tua bebé, que esses dias passam a correr. Um grande beijinho às duas
            KellyPT
            Nov 2010: exames pré-natais (polipose do endométrio); 15Fev2011: histeroscopia cirúrgica; 26Jul2011: miomectomia + histeroscopia cirúrgica; Agosto a 30Dez2011: pausa nos treinos (pílula); 9Mar2012: POSITIVO

            O meu príncipe, Miguel, chegou a 29 de Outubro de 2012




            Orgulhosa madrinha das minhas queridas S. e TelmaGD
            Madrilhada da muito especial Angie

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            • #7
              Pipa, as dores passam rápido e fica uma pequena memória das mesmas. O melhor de tudo é o que tu tens nos braços. Parabéns.
              B«jocas
              dp

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              • #8
                Que coisa linda de ler!

                Custou, mas agora tens um tesouro nos braços! É maravilhosa a sensaçao de os conhecer pela primeira vez.

                Parabens, parabens, parabens!

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                • #9
                  Muito obrigada!
                  __________________________________________________ ______________________________
                  Depois de 3 anos a tentar, 2 anos na IVI com 5 ttt's e 4 estrelinhas no céu, finalmente consegui!!!
                  - O meu blog -

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