A Luísa nasceu no dia 01 de Outubro de 2010, ás 39 semanas e 1 dia, de parto natural, numa piscina de parto, em casa.
Este parto foi preparado conscientemente, com acompanhamento de profissionais de saúde, uma doula e uma enfermeira parteira, ao longo de toda a gravidez e nunca foi posta de parte a hipótese do trabalho de parto ter inicio em casa e puder terminar no hospital, contudo eu sempre me mentalizei de que seria capaz de dar á luz este filho o mais naturalmente possível dentro das minhas possibilidades físicas.
No dia 30 de Setembro acordei com algumas moinhas e contracções leves e irregulares, nada de novo, pois nesta gravidez desde muito cedo que tive contracções e dores no baixo-ventre. O dia decorreu sem alterações, saí á rua á tarde, fui ás compras com a minha filha mais velha, fomos ao parque, fize-mos biscoitos ao final da tarde e por volta das 19 horas tomei consciência de que as contracções não estavam assim tão irregulares como nos dias anteriores, mas continuei a fazer a minha vida normal, fui-me mantendo ocupada.
Deitei-me por volta da meia-noite, mas não conseguia dormir, não encontrava uma posição confortável, comecei então a controlar as contracções, com intervalos de 7/8 no máximo 10 minutos mas pouco intensas e assim continuaram durante toda a noite. Por volta das 4 da manhã enviei sms á Sandra, a minha doula, a informar a situação, liguei de seguida após resposta dela, confirma-mos que estava realmente em trabalho de parto, ainda que no início. Fiquei de dar ponto da situação ao fim de uma hora, entretanto fui organizando a casa para o parto, dispus os materiais necessários, fiz gelatina, pus roupa a lavar, tomei o primeiro pequeno almoço do dia e voltei a ligar-lhe a conferir os intervalos das contracções que se mantinham iguais, mas com um pouco mais de intensidade. Ela pôs-se então a caminho e ás 7:30 da manhã estava á minha porta. A minha filha mais velha que dormiu toda a noite, pareceu adivinhar que o dia prometia muita agitação e ainda não eram 8 da manhã já ela estava a pé, antes mesmo do pai sair para o trabalho, após a Sandra o tranquilizar quanto ao bom desenrolar do trabalho de parto, ele ainda fez meio dia de trabalho…
Ás nove da manhã chegava a minha querida enfermeira parteira, pronta a por mãos á obra, mas ainda estava demorado, eu sentia-me lindamente, com o mesmo ritmo de contracções, e a bebé também estava com um óptimo batimento cardíaco, durante toda a manhã fala-mos, rimos, vi-mos fotografias, brinquei com a Rita ao lego, comi, passeei por toda a casa, mantive-me sempre em movimento, fui adoptando posições que me facilitavam a suportar as contracções, usei um pouco a bola de parto, mas não me identifiquei com ela, não encontrei nela uma posição que me permitisse relaxar, sentia-me melhor na vertical, de joelhos, de gatas ou mesmo de cócoras durante as contracções e o balançar das ancas também me aliviava bastante. As massagens ainda que leves dadas pela minha filha Rita no fundo das costas faziam-se sentir também muito bem, mais psicológica do que fisicamente, via que ela estava a interagir com um grande á vontade e isso deixou-me tranquila e relaxada, não precisa preocupar-me com a minha pequena grande menina.
Por volta da hora de almoço, as contracções já estavam mais seguidas e mais intensas e exigiam de mim alguma concentração, então questionei-me da evolução do trabalho de parto e sugeri que me fosse feito um toque, pois não tinha noção através das contracções se estaria a evoluir rápida ou lentamente (consequência do 1.º parto induzido, em que a intensidade das contracções era muita, mas a dilatação não progredia da mesma forma), então muito delicadamente a enfermeira fez-me o único toque de toda esta gravidez e ficaram ambas muito satisfeitas, a dilatação estava a progredir muito bem, não percebi na altura que dilatação tinha, soube depois do parto que já tinha 5 dedos de dilatação, senti-me confiante para continuar, as dores eram suportáveis, tudo corria bem. Ainda vagueei mais um pouco pela casa quando a Sandra me sugeriu tomar um duche quente para relaxar e ajudar nas contracções. Assim fiz, entrei na banheira e com o chuveiro fui molhando as costas, a barriga e o resto do corpo, e o que isso me soube bem, ainda me soube melhor quando a enfermeira me segurou no chuveiro e me molhava durante as contracções, era bastante relaxante e eu podia concentrar-me na dor e sentir o meu corpo a trabalhar mas relaxadamente, sem inibições ou impedimentos. Estive assim algum tempo, não sei precisar, foram certamente uns largos minutos, suficientes para a Sandra me oferecer a possibilidade de se montar a piscina de parto, na qual eu poderia relaxar mais confortavelmente e encontrar posições mais confortáveis devido ao seu amplo espaço. Nunca tinha ponderado que o nascimento ocorresse dentro de água, era um cenário possível, como qualquer outro, contudo após a montagem da piscina e assim que pude entrar senti-me muito mais confortável, como um peixe na água, adoptei a posição debruçada no bordo da piscina, uma vezes de cócoras, outras de joelhos, mas sempre o mais vertical possível.
Foi assim que o Paulo me veio encontrar quando a Sandra o chamou eram umas duas e tal da tarde, soube-me muito bem ver o meu homem, deu-me a confiança e tranquilidade para continuar o meu trabalho de parto que estava já bastante avançado, pois nessa fase eu já gemia durante cada contracção, um gemido profundo e uma respiração bastante ofegante, deixei de controlar a vontade de exteriorizar através do som a dor que sentia, uma dor intensa, mas ao mesmo tempo uma dor de prazer, deixei que a dor me guiasse, descansava o que podia entre cada contracção e agarrava-me com força ás mãos ora do Paulo, ora da Sandra, ora da enfermeira durante a contracção e gemia intensamente…
Faltava no entanto a presença de uma pessoa para que eu pudesse dar á luz a minha filha, a minha irmã, a minha querida irmã, que eu sabia que estava sofrer em silencio mais do que eu, mas que respeitou o meu espaço e foi apenas sabendo da evolução do trabalho de parto pelos sms da Sandra, a minha irmã que há dois anos atrás estava na mesma situação, mas com um desfecho diferente, num ambiente hospitalar… Chamei-a, durante as contracções falei para ela, inspirei-me nela, agarrei-me á sua força para suportar as dores finais do parto. Então a Sandra perguntou se queria que ela a chama-se, sim, sim fazia sentido, ela precisava de estar presente, eu precisava dela presente para me dar força nos momentos finais, e ela veio…
Estavam reunidas todas as condições para a Luísa vir ao mundo, então rebentou a bolsa, num “ploc” vi o liquido amniótico inundar a água da piscina e sorri, sorri bastante, como uma criança com um doce nas mãos, estava quase, mais umas contracções e senti a cabeça da minha filha, toquei na cabeça dela, consegui ter a percepção do caminho que lhe faltava percorrer dentro do meu corpo para nascer, mais umas contracções e a enorme vontade de fazer força e a cabeça dela cada vez mais próxima. Estava a arder, senti um ardor enorme e senti a minha filha a coroar nos meus lábios vaginais, está aqui, ela está aqui, que prazer enorme, calma ouvia eu dizer, com calma para não rasgar o períneo, espera pela próxima contracção, e assim fiz inspirei e voltei a fazer força na contracção seguinte e na outra e noutra, e o ardor, sentia-me a queimar e gritei, gritei de dor, de prazer e a cabeça da Luísa apareceu, respirei fundo, mais uma forcinha e nasce, e assim foi, uma longa contracção e nasceu a Luísa, ás quatro horas e três minutos, a chorar freneticamente, a enfermeira segurou nela enquanto eu recuperei o fôlego e me virei para agarrara minha filha, a minha filha perfeita, linda, coberta por uma camada de gordura branca!!!
Aconcheguei-a no meu peito e ela olhou para mim como que a confirmar a minha presença e agarrou-se a minha mama a chuchar intensamente e eu chorei, chorei, tinha conseguido, não acreditava, estava com a minha filha nos braços, na minha casa, sem recurso a instrumentalizações, sem recurso a fármacos, sem imposições, sem procedimentos rotineiros e desnecessários, sem caras estranhas, enfadonhas e cheias de pressa, só eu, a minha família e as pessoas que eu escolhi para me acompanharem!!!!!
A Rita que acompanhou todo o trabalho de parto ao meu lado, que viu a mana nascer, chorava agora, chorava de emoção do alto dos seus 4 anos…
Fiquei ainda dentro da piscina algum tempo para que a placenta nascesse também, o que demorou um pouco e só depois de sair da piscina e com a ajuda da enfermeira, saiu uma placenta inteira, perfeita e um cordão que a minha irmã teve a honra de cortar após ter terminado de pulsar.
Eu, eu fiquei óptima, sem rasgões, com um períneo intacto, com uma fome de leão e uma disposição fantástica, sem dores dignas de registo, num estado zen que demorou a passar e com uma vontade enorme de repetir a experiência, senti-me a mulher mais forte do mundo, capaz de ultrapassar qualquer obstáculo. Na manhã seguinte já estava levantada a fazer o meu pequeno-almoço, a arrumar a loiça na cozinha, fresca e com uma vontade enorme de abrir a janela e gritar ao mundo: Eu consegui!!!!!
Para quem quiser ver algumas fotos, o meu blog:
Este parto foi preparado conscientemente, com acompanhamento de profissionais de saúde, uma doula e uma enfermeira parteira, ao longo de toda a gravidez e nunca foi posta de parte a hipótese do trabalho de parto ter inicio em casa e puder terminar no hospital, contudo eu sempre me mentalizei de que seria capaz de dar á luz este filho o mais naturalmente possível dentro das minhas possibilidades físicas.
No dia 30 de Setembro acordei com algumas moinhas e contracções leves e irregulares, nada de novo, pois nesta gravidez desde muito cedo que tive contracções e dores no baixo-ventre. O dia decorreu sem alterações, saí á rua á tarde, fui ás compras com a minha filha mais velha, fomos ao parque, fize-mos biscoitos ao final da tarde e por volta das 19 horas tomei consciência de que as contracções não estavam assim tão irregulares como nos dias anteriores, mas continuei a fazer a minha vida normal, fui-me mantendo ocupada.
Deitei-me por volta da meia-noite, mas não conseguia dormir, não encontrava uma posição confortável, comecei então a controlar as contracções, com intervalos de 7/8 no máximo 10 minutos mas pouco intensas e assim continuaram durante toda a noite. Por volta das 4 da manhã enviei sms á Sandra, a minha doula, a informar a situação, liguei de seguida após resposta dela, confirma-mos que estava realmente em trabalho de parto, ainda que no início. Fiquei de dar ponto da situação ao fim de uma hora, entretanto fui organizando a casa para o parto, dispus os materiais necessários, fiz gelatina, pus roupa a lavar, tomei o primeiro pequeno almoço do dia e voltei a ligar-lhe a conferir os intervalos das contracções que se mantinham iguais, mas com um pouco mais de intensidade. Ela pôs-se então a caminho e ás 7:30 da manhã estava á minha porta. A minha filha mais velha que dormiu toda a noite, pareceu adivinhar que o dia prometia muita agitação e ainda não eram 8 da manhã já ela estava a pé, antes mesmo do pai sair para o trabalho, após a Sandra o tranquilizar quanto ao bom desenrolar do trabalho de parto, ele ainda fez meio dia de trabalho…
Ás nove da manhã chegava a minha querida enfermeira parteira, pronta a por mãos á obra, mas ainda estava demorado, eu sentia-me lindamente, com o mesmo ritmo de contracções, e a bebé também estava com um óptimo batimento cardíaco, durante toda a manhã fala-mos, rimos, vi-mos fotografias, brinquei com a Rita ao lego, comi, passeei por toda a casa, mantive-me sempre em movimento, fui adoptando posições que me facilitavam a suportar as contracções, usei um pouco a bola de parto, mas não me identifiquei com ela, não encontrei nela uma posição que me permitisse relaxar, sentia-me melhor na vertical, de joelhos, de gatas ou mesmo de cócoras durante as contracções e o balançar das ancas também me aliviava bastante. As massagens ainda que leves dadas pela minha filha Rita no fundo das costas faziam-se sentir também muito bem, mais psicológica do que fisicamente, via que ela estava a interagir com um grande á vontade e isso deixou-me tranquila e relaxada, não precisa preocupar-me com a minha pequena grande menina.
Por volta da hora de almoço, as contracções já estavam mais seguidas e mais intensas e exigiam de mim alguma concentração, então questionei-me da evolução do trabalho de parto e sugeri que me fosse feito um toque, pois não tinha noção através das contracções se estaria a evoluir rápida ou lentamente (consequência do 1.º parto induzido, em que a intensidade das contracções era muita, mas a dilatação não progredia da mesma forma), então muito delicadamente a enfermeira fez-me o único toque de toda esta gravidez e ficaram ambas muito satisfeitas, a dilatação estava a progredir muito bem, não percebi na altura que dilatação tinha, soube depois do parto que já tinha 5 dedos de dilatação, senti-me confiante para continuar, as dores eram suportáveis, tudo corria bem. Ainda vagueei mais um pouco pela casa quando a Sandra me sugeriu tomar um duche quente para relaxar e ajudar nas contracções. Assim fiz, entrei na banheira e com o chuveiro fui molhando as costas, a barriga e o resto do corpo, e o que isso me soube bem, ainda me soube melhor quando a enfermeira me segurou no chuveiro e me molhava durante as contracções, era bastante relaxante e eu podia concentrar-me na dor e sentir o meu corpo a trabalhar mas relaxadamente, sem inibições ou impedimentos. Estive assim algum tempo, não sei precisar, foram certamente uns largos minutos, suficientes para a Sandra me oferecer a possibilidade de se montar a piscina de parto, na qual eu poderia relaxar mais confortavelmente e encontrar posições mais confortáveis devido ao seu amplo espaço. Nunca tinha ponderado que o nascimento ocorresse dentro de água, era um cenário possível, como qualquer outro, contudo após a montagem da piscina e assim que pude entrar senti-me muito mais confortável, como um peixe na água, adoptei a posição debruçada no bordo da piscina, uma vezes de cócoras, outras de joelhos, mas sempre o mais vertical possível.
Foi assim que o Paulo me veio encontrar quando a Sandra o chamou eram umas duas e tal da tarde, soube-me muito bem ver o meu homem, deu-me a confiança e tranquilidade para continuar o meu trabalho de parto que estava já bastante avançado, pois nessa fase eu já gemia durante cada contracção, um gemido profundo e uma respiração bastante ofegante, deixei de controlar a vontade de exteriorizar através do som a dor que sentia, uma dor intensa, mas ao mesmo tempo uma dor de prazer, deixei que a dor me guiasse, descansava o que podia entre cada contracção e agarrava-me com força ás mãos ora do Paulo, ora da Sandra, ora da enfermeira durante a contracção e gemia intensamente…
Faltava no entanto a presença de uma pessoa para que eu pudesse dar á luz a minha filha, a minha irmã, a minha querida irmã, que eu sabia que estava sofrer em silencio mais do que eu, mas que respeitou o meu espaço e foi apenas sabendo da evolução do trabalho de parto pelos sms da Sandra, a minha irmã que há dois anos atrás estava na mesma situação, mas com um desfecho diferente, num ambiente hospitalar… Chamei-a, durante as contracções falei para ela, inspirei-me nela, agarrei-me á sua força para suportar as dores finais do parto. Então a Sandra perguntou se queria que ela a chama-se, sim, sim fazia sentido, ela precisava de estar presente, eu precisava dela presente para me dar força nos momentos finais, e ela veio…
Estavam reunidas todas as condições para a Luísa vir ao mundo, então rebentou a bolsa, num “ploc” vi o liquido amniótico inundar a água da piscina e sorri, sorri bastante, como uma criança com um doce nas mãos, estava quase, mais umas contracções e senti a cabeça da minha filha, toquei na cabeça dela, consegui ter a percepção do caminho que lhe faltava percorrer dentro do meu corpo para nascer, mais umas contracções e a enorme vontade de fazer força e a cabeça dela cada vez mais próxima. Estava a arder, senti um ardor enorme e senti a minha filha a coroar nos meus lábios vaginais, está aqui, ela está aqui, que prazer enorme, calma ouvia eu dizer, com calma para não rasgar o períneo, espera pela próxima contracção, e assim fiz inspirei e voltei a fazer força na contracção seguinte e na outra e noutra, e o ardor, sentia-me a queimar e gritei, gritei de dor, de prazer e a cabeça da Luísa apareceu, respirei fundo, mais uma forcinha e nasce, e assim foi, uma longa contracção e nasceu a Luísa, ás quatro horas e três minutos, a chorar freneticamente, a enfermeira segurou nela enquanto eu recuperei o fôlego e me virei para agarrara minha filha, a minha filha perfeita, linda, coberta por uma camada de gordura branca!!!
Aconcheguei-a no meu peito e ela olhou para mim como que a confirmar a minha presença e agarrou-se a minha mama a chuchar intensamente e eu chorei, chorei, tinha conseguido, não acreditava, estava com a minha filha nos braços, na minha casa, sem recurso a instrumentalizações, sem recurso a fármacos, sem imposições, sem procedimentos rotineiros e desnecessários, sem caras estranhas, enfadonhas e cheias de pressa, só eu, a minha família e as pessoas que eu escolhi para me acompanharem!!!!!
A Rita que acompanhou todo o trabalho de parto ao meu lado, que viu a mana nascer, chorava agora, chorava de emoção do alto dos seus 4 anos…
Fiquei ainda dentro da piscina algum tempo para que a placenta nascesse também, o que demorou um pouco e só depois de sair da piscina e com a ajuda da enfermeira, saiu uma placenta inteira, perfeita e um cordão que a minha irmã teve a honra de cortar após ter terminado de pulsar.
Eu, eu fiquei óptima, sem rasgões, com um períneo intacto, com uma fome de leão e uma disposição fantástica, sem dores dignas de registo, num estado zen que demorou a passar e com uma vontade enorme de repetir a experiência, senti-me a mulher mais forte do mundo, capaz de ultrapassar qualquer obstáculo. Na manhã seguinte já estava levantada a fazer o meu pequeno-almoço, a arrumar a loiça na cozinha, fresca e com uma vontade enorme de abrir a janela e gritar ao mundo: Eu consegui!!!!!
Para quem quiser ver algumas fotos, o meu blog:
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