Olá a todas(os),
No meio de tanta confusão do "faz" e "não faz", tomei a inciativa de enviar a seguinte carta ao gabinete do Primeiro Ministro, do Presidente da Republica e da Ministra da Saúde.
Vou colocando aqui as respostas que vou recebendo.
"Exmo. Sr.(a)
Desde já peço desculpas pelo incómodo, mas de facto já não sei mais o que fazer a não ser questioná-lo! Aos meus 16 anos de idade foi-me detectada uma menopausa precoce. Fui observada e seguida na Maternidade Alfredo da Costa (MAC), inicialmente pelo Dr. Gervásio Costa em Ginecologia de Adolescentes e seguidamente pelo Dr. Tiago na consulta de Endocrinologia.
Este ano casei, a primeira questão e desejo de qualquer casal, é o ter filhos! Pois é, perante isto veio uma enorme angústia, falei com o Dr. Tiago que prontamente me enviou para a consulta de Infertilidade, novamente com o Dr. Gervásio. Eu e o meu marido fizemos os respectivos exames e chegou a altura de ouvir o que jamais alguém que deseja um filho quer ouvir, o Dr. Gervásio informou-nos que de facto o meu problema estava fora do âmbito deles ali na MAC, que apenas se iria resolver com uma Doação de Ovócitos/Gâmetas, pois os meus ovários não produzem ovócitos e que o Estado Português não comparticipa nem é feito em Entidades como a MAC ou qualquer outro hospital do sector público, apenas no sector privado e a “pagantes”.
O que é uma doação de ovócitos/gâmetas, o porquê de se ter que recorrer a ela e qual o seu desenvolvimento até ser concluída:
“A doação de ovócitos destina-se aos casais com as seguintes condições: a mulher não possui ovários, os ovários não produzem ovócitos, os ovócitos são geneticamente anormais, ou existe contra-indicação para hiper-estimulação hormonal. A taxa de gravidez por FIV/ICSI é de cerca de 45%.
Não deve haver obstáculos legais à doação de ovócitos em todos os centros de RMA, incluindo os Hospitais Públicos.
A estimulação da mulher dadora, a recolha dos óvulos e a fecundação são efectuadas como descrito para a FIV, utilizando o sémen do parceiro.
Na doação de ovócitos, efectua-se uma consulta com o casal para da mulher se recolherem os dados físicos e uma amostra de sangue, enquanto que o homem procede à colecta do sémen que de seguida é criopreservado. O centro procurará então uma dadora de ovócitos com as características genéticas similares à da mulher do casal infértil, uma procura segundo os processos de transplante e que pode demorar alguns meses (em média cerca de 6 meses).
Na doação de ovócitos, a recolha de ovócitos da dadora é efectuado por aspiração dos ovários após hiper-estimulação controlada do ovário. Cerca de 1 hora após a recolha, a dadora regressa ao seu domicílio em regime ambulatório. De seguida, os ovócitos da dadora são inseminados ou microinjectados com os espermatozóides do membro masculino do casal em tratamento. A cultura é então efectuada, e a transferência dos embriões para a paciente ocorre ao 3º ou ao 5º dia do desenvolvimento embrionário.
Não há, pois, lugar a qualquer possível cruzamento entre a dadora de ovócitos e o casal em tratamento. Por este motivo, nem na união europeia nem nos EUA existem Centros só para recolha de ovócitos de dadora. De outro modo, o custo acrescido na implantação de centros paralelos inviabilizaria todo o processo. Como os ovócitos são oriundos de jovens saudáveis, a taxa de gravidez é geralmente mais alta (40-50%).
Os critérios de selecção das dadoras de ovócitos são os seguintes:
-boa compleição física, bom quociente intelectual e nível elevado de educação.
-ausência de hábitos alcoólicos, tabágicos ou de consumo de drogas.
-ausência de malformações físicas, sensoriais e dos orgãos internos; de doenças genéticas; de doenças sistémicas (diabetes, hipertensão arterial, reumatismo, insuficiência renal, insuficiência hepática, etc); de situações neoplásicas; e de agentes infecciosos.
-ausência de malformações físicas, sensoriais e dos orgãos internos; de doenças genéticas; de doenças sistémicas; e de doença cancerosa na família directa.
Na doação de ovócitos efectua-se um emparelhamento físico e genético entre a dadora e a mulher infértil, de modo a serem o mais iguais possíveis, e incluem:
-grupo sanguíneo, raça, estatura, cor de pele, cor dos cabelos, cor dos olhos.
-no caso dos casais homosexuais, as opções são livres.
Este emparelhamento entre as características da dadora e as da paciente do casal permite actualmente que 80-95% das características genéticas maternas do bebé sejam similares às da mãe, incluindo o aspecto físico (são parecidos com a mãe do casal) e o sangue. Trata-se de uma compatibilização do tipo usado nos transplantes.
As dadoras são geralmente recrutadas em jovens universitárias (20-29 anos de idade) e a doação não é gratuita, pois obriga a uma hiper-estimulação controlada do ovário, anestesia e recolha (situação muito diferente da doação de sémen, em que basta uma masturbação). No entanto, como é uma doação benévola, o pagamento é simbólico e apenas cobre os riscos, as horas perdidas de trabalho, as deslocações e a medicação. Devido aos métodos actuais ainda não permitirem uma criopreservação eficiente de ovócitos, não há bancos de ovócitos mas apenas bancos de dados de doadoras potenciais. As dadoras de ovócitos são sempre dadoras anónimas.”
Pois é, como pode constatar é um método que apenas tem entre 40% a 50% de taxas de sucesso, tratamento esse que pode custar entre os 6000€ e os 9000€.
Na altura quando me informaram que não poderia fazer este tratamento na MAC, informaram-me também que o Estado estaria a providenciar comparticipações para estes tratamentos, mas até à data não se ouve falar em nada disto.
Como nós existem imensos casais nestas situações, que para poderem realizar um simples sonho individuam-se até mais não… Estes casos, são casos de saúde… No meu caso por exemplo e segundo o meu médico, o facto de não engravidar será o menos, porque eu com 25 anos de idade começarei com os mesmos problemas que uma mulher com 50 anos… Portanto, como o Sr. Eng. pode verificar existe toda uma pressão psicológica. Será que é tão difícil para o Estado ajudar casais como nós? Está na altura de fazer algo! Legislaram o aborto, gasta-se imenso dinheiro para tapar e remediar a falta de responsabilidade, de cabeça ou devaneios de algumas mulheres e para estes casos não chega?!
Como cidadã que sou, gostaria de lhe pedir que reflectisse sobre este assunto e o levasse até às suas devidas instâncias. Penso que Portugal tem que evoluir e se, se queixam tanto da pouca natalidade que existe, ajudem quem de facto que AMAR e TER um filho!
Já não falando dos casos super demorados que existem quando falamos em adopção! É ridículo uma criança ir para uma instituição com meses de vida e estar anos à espera para ser adoptada. Quem diz as crianças, diz os casais que têm condições, um lar e amor para lhes dar, coisa que não existe e que jamais existirá nestas instituições de acolhimento!
Penso que está na altura de repensar tudo isto, porque ao se fazer algo em relação a estas duas questões, estamos a fazer algo pelo futuro deste País!
Mais uma vez lhe agradeço toda atenção que dispensou ao ler esta minha carta, este meu desabafo e mais que tudo, um pedido de AJUDA.
Com os melhores Cumprimentos, aproveito para lhe desejar um excelente ano de 2009 e que este ano traga tudo de bom para todos, principalmente para casais como nós que sofremos não só fisicamente e psicologicamente, como também financeiramente!
Atentamente,
Inês Pinho"
Gostaria que me dessem a vossa opinião... Desde já peço desculpas pelo testamento!
Beijinhos!
No meio de tanta confusão do "faz" e "não faz", tomei a inciativa de enviar a seguinte carta ao gabinete do Primeiro Ministro, do Presidente da Republica e da Ministra da Saúde.
Vou colocando aqui as respostas que vou recebendo.
"Exmo. Sr.(a)
Desde já peço desculpas pelo incómodo, mas de facto já não sei mais o que fazer a não ser questioná-lo! Aos meus 16 anos de idade foi-me detectada uma menopausa precoce. Fui observada e seguida na Maternidade Alfredo da Costa (MAC), inicialmente pelo Dr. Gervásio Costa em Ginecologia de Adolescentes e seguidamente pelo Dr. Tiago na consulta de Endocrinologia.
Este ano casei, a primeira questão e desejo de qualquer casal, é o ter filhos! Pois é, perante isto veio uma enorme angústia, falei com o Dr. Tiago que prontamente me enviou para a consulta de Infertilidade, novamente com o Dr. Gervásio. Eu e o meu marido fizemos os respectivos exames e chegou a altura de ouvir o que jamais alguém que deseja um filho quer ouvir, o Dr. Gervásio informou-nos que de facto o meu problema estava fora do âmbito deles ali na MAC, que apenas se iria resolver com uma Doação de Ovócitos/Gâmetas, pois os meus ovários não produzem ovócitos e que o Estado Português não comparticipa nem é feito em Entidades como a MAC ou qualquer outro hospital do sector público, apenas no sector privado e a “pagantes”.
O que é uma doação de ovócitos/gâmetas, o porquê de se ter que recorrer a ela e qual o seu desenvolvimento até ser concluída:
“A doação de ovócitos destina-se aos casais com as seguintes condições: a mulher não possui ovários, os ovários não produzem ovócitos, os ovócitos são geneticamente anormais, ou existe contra-indicação para hiper-estimulação hormonal. A taxa de gravidez por FIV/ICSI é de cerca de 45%.
Não deve haver obstáculos legais à doação de ovócitos em todos os centros de RMA, incluindo os Hospitais Públicos.
A estimulação da mulher dadora, a recolha dos óvulos e a fecundação são efectuadas como descrito para a FIV, utilizando o sémen do parceiro.
Na doação de ovócitos, efectua-se uma consulta com o casal para da mulher se recolherem os dados físicos e uma amostra de sangue, enquanto que o homem procede à colecta do sémen que de seguida é criopreservado. O centro procurará então uma dadora de ovócitos com as características genéticas similares à da mulher do casal infértil, uma procura segundo os processos de transplante e que pode demorar alguns meses (em média cerca de 6 meses).
Na doação de ovócitos, a recolha de ovócitos da dadora é efectuado por aspiração dos ovários após hiper-estimulação controlada do ovário. Cerca de 1 hora após a recolha, a dadora regressa ao seu domicílio em regime ambulatório. De seguida, os ovócitos da dadora são inseminados ou microinjectados com os espermatozóides do membro masculino do casal em tratamento. A cultura é então efectuada, e a transferência dos embriões para a paciente ocorre ao 3º ou ao 5º dia do desenvolvimento embrionário.
Não há, pois, lugar a qualquer possível cruzamento entre a dadora de ovócitos e o casal em tratamento. Por este motivo, nem na união europeia nem nos EUA existem Centros só para recolha de ovócitos de dadora. De outro modo, o custo acrescido na implantação de centros paralelos inviabilizaria todo o processo. Como os ovócitos são oriundos de jovens saudáveis, a taxa de gravidez é geralmente mais alta (40-50%).
Os critérios de selecção das dadoras de ovócitos são os seguintes:
-boa compleição física, bom quociente intelectual e nível elevado de educação.
-ausência de hábitos alcoólicos, tabágicos ou de consumo de drogas.
-ausência de malformações físicas, sensoriais e dos orgãos internos; de doenças genéticas; de doenças sistémicas (diabetes, hipertensão arterial, reumatismo, insuficiência renal, insuficiência hepática, etc); de situações neoplásicas; e de agentes infecciosos.
-ausência de malformações físicas, sensoriais e dos orgãos internos; de doenças genéticas; de doenças sistémicas; e de doença cancerosa na família directa.
Na doação de ovócitos efectua-se um emparelhamento físico e genético entre a dadora e a mulher infértil, de modo a serem o mais iguais possíveis, e incluem:
-grupo sanguíneo, raça, estatura, cor de pele, cor dos cabelos, cor dos olhos.
-no caso dos casais homosexuais, as opções são livres.
Este emparelhamento entre as características da dadora e as da paciente do casal permite actualmente que 80-95% das características genéticas maternas do bebé sejam similares às da mãe, incluindo o aspecto físico (são parecidos com a mãe do casal) e o sangue. Trata-se de uma compatibilização do tipo usado nos transplantes.
As dadoras são geralmente recrutadas em jovens universitárias (20-29 anos de idade) e a doação não é gratuita, pois obriga a uma hiper-estimulação controlada do ovário, anestesia e recolha (situação muito diferente da doação de sémen, em que basta uma masturbação). No entanto, como é uma doação benévola, o pagamento é simbólico e apenas cobre os riscos, as horas perdidas de trabalho, as deslocações e a medicação. Devido aos métodos actuais ainda não permitirem uma criopreservação eficiente de ovócitos, não há bancos de ovócitos mas apenas bancos de dados de doadoras potenciais. As dadoras de ovócitos são sempre dadoras anónimas.”
Pois é, como pode constatar é um método que apenas tem entre 40% a 50% de taxas de sucesso, tratamento esse que pode custar entre os 6000€ e os 9000€.
Na altura quando me informaram que não poderia fazer este tratamento na MAC, informaram-me também que o Estado estaria a providenciar comparticipações para estes tratamentos, mas até à data não se ouve falar em nada disto.
Como nós existem imensos casais nestas situações, que para poderem realizar um simples sonho individuam-se até mais não… Estes casos, são casos de saúde… No meu caso por exemplo e segundo o meu médico, o facto de não engravidar será o menos, porque eu com 25 anos de idade começarei com os mesmos problemas que uma mulher com 50 anos… Portanto, como o Sr. Eng. pode verificar existe toda uma pressão psicológica. Será que é tão difícil para o Estado ajudar casais como nós? Está na altura de fazer algo! Legislaram o aborto, gasta-se imenso dinheiro para tapar e remediar a falta de responsabilidade, de cabeça ou devaneios de algumas mulheres e para estes casos não chega?!
Como cidadã que sou, gostaria de lhe pedir que reflectisse sobre este assunto e o levasse até às suas devidas instâncias. Penso que Portugal tem que evoluir e se, se queixam tanto da pouca natalidade que existe, ajudem quem de facto que AMAR e TER um filho!
Já não falando dos casos super demorados que existem quando falamos em adopção! É ridículo uma criança ir para uma instituição com meses de vida e estar anos à espera para ser adoptada. Quem diz as crianças, diz os casais que têm condições, um lar e amor para lhes dar, coisa que não existe e que jamais existirá nestas instituições de acolhimento!
Penso que está na altura de repensar tudo isto, porque ao se fazer algo em relação a estas duas questões, estamos a fazer algo pelo futuro deste País!
Mais uma vez lhe agradeço toda atenção que dispensou ao ler esta minha carta, este meu desabafo e mais que tudo, um pedido de AJUDA.
Com os melhores Cumprimentos, aproveito para lhe desejar um excelente ano de 2009 e que este ano traga tudo de bom para todos, principalmente para casais como nós que sofremos não só fisicamente e psicologicamente, como também financeiramente!
Atentamente,
Inês Pinho"
Gostaria que me dessem a vossa opinião... Desde já peço desculpas pelo testamento!
Beijinhos!
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