Bom dia mamãs,
Pensei muito se havia de abrir este tópico, uma vez que existem alguns semelhantes, mas sinto que vou precisar de trocar ideias, receber estímulos e apoio nos próximos meses e preciso de desabafar sem ser com alguém de família. Tentando resumir:
Sou mãe de 3 meninos - 14 anos, 2 anos e 4 meses - vivo com os dois mais novos, porque o mais velho foi estudar para Lisboa, vivo no campo, na casa onde sonhei, tenho uma família que me apoia em tudo, mas distante, tenho um ambiente óptimo para criar as crianças e tanto eu como o pai trabalhamos em casa.
O Ricardo - que faz esta quinta 2 anos - tem sido um menino calmo, bem disposto, com um excelente sentido de humor, atrasado no andar (17/18M) e na linguagem. Ele percebe tudo o que dizemos. Noutro dia, estava a "zangar-me" na brincadeira com o bebé e disse: "Ai a mãe daqui a bocado dá-te uma palmada" e ele desatou a bater na mesa. Ele percebe mesmo tudo, mas não diz nada. Canta, diz palavras que para nós nada significam e não as usa em contextos específicos, estilo "cacum" e repete, repete, tem ladainhas, termina a frase do anúncio do Pingo Doce desde cedo, e ri-se muito quando lhe canto ou faço rimas e inesperadamente troco o fim que ele estava à espera por outras palavras. É um menino afectuoso, embora não nos procure sem ser quando quer conforto ou se magoa ou tem sono. às vezes, não nos liga nenhuma e se está a brincar e eu o chamar dificilmente olha. Não liga muito ao irmão, embora se rie com crianças mais velhas do que ele. Adora desenhos animados e tem os seus preferidos. Tem uma vocação absolutamente estrondosa para fazer rodar objectos estilo pião. É capaz de fazê-lo com todos os objectos e depois fica a observar o movimento. Não tem muita queda para a pintura e prefere girar as canetas no chão. Adora jogar futebol com o pai ou comigo, não aponta para as coisas, mas vai buscá-las e quando quer que brinquemos com ele, dá-nos os objectos. Livros gosta de folhear, mas não consigo ter a atenção dele muito tempo para as histórias. Sempre gostou muito das suas rotinas. Por exemplo, se formos passar a noite fora, ele tem dificuldade em adaptar-se nessa primeira noite e faz birra. De há um mês para cá, tem um tique visual e chamo-lhe tique porque já li algumas coisas na net sobre isso, que começou primeiro a correr junto às paredes e a olhar de lado - em vez de em frente, pelo canto do olho. Agora, faz isso com tudo e constantemente, roda a cabeça e olha as coisas pelo canto do olho, é uma coisa que me impressiona muito, porque noto que já o faz inconscientemente e parece mesmo tontinho, além do perigo que representa para as cabeçadas. Na quinta-feira, o pediatra disse-nos que ele tinha de ir para a creche porque o desenvolvimento da fala e dos contextos sociais deveria ser o mais precoce possível, bem como prescreveu testes auditivos "potenciais evocados auditivos", largando-me assim a bomba: se não houver desenvolvimentos nos próximos 3 meses, teremos de ir com ele ao Dr Lobo Antunes para despistar doenças do espectro autista. Caiu-me tudo. Nós achamos que está tudo sempre bem com os nossos filhos, eu achava que essas características poderiam ser apenas traços de personalidade - o pai identifica-se muito com ele, por exemplo. O médico achou que ele era furtivo ao olhar e não nutria aparentemente muitos sentimentos pelo irmão, mas isto nas duas últimas consultas é que ele tem vindo a observar, sendo que à hora em que entramos no gabinete os miúdos estão estafados e com sono e não reagem a todas as brincadeiras.
Consegui arranjar uma escola, onde iniciou hoje, e alertei as educadoras para o problema da fala, apenas. Agora, todas as coisas que o menino faz eu fico permanentemente a analisar. Já sou, eu própria, particularmente ansiosa, e não sei como poderei ajudar o meu filho, caso se confirmem as suspeitas do médico. Sinto que isto é o início de uma batalha e já estou cansada. Não quero contar à família, porque ainda não passam de suspeitas, mas preciso desabafar com alguém. Sei que a ter algo, será algo leve e perfeitamente recuperável com o apoio certo, mas, como dizer, nunca estamos preparados para uma coisa destas. Tenho tanta vontade de protegê-lo, tenho tanto medo que sofra, que tenha tiques por estar ansioso ou nervoso - embora tenha lido que serviam para relaxar - tenho medo que o tratem de forma diferente, que o rotulem desde já, tenho tanto medo. Desculpem o testamento. Eu agradecia às mamãs que passaram pelo mesmo, por esta fase de dúvidas e anseios que me pudessem dar uma palavrinha, saber como se processa a despistagem, etc, etc.
Desde já, o meu muito obrigada.
Pensei muito se havia de abrir este tópico, uma vez que existem alguns semelhantes, mas sinto que vou precisar de trocar ideias, receber estímulos e apoio nos próximos meses e preciso de desabafar sem ser com alguém de família. Tentando resumir:
Sou mãe de 3 meninos - 14 anos, 2 anos e 4 meses - vivo com os dois mais novos, porque o mais velho foi estudar para Lisboa, vivo no campo, na casa onde sonhei, tenho uma família que me apoia em tudo, mas distante, tenho um ambiente óptimo para criar as crianças e tanto eu como o pai trabalhamos em casa.
O Ricardo - que faz esta quinta 2 anos - tem sido um menino calmo, bem disposto, com um excelente sentido de humor, atrasado no andar (17/18M) e na linguagem. Ele percebe tudo o que dizemos. Noutro dia, estava a "zangar-me" na brincadeira com o bebé e disse: "Ai a mãe daqui a bocado dá-te uma palmada" e ele desatou a bater na mesa. Ele percebe mesmo tudo, mas não diz nada. Canta, diz palavras que para nós nada significam e não as usa em contextos específicos, estilo "cacum" e repete, repete, tem ladainhas, termina a frase do anúncio do Pingo Doce desde cedo, e ri-se muito quando lhe canto ou faço rimas e inesperadamente troco o fim que ele estava à espera por outras palavras. É um menino afectuoso, embora não nos procure sem ser quando quer conforto ou se magoa ou tem sono. às vezes, não nos liga nenhuma e se está a brincar e eu o chamar dificilmente olha. Não liga muito ao irmão, embora se rie com crianças mais velhas do que ele. Adora desenhos animados e tem os seus preferidos. Tem uma vocação absolutamente estrondosa para fazer rodar objectos estilo pião. É capaz de fazê-lo com todos os objectos e depois fica a observar o movimento. Não tem muita queda para a pintura e prefere girar as canetas no chão. Adora jogar futebol com o pai ou comigo, não aponta para as coisas, mas vai buscá-las e quando quer que brinquemos com ele, dá-nos os objectos. Livros gosta de folhear, mas não consigo ter a atenção dele muito tempo para as histórias. Sempre gostou muito das suas rotinas. Por exemplo, se formos passar a noite fora, ele tem dificuldade em adaptar-se nessa primeira noite e faz birra. De há um mês para cá, tem um tique visual e chamo-lhe tique porque já li algumas coisas na net sobre isso, que começou primeiro a correr junto às paredes e a olhar de lado - em vez de em frente, pelo canto do olho. Agora, faz isso com tudo e constantemente, roda a cabeça e olha as coisas pelo canto do olho, é uma coisa que me impressiona muito, porque noto que já o faz inconscientemente e parece mesmo tontinho, além do perigo que representa para as cabeçadas. Na quinta-feira, o pediatra disse-nos que ele tinha de ir para a creche porque o desenvolvimento da fala e dos contextos sociais deveria ser o mais precoce possível, bem como prescreveu testes auditivos "potenciais evocados auditivos", largando-me assim a bomba: se não houver desenvolvimentos nos próximos 3 meses, teremos de ir com ele ao Dr Lobo Antunes para despistar doenças do espectro autista. Caiu-me tudo. Nós achamos que está tudo sempre bem com os nossos filhos, eu achava que essas características poderiam ser apenas traços de personalidade - o pai identifica-se muito com ele, por exemplo. O médico achou que ele era furtivo ao olhar e não nutria aparentemente muitos sentimentos pelo irmão, mas isto nas duas últimas consultas é que ele tem vindo a observar, sendo que à hora em que entramos no gabinete os miúdos estão estafados e com sono e não reagem a todas as brincadeiras.
Consegui arranjar uma escola, onde iniciou hoje, e alertei as educadoras para o problema da fala, apenas. Agora, todas as coisas que o menino faz eu fico permanentemente a analisar. Já sou, eu própria, particularmente ansiosa, e não sei como poderei ajudar o meu filho, caso se confirmem as suspeitas do médico. Sinto que isto é o início de uma batalha e já estou cansada. Não quero contar à família, porque ainda não passam de suspeitas, mas preciso desabafar com alguém. Sei que a ter algo, será algo leve e perfeitamente recuperável com o apoio certo, mas, como dizer, nunca estamos preparados para uma coisa destas. Tenho tanta vontade de protegê-lo, tenho tanto medo que sofra, que tenha tiques por estar ansioso ou nervoso - embora tenha lido que serviam para relaxar - tenho medo que o tratem de forma diferente, que o rotulem desde já, tenho tanto medo. Desculpem o testamento. Eu agradecia às mamãs que passaram pelo mesmo, por esta fase de dúvidas e anseios que me pudessem dar uma palavrinha, saber como se processa a despistagem, etc, etc.
Desde já, o meu muito obrigada.
Comentar