Boa tarde a todas.
Nunca escrevi sobre esta fase da minha vida, acho que vai ser terapeutico.
Votei a favor e já estava a ver que nunca mais chegava este dia a Portugal. Acho que todos os argumentos a favor já foram aqui enumerados...
Eu fiz um aborto aos 16 ou 17 anos e nessa altura não havia o apoio médico e com condições. Fiquei com medo, principalmente por conhecer casos de mulheres que depois de fazerem um aborto nunca mais conseguiram ter filhos.
Na altura estudava e andava com um rapaz que não imaginava estar ao lado dele no futuro. Ele não queria que eu abortasse, mostrou ser uma pessoa bastante carinhosa e responsavel mas mesmo assim eu sabia que a minha vida não seria a mesma coisa. Era uma aluna aplicada, optimas notas etc e tal. Nem era a questão de ter que interromper as minhas saidas com as amigas, fins de semana fora, liberdade....Era mesmo por não querer ser mãe tão jovem com os estudos para acabar e a ideia de ter um filho na mesma casa em conjunto com os meus pais aterrorizava-me. Não queria de modo algum viver as custas dos meus pais, pedir-lhes mil e um favores em termos economicos por exemplo. Obviamente que eles iriam aceitar um neto mas seria uma vida infeliz . O rapaz em questão também estudava e os pais dele não poderiam ajudar pois eram doentes.
A saída que encontrei foi ir a farmacia comprar aqueles comprimidos que supostamente se usam via oral mas que neste caso usa-se atraves da vagina. Fui para casa e passei 3 ou 4 dias a sangrar, sangrar...Felizmente não tive dores e tudo correu bem. Depois marcei consulta com uma genecologista particular ver se estava mesmo tudo normal e mais uma vez, felizmente estava tudo ok.
Naquela altura senti que tinha feito o que deveria ter sido feito. Estava gravida de 10 semana penso eu. A falha foi a falta de apoio psicologico.
Como foi tudo em casa, e agora desculpem mas preciso mesmo de escrever isto, na altura da expulsão eu vi tudo. Tudo. Tudo. Bebé, placenta, cordão umbiical. Tudo. E aí...Sozinha a ter que ver isto assim...E ainda por cima a ser despejado no lixo, sitio tão inglório...Sou uma pessoa muito cientifica, prática, sei que melhor assim do que dar-lhe uma vida má, que não era feto ainda...Mas o meu coração ainda aperta quando penso nestes episódios.
Fiquei muito feliz quando soube que agora as mulheres têm o acompanhamento que merecem. Que não ficam sozinhas em casa para passar por isto. Que há equipas de psioclogos preparados para falar com estas mulheres. Ajuda muito.
Agora sou mãe de um rapaz de 17 meses. Gravidez optima, parto igualmente bom. Olho para ele com uma felicidade imensa, sabendo que agora sim, fui mãe com as condições certas. Tanto financeiramente como emocionalmente. Conheço raparigas da mesma idade que são optimas mães mas eu não seria. Ainda era imatura para tal papel, talvez me tornaria daquelas mães que depositam os filhos nos pais a toda a hora para ir passear...Olho para trás e não me arrependo.
Fico é muito mais aliviada por saber que agora as mulheres têm um poder de escolha. São devidamente acompanhadas, o aborto é realizado em sitios próprios com todas as condições.
Se voltasse atrás provavelmente faria tudo da mesma maneira.
Um beijo e abrigada a quem leia isto... se alguem ler hehe. Mas de facto resultou, aliviou-me um pouco a tensão
Nunca escrevi sobre esta fase da minha vida, acho que vai ser terapeutico.
Votei a favor e já estava a ver que nunca mais chegava este dia a Portugal. Acho que todos os argumentos a favor já foram aqui enumerados...
Eu fiz um aborto aos 16 ou 17 anos e nessa altura não havia o apoio médico e com condições. Fiquei com medo, principalmente por conhecer casos de mulheres que depois de fazerem um aborto nunca mais conseguiram ter filhos.
Na altura estudava e andava com um rapaz que não imaginava estar ao lado dele no futuro. Ele não queria que eu abortasse, mostrou ser uma pessoa bastante carinhosa e responsavel mas mesmo assim eu sabia que a minha vida não seria a mesma coisa. Era uma aluna aplicada, optimas notas etc e tal. Nem era a questão de ter que interromper as minhas saidas com as amigas, fins de semana fora, liberdade....Era mesmo por não querer ser mãe tão jovem com os estudos para acabar e a ideia de ter um filho na mesma casa em conjunto com os meus pais aterrorizava-me. Não queria de modo algum viver as custas dos meus pais, pedir-lhes mil e um favores em termos economicos por exemplo. Obviamente que eles iriam aceitar um neto mas seria uma vida infeliz . O rapaz em questão também estudava e os pais dele não poderiam ajudar pois eram doentes.
A saída que encontrei foi ir a farmacia comprar aqueles comprimidos que supostamente se usam via oral mas que neste caso usa-se atraves da vagina. Fui para casa e passei 3 ou 4 dias a sangrar, sangrar...Felizmente não tive dores e tudo correu bem. Depois marcei consulta com uma genecologista particular ver se estava mesmo tudo normal e mais uma vez, felizmente estava tudo ok.
Naquela altura senti que tinha feito o que deveria ter sido feito. Estava gravida de 10 semana penso eu. A falha foi a falta de apoio psicologico.
Como foi tudo em casa, e agora desculpem mas preciso mesmo de escrever isto, na altura da expulsão eu vi tudo. Tudo. Tudo. Bebé, placenta, cordão umbiical. Tudo. E aí...Sozinha a ter que ver isto assim...E ainda por cima a ser despejado no lixo, sitio tão inglório...Sou uma pessoa muito cientifica, prática, sei que melhor assim do que dar-lhe uma vida má, que não era feto ainda...Mas o meu coração ainda aperta quando penso nestes episódios.
Fiquei muito feliz quando soube que agora as mulheres têm o acompanhamento que merecem. Que não ficam sozinhas em casa para passar por isto. Que há equipas de psioclogos preparados para falar com estas mulheres. Ajuda muito.
Agora sou mãe de um rapaz de 17 meses. Gravidez optima, parto igualmente bom. Olho para ele com uma felicidade imensa, sabendo que agora sim, fui mãe com as condições certas. Tanto financeiramente como emocionalmente. Conheço raparigas da mesma idade que são optimas mães mas eu não seria. Ainda era imatura para tal papel, talvez me tornaria daquelas mães que depositam os filhos nos pais a toda a hora para ir passear...Olho para trás e não me arrependo.
Fico é muito mais aliviada por saber que agora as mulheres têm um poder de escolha. São devidamente acompanhadas, o aborto é realizado em sitios próprios com todas as condições.
Se voltasse atrás provavelmente faria tudo da mesma maneira.
Um beijo e abrigada a quem leia isto... se alguem ler hehe. Mas de facto resultou, aliviou-me um pouco a tensão
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