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Fiz uma IVG

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  • Fiz uma IVG

    Venho aqui deixar o meu testemunho, que espero que de alguma forma possa contribuir para ajudar muitas mulheres que se encontrem na dúvida de realizar ou não uma IVG.

    Tenho 32 anos e sou profissional de saúde. Não sou contra o aborto, respeito as mulheres que o fazem, mas sinceramente nunca me imaginei a faze-lo.

    Sempre tomei a pílula mas em Janeiro deixei de tomar, pois como fazia infecçoes urinárias frequentes andava sempre a tomar antibioticos e antes que tivesse alguma surpresa, deixei de a tomar e eu e o meu namorado passamos a usar apenas o preservativo. Em julho voltei a tomar a pilula e convictos de que estava tudo a funcionar bem, não nos preocupamos em usar outro metodo contraceptivo. Agora, olhando para trás,apercebo-me que tinha todos os sintomas de uma gravidez, que na altura me passaram completamente desapercebidos, porque não estava a contar engravidar tomando a pílula. Só começei a suspeitar quando chegou o dia de retomar a toma da pílula após a semana de descanso e o periodo não me apareceu. Fiz um teste e... estava gravida! O mundo caiu me aos pés, até porque eu e o meu namorado tinhamos decidido separarmo nos e dar um tempo. Por um lado fiquei feliz, porque há já muito tempo que sentia vontade de ser mãe mas por outro, o facto de estar a morar e a trabalhar longe da familia, sozinha, de o meu contrato de trabalho estar a terminar e não saber se iriam renovar, o facto do pai do meu bebe estar a trabalhar em Lisboa e só nos vermos aos fins de semana e nos irmos separar, tornava tudo muito dificil. Por comum acordo, decidimos que racionalmente, a IVG era a solução.

    Fiz a consulta prévia no centro de saúde e na semana seguinte estava marcada a IVG no hospital. Foi uma semana muito dificil porque no meu coração desejava muito este bébe mas sabia que as condições para o criar não seriam as que eu tinha planeado. No dia da consulta, no caminho para o hospital, pedia desculpas a Deus por um acto tão egoísta, pedia desculpas ao meu bebe que ia tirar e prometi-lhe que um dia, se Deus me perdoasse e permitisse, iria criar um filho com todo o amor do mundo. O meu namorado foi comigo á consulta, como aliás sempre esteve presente em todo o processo e foi um grande pilar para mim.

    Ao chegar, só me ria e chorava ao mesmo tempo, porque a tensao, o medo e os nervos eram muitos . Foi complicado estar á espera para fazer uma IVG sentada ao lado de mulheres grávidas, muitas delas mais novas que eu. Sentia uma tristeza e angustia enormes, mas tinha decidido ir em frente. Na consulta, ao ver a ECO vi o meu bébe de 8 semanas, a forma da cabeça e o bater do coração. As lágrimas escorriam me pela cara e quando a médica me deixou sozinha para me acabar de vestir, o meu namorado foi ter comigo e eu apontei para o ecrã e disse-lhe: "aquele é nosso bebe". No momento em que tive o comprimido na mão, meti-o na boca mas não fui capaz de o engolir. Entre lágrimas cuspi-o e disse que nao era capaz de fazer aquilo naquela dia. Ficou entao marcada nova consulta para daí a uma semana.

    Escusado será dizer que foi mais uma semana emocionalemente desgastante. Estavamos divididos entre o desejo de ter e as dificuldades todas que se nos apresentavam pela frente e mais uma vez ponderamos tudo e voltamos a decidir pela IVG. No dia em que estava marcado, fomos á consulta e desta vez eu ia mais determinada mas nem por isso custou menos. Tomei o comprimido num impulso, sem pensar muito, porque sabia que se o fizesse nao ia conseguir ir em frente. A partir daí, deixei de ver e de ouvir, porque as lágrimas enchiam-me os olhos. Estava feito e não havia volta a dar.Nessa noite não dormi, rezei muito a Deus e ao meu bebe para que me perdoassem. Senti me uma pessoa fria e má. Dois dias depois completei o tratamento com as prostagladinas e tive dores terríveis. Mas o que mais me custou foi mesmo a tomada do primeiro comprimido. A semana passada fui á consulta de follow up.



    No entanto nao deixo de pensar e de imaginar como seria o meu bébe. Fisicamente custa um bocado mas é no psicologico que fica a marca maior. Sei que sempre me lembrarei deste dia e do momento em que tirei a vida a um ser vivo que crescia dentro de mim e pelo qual se sente um amor e uma ligaçao que vem de não sei onde.



    O conselho que dou a quem esteja na duvida em fazer uma IVG é o de pensarem muito bem se realmente o querem fazer, pois é um acto de violencia muito grande contra nós mesmas. Mas se acharem que é o melhor dadas as circunstancias, nao corram riscos desnecessários. Informem-se o mais que puderem sobre todo o procedimento, quais as consequencias, a forma de actuaçao dos medicamentos. Perguntem nos vossos centros de saude e se não vos souberem responder, pesquisem por voces mesmas, pois o mais provavel é que a unica coisa que vos digam é que é uma coisa simples e com dores "um bocadinho maiores do que as do periodo". Isso não é verdade! Como eu já sabia, as prostagladinas que depois se tomam servem apenas para provocar as contracções para expulsao do conteudo uterino e são contracçoes muito fortes, semelhantes ás do trabalho de parto. Também é provavel que nao vos digam que podem ter diarreias ou vomitar na altura, mas saó coisas que podem acontecer e que me aconteceram a mim. Não tenham medo de perguntar nada, peçam o contacto telefonico do serviço onde foram atendidas caso tenham duvidas depois em casa. Solicitem apoio psicologico, se acharem que precisam. O apoio psicologico é um direito que a mulher tem ao fazer uma IVG, não só no periodo de reflexão apos a primeira consulta, mas ao longo de todo o processo e mesmo depois. E não estejam sozinhas. Peçam o apoio do pai do criança e se ele nao quiser estar presente, falem com um familiar com quem tenham mais confiança ou uma amiga para que possam estar acompanhadas, porque sao momentos muito duros e dificeis e as coisas podem nem sempre correr bem.

    Aos homens que leem este testemunho, sejam responsaveis e não abandonem a mãe do vosso filho numa altura destas, porque é nesta altura que ela mais precisa de apoio e compreensão. Lembrem-se que podem ter uma irmã, prima ou familiar e de certeza não gostariam que o mesmo lhes acontecesse. Lembrem-se que é uma parte de vocês que ela carrega ali dentro.



    Sei que haverão muitas mulheres que nao entendem mas esta é uma decisão que acredito que nenhuma mulher toma de animo leve. Deixa sempre uma marca para toda a vida na alma de quem o faz. Mas quem o faz, tem as suas proprias razoes e motivos para tomar essa decisão.

  • #2
    RE: Fiz uma IVG

    Olá Cindy_32,



    (fico feliz por, apesar de alguns tópicos mais acesos, aqui na secção da IVG, ainda haverem mulheres que usam este espaço para desabafar.. porque essa é a melhor utilidade que este espaço pode ter, tentar ajudar e apoiar quem infelizmente teve de passar por isso )



    Acho que dentro de um certo limite de semanas, é apenas um processo biológico, que nenhuma mulher se deve culpabilizar para o resto da vida por ter interrompido. Se teve razões para isso, se pensou no bem-estar da criança, no que a criança MERECE e não vai obter (como um pai presente, boas condiçoes economicas, etc), então, porquê a culpa? É assim tão dificil perceber que em alguns casos, é a mulher que faz a IVG a boa da fita? Para mim não é... e o preço por ter sido a boa da fita, as vezes, é bastante caro.



    A seguir à IVG vem o passo seguinte, a pessoa estar bem resolvida psicologicamente.. para seguir em frente com a vida, e ser mãe quando for a altura certa para isso.


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    • #3
      RE: Fiz uma IVG

      ps: queria apenas acrescentar, que as perguntas que faço no meu post não são dirigidas a ti Cindy_32, são perguntas no geral.. não sei se me expliquei bem.



      Beijinho e um abraço muito forte..

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      • #4
        RE: Fiz uma IVG

        Eu entendi, linda!!! E obrigado pela forçinha... Cada dia que passa, é mais uma luta que travo, mas acredito que nada melhor que o tempo para cicatrizar esta ferida.



        Beijinhos

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        • #5
          RE: Fiz uma IVG



          Olá Cindy,





          Eu tenho uma interpretação muito espiritual da vida, faz sentido para mim que enquanto almas tenhamos que passar por diversas provações apenas pelo benefício do processo de cura. Se fizer parte do teu caminho, enquanto alma, aprender a perdoares-te, que outro modo haveria mais eficaz senão viveres uma situação em que sentes culpa? Talvez seja essa a proposta que a vida te faz neste momento. Seja qual for o propósito, deve ser aceite, porque tanto é violenta uma IVG como a dor psicológica que lhe segue. A dor serve um propósito, indicar o caminho para o que temos que mudar.



          Numa IVG nas circunstâncias da tua ou numa perda gestacional, acho que há um projecto de vida que volta para trás, que compreende e aceita que não é ainda o momento. Ainda há um pouco mais de caminho até que faça sentido que surja de novo a vida. Acho que é apenas isto.

          Não me consigo identificar com aquela abordagem dura e fatídica que durante séculos e séculos várias instituições dominadas essencialmente por homens, e em nome das suas interpretações da palavra de Deus, associou o aborto a tirar a vida, matar, etc, reduzindo-o a um acto egoísta, e com isso fizeram pesar ainda mais o sentimento de culpa das mulheres (cujo papel supostamente se resumia a ter filhos e apoiar os maridos). Bem basta a angústia de ter que desistir do apelo da maternidade.



          E concordo que uma criança tem direito a nascer num projecto de vida estruturado, num lar estabilizado e que os pais estejam fisica e mentalmente disponíveis para lhe dar todo o amor.



          Como mulher, sou solidária com a tua decisão e dito por alguém que não teve que passar por essa difícil situação, acho que é um acto de coragem.



          Fico-te grata por partilhares aqui o teu testemunho, fizeste-me sentir moralizada por saber que há mulheres que tomam para si, com toda a legitimidade, o poder de decidir sobre o seu corpo, a sua fertilidade e a sua vida.



          Um abraço!






          Olha mãe, a lua! Está redonda e branca... podes ir lá pintá-la?

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          • #6
            RE: Fiz uma IVG

            Cindy_32 (20-10-2010)Cada dia que passa, é mais uma luta que travo, mas acredito que nada melhor que o tempo para cicatrizar esta ferida.


            Concordo contigo, o tempo é um grande mestre.








            Olha mãe, a lua! Está redonda e branca... podes ir lá pintá-la?

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            • #7
              RE: Fiz uma IVG



              Olá Cindy,



              Venho deixar-te o meu desejo de que ultrapasses esta fase da melhor maneira possivel, sempre com muita força, e acima de tudo agradecer-te o testemunho, pois para além de demonstrares um acto de coragem e força enorme vens também ajudar em muitas dúvidas que existem com a tua experiencia, principalmente no que diz respeito à forma de agir não s´antes mas também depis.



              Obrigado!!!



              Beijo e Força
              Patrícia Lopes

              1º Filho:
              Pedro --» 04 de Junho de 2006 --» 51cm e 3250kg

              2º Filho:
              Positivo --» 18 de Agosto de 2012

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              • #8
                Olá...

                Consigo entender um pco o k sentes... Sempre fui a favor da despenalização do aborto pois acredito que a mulher deve ser dona do seu corpo e k uma criança só deve nascer se for acolhida, amada e protegida... Mas sempre disse que EU jamais abortaria...

                No entanto... Estive quase a fazê-lo... Com um menino de 3 anos acabado de entrar para a pré, eu pronta pa começar e trabalhar e muitos problemas financeiros... eu e o meu marido achámos que ñ dava pa criar outro bebé...

                Só eu sei o k sofri cá dentro ao tomar essa decisão... Só eu sei o que senti quando fui à clinica dos Arcos, em Lisboa para a 1ª consulta... aquela frieza... o ter k entrar sozinha... ver os rostos destroçados de outras mulheres... ver a eco do nosso bebé... um bebé que é impossível ñ amar... pk é nosso, mas de quem estamos a abdicar... ninguém entende como uma mulher sofre...

                Acabei por desistir... ñ fui capaz... e ainda bem pois acho k cairia num poço bem fundo de onde seria mt dificil sair... Mas passar por isto fez-me ver as coisas de outra forma e passei a sentir-me mt mais compreensiva e solidária para as mulheres que passam por isto...

                O M. nasceu a 3 de Maio, saudavel e lindo... O mano mais velho tem reagido mt bem e é louco de amor pelo pikeno... São ambos crianças mt, mt amadas... ñ tem sido fácil... ando cansada, abatida e os problemas sucedem-se... mas agora é-me impossível imaginar a minha vida sem os meus piolhos... e acredito k fiz o certo e k tudo se resolverá...

                No teu caso acho k devias procurar apoio junto da algum familiar e/ou amigo pois estás obviamente a precisar... e se ñ chegar procura acompanhamento médico...

                Da minha parte aqui fica a minha forçinha e um beijinho...

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                • #9
                  Obrigada pelo testemunho Cindy e desejo-te as maiores felicidades.
                  Ao ler o teu relato é mesmo como me sinto, não consigo mas sei q é o mais correcto, é uma dor e tortura muito grande.
                  Força para ti e parabens pela coragem
                  Beijinhos

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                  • #10
                    Fiquei muito emocionada com o teu testemunho. Achei muito útil...sinceramente ainda há tempos achava que estava gravida, e tinha uma bebe de três meses na altura e não fazia a minima ideia de onde me dirigir caso quisesse interromper, nem do procedimento...nada...nada mesmo...e alias como estava a tomar cerazzete, quando me aconselhei no centro de saude disseram que era normal com a pílula e que não tinha de fazer teste nem preocupar-me a menos que houvesse sintomas...fiquei pior porque, na gravidez da minha Lia só tive sintomas por altura dos 3 meses, e tive o resultado aos 4...Alem disso nem me sentia sequer a vontade para falar disso a minha medica...imagino o raspanete que não levava, nem por fazer a interrupção ou estar a linear fazê-la, mas sim por ter engravidado. E fui muito cuidadosa, só comecei a ter relações sem protecção com o eu marido após dois meses de pílula e do nada o período dá de fuga durante uma data de tempo...uma pessoa fica a toa. E depois já cansam relatos de mulheres abandonadas ao saberem que estavam gravida, da vontade de agarrar nesses homens e dar-lhes tantas mas tantos que nem soubessem de onde vieram nem onde nasceram, até ganharem juízo. Realmente o mundo para eles é visto com muita simplicidade..adorava que a ciência arranjasse maneira de serem eles a engravidar...meu Deus, iam aprender mesmo bem a lição quando estivessem na sala de partos ou a meio de uma interrupção da gravidez...uma muito boa lição. E muitas vezes acontece mesmo na família dele se e ainda acham que tem razão em darem para espertos e opinar se sobre a mulher deve ou não ter o filho... Deviam passar pelo mesmo e ter uma mulher ao lado sempre a dizer "bla bla eu não assumo, e eu isto e eu aquilo e tens de abortar...". Abram os olhos. Que golpes qual quê...? não é só a mulher que compete tomar a pílula, por-vos o preservativozinho e mastigar a papinha toda antes de vocês comerem...se não querem ter filhos, certifiquem-se que o preservativo que carregam no bolso é sempre usado...se desconfiam nem deixem as mulheres comprarem-nos, para se certificarem que não estão furados ou isso...mas usem sempre preservativo por amor de Deus, que ninguém vos dá golpes nenhuns. Se a mulher quiser ter o vosso filho, a menos que tenham alguma gravação do dia em que ela engravidou em que provem que foram violados, e impossível não assumirem um filho...isso era no século quinze para ai...agora, vai-se para tribunal e o papa se for papa só tem é de assumir quer queira quer não...Desculpem mas uma pessoa lê com cada coisa...mete-me raiva que haja homens assim. Graças a Deus tive sorte. Quando achávamos que estava gravida, ele disse-me logo que era melhor abortar mas deixou claro que a decisão era minha e não se pôs com represálias.






                    http://www.youtube.com/watch?v=ma9I9VBKPiw

                    http://www.youtube.com/watch?v=P3VJgkLSFws

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                    • #11
                      Olá, Cindy_32.
                      Peço desculpa ao fim de tanto tempo vir reavivar o seu tópico e a sua dor, mas o que passou assemelha-se muito ao que estou a passar agora.
                      Estou numa relação há 5 anos, vivemos juntos há 3. Somos felizes. No entanto, a situação de trabalho ainda está precária, portanto somos responsáveis e temos muito cuidado, pois só prevemos ter possibilidades de ser pais daqui a 3 anos, pelo menos.

                      Mudei de pílula em outubro de 2012, a conselho da médica. Sempre a tomei religiosamente. Inclusivamente tenho o lembrete diário no telemóvel, para ter a certeza que não me esqueço dela. O período devia-me ter vindo, como habitualmente, na semana de intervalo da pílula, no final de fevereiro. Mas desta vez não veio. Falei logo com a minha médica, que me sossegou, e disse que ao fim de vários anos isto pode acontecer (amenorreia). Mas eu tomo a pílula há 10 anos e isto nunca me tinha acontecido. Achei estranho, falei com o meu namorado, e ficámos inquietos. No dia anterior ao início da nova carteira, resolvemos fazer um teste, apenas para descargo de consciência. Deu-me logo um positivo bem marcado. Liguei à minha médica e no dia seguinte fui à maternidade. Estava grávida de 6 semanas e 3 dias. Já tinha inclusivamente tido o período depois de engravidar. E durante essas 6 semanas eu fumei normalmente, ocasionalmente bebi álcool, e tomei a pílula.

                      Devo dizer que o meu maior sonho é ser mãe. Mesmo. Ainda há pouco tempo tinha estado com o meu namorado a ver a secção de bebé da Primark, lamentando-nos por não ter ainda condições para ter um filho (e afinal já estava grávida sem saber). Muito a custo, tivemos de optar pela IVG. Não temos condições para criar um filho. Nem sequer íamos poder fazer a criopreservação. Não temos uma casa com condições. Nada.

                      Não fomos irresponsáveis. Eu nem sequer tomei antibióticos. Nada. A única coisa que fugiu à rotina foi ter arrancado um dente no dia em que comecei a carteira de janeiro (quando engravidei). Levei muita anestesia e tomei anti inflamatórios durante 2 semanas, que podem ter provocado transtornos gastro intestinais e eu nem me ter apercebido.

                      Fiz a IVG há 2 semanas e 1 dia. A minha médica aconselhou a medicamentosa, para não haver invasão no útero. Foi a pior decisão da minha vida. O meu namorado foi sempre comigo às consultas, e ainda bem que o tenho, porque se não fosse ele a segurar-me, não me ia aguentar. Tive de abdicar do meu maior sonho, e sinto que matei o meu filho, porque desde que descobri que estava grávida até ao dia da consulta, apesar de ter sido pouco tempo, eu nunca me sentia sozinha: era sempre eu e o meu pontinho, que eu vi mexer no ultrassom. Devido ao estado em que estava no dia da consulta, encaminharam-me para a psicóloga.

                      Desde aí e até agora, continuo com dores e hemorragias. Não perdi coágulos quase nenhuns. Esta semana tive nas urgências, onde viram que ainda tenho uns restos abortivos e demasiada dor ao toque. Receitaram-me antibiótico e anti inflamatório mais forte, e também xanax, porque desde que fiz a IVG que deixei de conseguir dormir. Deito-me, fecho os olhos, mas não consigo adormecer. Sinto-me fraca e cansada. Perdi todo o interesse por tudo, não me consigo concentrar em nada. Não me apetece estar com ninguém. Todos os dias me arrependo e me culpo. Por muito que o meu lado racional me diga que não tinha condições de dar uma vida feliz ao meu filho neste momento, o certo é que sinto que perdi parte de mim, e isto está a consumir-me por dentro.
                      Até evito sair de casa, porque há dias tive de ir ao shopping, um bebé riu-se para mim e eu comecei a chorar para ele. Não sei o que aquela mãe terá pensado de mim...
                      No próximo domingo vou voltar ao hospital, para ver se sairam os restantes restos, caso contrário terei de fazer uma curetagem. A médica aconselhou-me a voltar à psicóloga, para lidar com o que se está a passar.

                      Está a ser a fase mais difícil da minha vida. E já passei a dor de perder o meu pai com cancro, ao fim de 4 anos de luta e tratamentos. É a segunda vez que sinto este sentimento de perda, mas desta vez sinto-o com culpa. E tenho muito medo de não conseguir ultrapassar isto. Está a ser demasiado difícil...
                      Ultima edição por RVS; 22-03-2013, 20:58.

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