Só agora vi o post, tamb+em estive um período ausente...
A minha mãe faleceu há 3 anos, de cancro, num espaço de tempo de 2 meses.
Foi avassalador saber que a ia perder, foi uma contagem decrescente que partilhei aqui, se soubesse linkar fazia-o para leres, mas não sei.
Depois do choque inicial convenci-me de que teria de lhe dar o melhor de mim e dos meus (marido e filho) durante aquele período, para que partisse em bem.
Nunca consegui admitir a morte como opção perante a minha mãe, apesar dela ter dito desde que soube que tinha cancro que não ia sobreviver. Eu sabia, todos sabiamos, mas era tabu. Admitir a perda, a morte a quem está vivo é muito complicado... Só na véspera de morrer eu falei abertamente com ela, mas ela estava drogada com morfina, ouviu-me mas não conseguiu falar, só levantar um pouco os braços, para dar sinal de que me tinha acompanhado na conversa.
Foi uma coisa natural dar força aos outros. Ao meu marido, que estava de rastos, ao meu irmão, cunhada, pai. Nunca pensei que ela morresse, nunc se pensa na morte de quem se ama quando estão bem... de repente estava a morrer, de repente morreu.
As pessoas falavam comigo e eu tinha de lhes dizer que não havia solução, que estava espalhado por muitos orgãos, etc, etc, a conhecidos, amigos, familiares, ainda hoje encontro quem não saiba...
Os meus olhos não tinham lágrimas, o meu coração não tinha noção do que se passava, estava ocupado a curar a dor alheia.
Passei por uma fase extremamente lógica nessa altura e foi essa racionalidade que me permitiu ultrapassar a fase próxima da morte.
Com o tempo a passar a coisa custa mais. Na altura tu pensas que foi o melhor para ela, com o tempo a passar tornas-te egoísta e pensas então no melhor pata ti, e esse melhor era tê-la cá. Era falar de tudo, ouvir bons conselhos, rir, abraçar, amar como só se consegue na maternidade (e agora que somos mães sabemos isso ainda melhor), incondicionalmente, conhecer a outra só pelo olhar...
A vida é dura sem mãe.
ngravidei novamente, tenho uma menina de 3m, além do de 5A, um marido que me ama, trata bem e estima, emprego estável, uma casa bonita, carro, mas... não tenho mãe.
As pequenas coisas do dia-a-dia, as grandes coisas que acontecem de vez em quando já não são as mesmas, falta a partilha com a pessoa que mais nos conhece no mundo, tirando um filho, deve ser a maior perda...
Passei por uma fase em tudo o que me corria mal (sou uma pessoa optmista, mas pequenos contratempos acontecem a todos) era visto de forma mais grave por não ter mãe. Incoscientemente penava que se a minha mãe fosse viva falaria com ela e via as coisas com outraluz, ela não era muito positiva com ela, mas sabia dar-me bons conselhos e uma boa perspectiva das coisas. Senti muito a sua falta, quando me deitava as lágrimas corriam pela minha cara. No outro dia não era nada, boa cara e faz de conta.
A fase passou, com auto-controlo. Agora ainda sinto uma grande perda e para mim o tempo não curou, abriu a ferida, Simplesmente aprendi a lidar com essa dor, com a sua ausência e a relativizar...
Às vezes preciso de chorar, e choro. Desabafo, depois mlehoro, recupero forças.
Nunca pensei "ai, porquê a minha mãe?", nunca me senti revoltada. Aceitei porque não havia outra forma, não era a minha revolta que ia dar-lhe mais tempo de vida. Virei as minhas energias para a ajudar e hoje olho para trás com orgulho, não podia ter feito mais por ela do que aquilo que fiz. Isso dá-me tranquilidade, paz de espírito.
Desde a sua morte que a sua opinião continua a ser escutada por mim, eramos próximas e sei o que acharia disto ou daquilo e, quando tenho dúvidas, paro um pouco e pergunto-me o que pensaria a minha mãe. Assim, parece que ainda recebo os seus conselhos, que ainda a tenho por cá... Prolongo a sua existência em mim...
Custa-me muito que ela e a neta não se conheçam, iam dar-se bem, e a minha mãe iria fazer-lhe imensos vestidos, como fazia para mim... Iamos ser todos (ainda) mais felizes...
Mas tento relativizar, tenho uma vida feliz, ela faz-me falta, mas quando não há remédio, remediado está... ela ia gostar que eu seguisse a minha vida da melhor forma, o teu pai também, é isso que tento fazer diariamente, é isso que tens de ter em mente.
A nossa vida continua...
Um grande beijinho, se precisares, masnda PM.
Carmen
A minha mãe faleceu há 3 anos, de cancro, num espaço de tempo de 2 meses.
Foi avassalador saber que a ia perder, foi uma contagem decrescente que partilhei aqui, se soubesse linkar fazia-o para leres, mas não sei.
Depois do choque inicial convenci-me de que teria de lhe dar o melhor de mim e dos meus (marido e filho) durante aquele período, para que partisse em bem.
Nunca consegui admitir a morte como opção perante a minha mãe, apesar dela ter dito desde que soube que tinha cancro que não ia sobreviver. Eu sabia, todos sabiamos, mas era tabu. Admitir a perda, a morte a quem está vivo é muito complicado... Só na véspera de morrer eu falei abertamente com ela, mas ela estava drogada com morfina, ouviu-me mas não conseguiu falar, só levantar um pouco os braços, para dar sinal de que me tinha acompanhado na conversa.
Foi uma coisa natural dar força aos outros. Ao meu marido, que estava de rastos, ao meu irmão, cunhada, pai. Nunca pensei que ela morresse, nunc se pensa na morte de quem se ama quando estão bem... de repente estava a morrer, de repente morreu.
As pessoas falavam comigo e eu tinha de lhes dizer que não havia solução, que estava espalhado por muitos orgãos, etc, etc, a conhecidos, amigos, familiares, ainda hoje encontro quem não saiba...
Os meus olhos não tinham lágrimas, o meu coração não tinha noção do que se passava, estava ocupado a curar a dor alheia.
Passei por uma fase extremamente lógica nessa altura e foi essa racionalidade que me permitiu ultrapassar a fase próxima da morte.
Com o tempo a passar a coisa custa mais. Na altura tu pensas que foi o melhor para ela, com o tempo a passar tornas-te egoísta e pensas então no melhor pata ti, e esse melhor era tê-la cá. Era falar de tudo, ouvir bons conselhos, rir, abraçar, amar como só se consegue na maternidade (e agora que somos mães sabemos isso ainda melhor), incondicionalmente, conhecer a outra só pelo olhar...
A vida é dura sem mãe.
ngravidei novamente, tenho uma menina de 3m, além do de 5A, um marido que me ama, trata bem e estima, emprego estável, uma casa bonita, carro, mas... não tenho mãe.
As pequenas coisas do dia-a-dia, as grandes coisas que acontecem de vez em quando já não são as mesmas, falta a partilha com a pessoa que mais nos conhece no mundo, tirando um filho, deve ser a maior perda...
Passei por uma fase em tudo o que me corria mal (sou uma pessoa optmista, mas pequenos contratempos acontecem a todos) era visto de forma mais grave por não ter mãe. Incoscientemente penava que se a minha mãe fosse viva falaria com ela e via as coisas com outraluz, ela não era muito positiva com ela, mas sabia dar-me bons conselhos e uma boa perspectiva das coisas. Senti muito a sua falta, quando me deitava as lágrimas corriam pela minha cara. No outro dia não era nada, boa cara e faz de conta.
A fase passou, com auto-controlo. Agora ainda sinto uma grande perda e para mim o tempo não curou, abriu a ferida, Simplesmente aprendi a lidar com essa dor, com a sua ausência e a relativizar...
Às vezes preciso de chorar, e choro. Desabafo, depois mlehoro, recupero forças.
Nunca pensei "ai, porquê a minha mãe?", nunca me senti revoltada. Aceitei porque não havia outra forma, não era a minha revolta que ia dar-lhe mais tempo de vida. Virei as minhas energias para a ajudar e hoje olho para trás com orgulho, não podia ter feito mais por ela do que aquilo que fiz. Isso dá-me tranquilidade, paz de espírito.
Desde a sua morte que a sua opinião continua a ser escutada por mim, eramos próximas e sei o que acharia disto ou daquilo e, quando tenho dúvidas, paro um pouco e pergunto-me o que pensaria a minha mãe. Assim, parece que ainda recebo os seus conselhos, que ainda a tenho por cá... Prolongo a sua existência em mim...
Custa-me muito que ela e a neta não se conheçam, iam dar-se bem, e a minha mãe iria fazer-lhe imensos vestidos, como fazia para mim... Iamos ser todos (ainda) mais felizes...
Mas tento relativizar, tenho uma vida feliz, ela faz-me falta, mas quando não há remédio, remediado está... ela ia gostar que eu seguisse a minha vida da melhor forma, o teu pai também, é isso que tento fazer diariamente, é isso que tens de ter em mente.
A nossa vida continua...
Um grande beijinho, se precisares, masnda PM.
Carmen
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