Há exactamente 10 dias (no dia 09.09.2009) nasceu o meu Jan-Erik no Klinikum Braunschweig na Alemanha.
Achei que também desta vez teria de escrever um testemunho do parto para mostrar que nao só é possível ter um parto normal após uma cesariana, como é possível provocar um parto - sem correr grandes riscos, é claro - sem completar os 2 anos após cesariana que tantos médicos em Portugal aconselham.
A minha filha nasceu de cesariana por estar pélvica. Recorri na altura a todos os meios possíveis para que ela se virasse. Por fim recorri a um hospital especializado em partos naturais pélvicos. Até nesse hospital desaconselharam o parto natural uma vez que era o meu primeiro parto, eu sou pequeninae magrinha e o meu marido grande (o que poderia dar num bebé grande) e eu tinha diabetes gestacionais insulino-dependente. Ela nasceu e eu nunca consegui ultrapassar o desgosto de nao poder parir de forma normal.
Nao sou contra a cesariana, de modo algum! Simplesmente nunca tive medo de parir e queria pelo menos uma vez na vida saber como é.
Assim que a minha filha fez um ano engravidei do meu filho. O meu ginecologista dizia que se a gravidez corresse bem nada impediria o parto normal. Mais uma vez me foi detectada diabetes gestacionais, mais uma vez tinha de injectar insulina e controlar a minha comida ao máximo. Ainda assim os valores cada vez pioraram e chegaram a estar acima de 200, por mais que eu tomasse cuidado.
Por essa razao aconselha-se aqui na Alemanha a provocar o parto no DPP. O meu ginecologista dizia-me que estava tudo bem com o bebé que nao havia necessidade de provocar o parto, mas que eu deveria escolher o que fazer. Eu tinha receio pelos valores altos, receio da quantidade de insulina que eu já estava a tomar se faria mal ao bebé e fiquei na dúvida se deveria realmente confiar no meu ginecologista (se bem que nunca tive razoes para nao confiar, mas comecei a ficar com medo...)
O parto:
No dia 07.09.2009 liguei às 7 da manha para o hospital. Expliquei a situacao e a resposta da enfermeira foi "tome o pequeno-almoco com calma e venha cá ter para provocarmos o parto".
Ás 9 da manha colocaram-me um comprimido vag. que supostamente amoleceria o colo do útero e poderia - ou nao- provocar as contraccoes por si próprio. Nao aconteceu nada, ainda fui almocar a casa. À tarde deram-me outro comprimido e comecei com uma moínha e contraccoes irregulares. Fiquei no hospital a dormir e disseram-me que como o bebé aida nao estava encaixado na bacia, se a bolsa das águas rebentasse teria de ficar deitada e chamar a enfermeira. Caso contrário haveria risco de prolapso do cordao.... Por azar as águas rebentaram mesmo às 2 da manha. Como aconteceu durante uma contraccao (que cada vez vinham mais fortes) pensei que tivesse perdido o controle e tivesse feito xixi. Fui à casa de banho e só depois percebi que a bolsa tinha rebentado. Deitei-me e chamei a enfermeira....
De manha controlaram o colo do útero: 1 cm... e o miúdo nada de se encaixar. Sem se encaixar nao me podia levantar. Ao meio-dia acharam que era melhor "acelerar" as contraccoes e deram-me oxitocina. Agora sim as contraccoes eram fortes. Perdi a nocao do tempo, o meu marido ía-me dando água e de vez em quando algo para comer (ele ainda foi buscar um esparguete à bolonhesa que comeu na sala e eu comi a salada entre as contraccoes). Nao sei quantas horas passaram assim, entretanto fui observada outra vez. Continuava a ter apenas 1 cm de dilatacao. Mas a boa notícia é que ele estava finalmente encaixado. Eu já nao conseguia andar para ajudar a dilatacao, mas pedi para ir para a banheira para amenizar as contraccoes. A enfermeira já estava a preparar tudo quando a médica me apalpou a barriga e diz que o bebé está tao torto que nao só tenho de continuar deitada,como tenho de ficar deitado para o lado direito de maneira a que ele se vire. Fiquei tao desiludida por nao ter feito dilatacao e continuar sem poder andar que pedi a epidural. Precisava de descansar. Tinha contraccoes há mais de 24h e nao dormia há 36h (mais coisa menos coisa). O meu marido diz que eu falei muito com ele nas duas horas que a epidural fez efeito, eu continuo a achar que dormi naquele tempo :lol: Ao fim das duas horas do efeito da epidural observaram-me e tinha 7-8 cm de dilatacao!! Fez-me bem descansar!! As contraccoes voltaram e o meu optimismo também! Ao fim de pouco tempo disse à enfermeira que me apetecia fazer forca e a resposta dela foi que entao tinha de preparar tudo para a vinda do bebé e comecou a preparar as toalhas e a fazer a pulseirinha, e fazia piadas porque o nosso nome é tao comprido e a pulseira ficava enorme :lol: etc. Nem imaginam o que isso me motivou. Entretanto o momento tinha chegado e ela dizia-me para eu sentir a cabecinha. Eu estava tao concentrada nas contraccoes que nem queria saber da cabecinha, mas lá acabei por sentir (que sensacao!!) o meu marido também sentiu e ele estava tao entusiasmado que finalmente o nosso bebé estava a querer sair que parecia ele que tinha renascido e puxava por mim o que também me motivou. Nao sei quando tempo estive a fazer forca para ele sair, mas a enfermeira (e a médica que entretanto apareceu) teve de dar tanta volta ao miúdo que estava todo torto que a fase da expulsao me pareceu uma eternidade. Nao rasguei, nao precisei de levar pontos! Que supresa boa!
Finalmente ele estava cá fora. Nasceu às 2:13 da manha do dia 09.09.2009. Ao fim de 16 horas na sala de partos e 33 horas de contraccoes.
O Erik foi-me imediatamente colocado ao peito. Nao chorou mas tinha os olhos tao abertos como se estivesse muito curioso em nos conhecer também. O meu marido pegou nele também e aí o Erik comecou a mamar nas maos. Coloquei-o ao peito e ele mamou. Mamou tao bem!! A minha filha só aprendeu a agarrar o mamilo quando tinha 3 meses, até lá só conseguia dar de mamar com bicos de silicone, de modo que eu nao conhecia essa sensacao!!
Ao fim de uma hora a enfermeira disse que nos tinha de interromper, porque ao fim de uma hora ela tinha de medir a glicémia ao meu filho por causa da minha diabetes. O valor estava óptimo (a minha filha tinha nascido com uma hipoglicémia acentuada), mais outra surpresa boa!! Ele foi pesado e medido, etc e o meu marido pode limpá-lo e vesti-lo. Tinha exactamente 3.700g e 54,5cm. O meu marido diz que o peso é falso porque só foi pesado após mamar :lol: Foi lindo, lindo. Adormecemos os 3 ainda ali na sala de partos. Às 6 da manha a enfermeira acordou-nos e o meu marido foi para casa e eu para o meu quarto. No dia seguinte tive alta, estava tudo a correr tao bem! :-D
O Erik é um bebé muito calminho, quase nao chora. Nao me dá trabalho nenhum... por enquanto :-D
Tanto o meu marido, que esteve sempre a meu lado e nem para comer queria sair do pé de mim, como a equipa do hospital que era 5* foram essenciais para que o parto tivesse corrido bem.
Talvez o meu ginecologista tivesse razao, talvez nao houvesse necessidade de provocar o parto. Se nao tivesse sido provocado possivelmente teria corrido de outra forma: quem sabe se ele já estaria encaixado e eu tivesse liberdade de movimentos depois das águas rebentarem? quem sabe se eu teria tido uma dilatacao mais rápida?
Mas o mais importante é que no fim tudo correu bem :-D Depois do parto nao tive dores nenhumas, entretanto sinto-me preparada até para fazer a maratona, AHAHAH!
Espero que todas as mulheres que leiam este relato e estejam à espera de bebé tenham o parto que desejam: seja ele parto natural em casa, seja ele cesariana planeada. Cada mulher deveria ter o direito a escolher....
beijos!
Jessica
![](http://www.klinikum-braunschweig.de/fileadmin/baby-sep/Lichtenberg090909.jpg)
P.S.: parabéns a quem conseguiu ler tudo ;-)
Achei que também desta vez teria de escrever um testemunho do parto para mostrar que nao só é possível ter um parto normal após uma cesariana, como é possível provocar um parto - sem correr grandes riscos, é claro - sem completar os 2 anos após cesariana que tantos médicos em Portugal aconselham.
A minha filha nasceu de cesariana por estar pélvica. Recorri na altura a todos os meios possíveis para que ela se virasse. Por fim recorri a um hospital especializado em partos naturais pélvicos. Até nesse hospital desaconselharam o parto natural uma vez que era o meu primeiro parto, eu sou pequeninae magrinha e o meu marido grande (o que poderia dar num bebé grande) e eu tinha diabetes gestacionais insulino-dependente. Ela nasceu e eu nunca consegui ultrapassar o desgosto de nao poder parir de forma normal.
Nao sou contra a cesariana, de modo algum! Simplesmente nunca tive medo de parir e queria pelo menos uma vez na vida saber como é.
Assim que a minha filha fez um ano engravidei do meu filho. O meu ginecologista dizia que se a gravidez corresse bem nada impediria o parto normal. Mais uma vez me foi detectada diabetes gestacionais, mais uma vez tinha de injectar insulina e controlar a minha comida ao máximo. Ainda assim os valores cada vez pioraram e chegaram a estar acima de 200, por mais que eu tomasse cuidado.
Por essa razao aconselha-se aqui na Alemanha a provocar o parto no DPP. O meu ginecologista dizia-me que estava tudo bem com o bebé que nao havia necessidade de provocar o parto, mas que eu deveria escolher o que fazer. Eu tinha receio pelos valores altos, receio da quantidade de insulina que eu já estava a tomar se faria mal ao bebé e fiquei na dúvida se deveria realmente confiar no meu ginecologista (se bem que nunca tive razoes para nao confiar, mas comecei a ficar com medo...)
O parto:
No dia 07.09.2009 liguei às 7 da manha para o hospital. Expliquei a situacao e a resposta da enfermeira foi "tome o pequeno-almoco com calma e venha cá ter para provocarmos o parto".
Ás 9 da manha colocaram-me um comprimido vag. que supostamente amoleceria o colo do útero e poderia - ou nao- provocar as contraccoes por si próprio. Nao aconteceu nada, ainda fui almocar a casa. À tarde deram-me outro comprimido e comecei com uma moínha e contraccoes irregulares. Fiquei no hospital a dormir e disseram-me que como o bebé aida nao estava encaixado na bacia, se a bolsa das águas rebentasse teria de ficar deitada e chamar a enfermeira. Caso contrário haveria risco de prolapso do cordao.... Por azar as águas rebentaram mesmo às 2 da manha. Como aconteceu durante uma contraccao (que cada vez vinham mais fortes) pensei que tivesse perdido o controle e tivesse feito xixi. Fui à casa de banho e só depois percebi que a bolsa tinha rebentado. Deitei-me e chamei a enfermeira....
De manha controlaram o colo do útero: 1 cm... e o miúdo nada de se encaixar. Sem se encaixar nao me podia levantar. Ao meio-dia acharam que era melhor "acelerar" as contraccoes e deram-me oxitocina. Agora sim as contraccoes eram fortes. Perdi a nocao do tempo, o meu marido ía-me dando água e de vez em quando algo para comer (ele ainda foi buscar um esparguete à bolonhesa que comeu na sala e eu comi a salada entre as contraccoes). Nao sei quantas horas passaram assim, entretanto fui observada outra vez. Continuava a ter apenas 1 cm de dilatacao. Mas a boa notícia é que ele estava finalmente encaixado. Eu já nao conseguia andar para ajudar a dilatacao, mas pedi para ir para a banheira para amenizar as contraccoes. A enfermeira já estava a preparar tudo quando a médica me apalpou a barriga e diz que o bebé está tao torto que nao só tenho de continuar deitada,como tenho de ficar deitado para o lado direito de maneira a que ele se vire. Fiquei tao desiludida por nao ter feito dilatacao e continuar sem poder andar que pedi a epidural. Precisava de descansar. Tinha contraccoes há mais de 24h e nao dormia há 36h (mais coisa menos coisa). O meu marido diz que eu falei muito com ele nas duas horas que a epidural fez efeito, eu continuo a achar que dormi naquele tempo :lol: Ao fim das duas horas do efeito da epidural observaram-me e tinha 7-8 cm de dilatacao!! Fez-me bem descansar!! As contraccoes voltaram e o meu optimismo também! Ao fim de pouco tempo disse à enfermeira que me apetecia fazer forca e a resposta dela foi que entao tinha de preparar tudo para a vinda do bebé e comecou a preparar as toalhas e a fazer a pulseirinha, e fazia piadas porque o nosso nome é tao comprido e a pulseira ficava enorme :lol: etc. Nem imaginam o que isso me motivou. Entretanto o momento tinha chegado e ela dizia-me para eu sentir a cabecinha. Eu estava tao concentrada nas contraccoes que nem queria saber da cabecinha, mas lá acabei por sentir (que sensacao!!) o meu marido também sentiu e ele estava tao entusiasmado que finalmente o nosso bebé estava a querer sair que parecia ele que tinha renascido e puxava por mim o que também me motivou. Nao sei quando tempo estive a fazer forca para ele sair, mas a enfermeira (e a médica que entretanto apareceu) teve de dar tanta volta ao miúdo que estava todo torto que a fase da expulsao me pareceu uma eternidade. Nao rasguei, nao precisei de levar pontos! Que supresa boa!
Finalmente ele estava cá fora. Nasceu às 2:13 da manha do dia 09.09.2009. Ao fim de 16 horas na sala de partos e 33 horas de contraccoes.
O Erik foi-me imediatamente colocado ao peito. Nao chorou mas tinha os olhos tao abertos como se estivesse muito curioso em nos conhecer também. O meu marido pegou nele também e aí o Erik comecou a mamar nas maos. Coloquei-o ao peito e ele mamou. Mamou tao bem!! A minha filha só aprendeu a agarrar o mamilo quando tinha 3 meses, até lá só conseguia dar de mamar com bicos de silicone, de modo que eu nao conhecia essa sensacao!!
Ao fim de uma hora a enfermeira disse que nos tinha de interromper, porque ao fim de uma hora ela tinha de medir a glicémia ao meu filho por causa da minha diabetes. O valor estava óptimo (a minha filha tinha nascido com uma hipoglicémia acentuada), mais outra surpresa boa!! Ele foi pesado e medido, etc e o meu marido pode limpá-lo e vesti-lo. Tinha exactamente 3.700g e 54,5cm. O meu marido diz que o peso é falso porque só foi pesado após mamar :lol: Foi lindo, lindo. Adormecemos os 3 ainda ali na sala de partos. Às 6 da manha a enfermeira acordou-nos e o meu marido foi para casa e eu para o meu quarto. No dia seguinte tive alta, estava tudo a correr tao bem! :-D
O Erik é um bebé muito calminho, quase nao chora. Nao me dá trabalho nenhum... por enquanto :-D
Tanto o meu marido, que esteve sempre a meu lado e nem para comer queria sair do pé de mim, como a equipa do hospital que era 5* foram essenciais para que o parto tivesse corrido bem.
Talvez o meu ginecologista tivesse razao, talvez nao houvesse necessidade de provocar o parto. Se nao tivesse sido provocado possivelmente teria corrido de outra forma: quem sabe se ele já estaria encaixado e eu tivesse liberdade de movimentos depois das águas rebentarem? quem sabe se eu teria tido uma dilatacao mais rápida?
Mas o mais importante é que no fim tudo correu bem :-D Depois do parto nao tive dores nenhumas, entretanto sinto-me preparada até para fazer a maratona, AHAHAH!
Espero que todas as mulheres que leiam este relato e estejam à espera de bebé tenham o parto que desejam: seja ele parto natural em casa, seja ele cesariana planeada. Cada mulher deveria ter o direito a escolher....
beijos!
Jessica
![](http://www.klinikum-braunschweig.de/fileadmin/baby-sep/Lichtenberg090909.jpg)
P.S.: parabéns a quem conseguiu ler tudo ;-)
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