Casei-me muito nova (22 anos) com o meu ex-marido. Até ao nascimento da nossa filha (Setembro de 2003), as coisas nunca correram mal, só que, depois, as coisas começaram a descambar. Tudo porque a menina era exigente, dava más noites e eu não tinha absolutamente ajudas nenhumas por parte do meu ex-marido. Chegávamos a casa do trabalho, eu ia para a cozinha fazer o jantar e o senhor estava onde? Deitado, no quarto, a ver tv. A Sara, obviamente, no quartinho dela a ver tv também (eu não sou omnipresente). À noite, o senhor ia dormir descansadinho, e eu ia deitar a menina. Como ela custava a adormecer e acordava algumas vezes durante a noite, eu acabei por adormecer com ela também. Andava de rastos, porque uma pessoa aguenta más noites uma, duas, três ou quatro vezes, mas consecutivamente dá cabo do mais resistente.
Quando o interpelava, o senhor desculpava-se que tinha de descansar por causa da epilepsia (mas nunca se coibiu de conduzir, tendo destruído pelo menos dois carros por bater - ele tem momentos de ausência), para além de que não ia ajudar em nada porque a menina queria mamar (estava tão desesperada que aproveitava o facto de ter leite e de a miúda mamar bem para a adormecer sem chegar à loucura!). Isto arrastou-se por quatro longos anos, em que fui mãe e pai da minha filha. O pai era só pai de aparência, para os de fora ele era o super-pai, mudando logo de figura quando chegava a casa e dispunha dos seus prazeres todos, porque tinha a escrava de serviço. A casa andava caótica, desarrumada e suja porque, por muito que eu arrumasse, o senhor comia iogurtes, por exemplo, e deixava os copos em qualquer sítio, assim como as chávenas de café, roupa suja, etc. Ora, eu não sou feita de elástico e aos poucos as coisas foram acumulando.
Nos entretantos, endividámo-nos como tudo (fui despedida da empresa onde trabalhava havia 5 anos, em Janeiro de 2007) porque estive algum tempo desempregada.
Eu andava cansada, desanimada e farta de tudo aquilo, e ia chamando-o a atenção. A postura dele sempre foi: "Estás mal, muda-te. Eu sempre fui assim e só tu é que implicas comigo!"
Um dia, farta de ser invisível e inaudível, pus os pontos nos "i" e disse-lhe que me queria separar. Aí apercebeu-se que eu lhe estava a "fugir" e começou a ameaçar-me: "Nem penses que ficas com a miúda!", "Eu vou matar-me!", para além de me chamar "vaca", "****", etc, etc...No entanto, eu nunca consegui provar nada disto, porque o senhor fazia tudo no recato do lar. Fora de casa, era o marido extremoso, o pai dedicado...e convence toda a gente que é mesmo assim! Acabámos por viver separados debaixo do mesmo tecto.
Conheci, então, outro homem. Apaixonámo-nos e passámos a encontrar-nos às escondidas. Tomei a decisão de sair de casa, no entanto, engravidei, o meu ex descobriu e expulsou-me de casa, antecipando a minha saída - que não era para sr assim. Saí com a roupa que trazia no corpo. Fui ter com o outro rapaz e a partir daí começámos a viver juntos (como era nosso ensejo, até porque assumimos a gravidez). Mas a casa em que vivíamos não tinha condições para acolher uma criança (esse rapaz vivia sózinho), e porque fui expulsa, não tive tempo de arranjar tudo como deveria e trazer a minha filha comigo. Daí a dias fiquei desempregada e o dinheiro mal dava para comer...O pouco que ganhava, ia todo num instante e serviu para eu sobreviver nos tempos em que estive sem emprego e sem subsídio do fundo de desemprego (não obstante eu procurar trabalho). Entretanto, perdi o bebé. Estava mal psicologicamente, e sem dinheiro. Ia vendo a minha filha aos fins-de-semana, mas mantive-me um pouco na sombra.
O outro senhor usou tudo contra mim: que eu tinha abandonado a filha, que eu era negligente, que não contribuía em nada para o sustento da menina, etc e tal (devo dizer que este senhor é funcionário público efectivo, ganha mais de 1000 euros por mês), quando eu, mesmo a custo e com ajudas, comprei roupa, comida, e tive despesas de farmácia para que a menina andasse minimamente bem (coisas que acabaram por ficar em casa dele - a menina teve de levar na mochila de muda de roupa dos fds).
Infelizmente, e porque faço as coisas de boa fé, não tenho provas de nada. O outro senhor faz-se de acompanhar por amiguinhas para todo o lado que vai com a menina e passa a imagem de pai dedicado, de marido ofendido (eu sou a vaca que saiu de casa e os "abandonou").
Ainda tentei reaver a minha filha, fiz um quartinho para ela, mas...tive de repensar as coisas: eu estou desempregada, estou grávida (novamente e fui despedida já estava neste estado), o dinheiro que ganho (pouco menos de 500 euros) vai-se todo nas dívidas que sou obrigada a pagar (contraídas no casamento), e ando à caridade do meu pai e da mãe do meu namorado (nós, os dois, juntos, ganhamos menos que o outro senhor) para comer. A custo compro coisas para a minha filha e ainda tenho de ouvir a ladaínha de que não contribuo em nada para ela. Mas tenho de pensar no interesse superior da minha filha, e reconheço que, por agora, não tenho as condições necessárias para que ela possa estar completamente bem entregue. A custo cedi a custódia ao pai. Mas tive de pôr ódios de parte e ser objectiva.
É esta a minha história.
Uma enorme nuvem negra que está a passar mas que, em breve, se irá embora.
Deus escreve direito por linhas tortas. E um dia vou lutar com todas as minhas forças pela minha filha.
Ana
Quando o interpelava, o senhor desculpava-se que tinha de descansar por causa da epilepsia (mas nunca se coibiu de conduzir, tendo destruído pelo menos dois carros por bater - ele tem momentos de ausência), para além de que não ia ajudar em nada porque a menina queria mamar (estava tão desesperada que aproveitava o facto de ter leite e de a miúda mamar bem para a adormecer sem chegar à loucura!). Isto arrastou-se por quatro longos anos, em que fui mãe e pai da minha filha. O pai era só pai de aparência, para os de fora ele era o super-pai, mudando logo de figura quando chegava a casa e dispunha dos seus prazeres todos, porque tinha a escrava de serviço. A casa andava caótica, desarrumada e suja porque, por muito que eu arrumasse, o senhor comia iogurtes, por exemplo, e deixava os copos em qualquer sítio, assim como as chávenas de café, roupa suja, etc. Ora, eu não sou feita de elástico e aos poucos as coisas foram acumulando.
Nos entretantos, endividámo-nos como tudo (fui despedida da empresa onde trabalhava havia 5 anos, em Janeiro de 2007) porque estive algum tempo desempregada.
Eu andava cansada, desanimada e farta de tudo aquilo, e ia chamando-o a atenção. A postura dele sempre foi: "Estás mal, muda-te. Eu sempre fui assim e só tu é que implicas comigo!"
Um dia, farta de ser invisível e inaudível, pus os pontos nos "i" e disse-lhe que me queria separar. Aí apercebeu-se que eu lhe estava a "fugir" e começou a ameaçar-me: "Nem penses que ficas com a miúda!", "Eu vou matar-me!", para além de me chamar "vaca", "****", etc, etc...No entanto, eu nunca consegui provar nada disto, porque o senhor fazia tudo no recato do lar. Fora de casa, era o marido extremoso, o pai dedicado...e convence toda a gente que é mesmo assim! Acabámos por viver separados debaixo do mesmo tecto.
Conheci, então, outro homem. Apaixonámo-nos e passámos a encontrar-nos às escondidas. Tomei a decisão de sair de casa, no entanto, engravidei, o meu ex descobriu e expulsou-me de casa, antecipando a minha saída - que não era para sr assim. Saí com a roupa que trazia no corpo. Fui ter com o outro rapaz e a partir daí começámos a viver juntos (como era nosso ensejo, até porque assumimos a gravidez). Mas a casa em que vivíamos não tinha condições para acolher uma criança (esse rapaz vivia sózinho), e porque fui expulsa, não tive tempo de arranjar tudo como deveria e trazer a minha filha comigo. Daí a dias fiquei desempregada e o dinheiro mal dava para comer...O pouco que ganhava, ia todo num instante e serviu para eu sobreviver nos tempos em que estive sem emprego e sem subsídio do fundo de desemprego (não obstante eu procurar trabalho). Entretanto, perdi o bebé. Estava mal psicologicamente, e sem dinheiro. Ia vendo a minha filha aos fins-de-semana, mas mantive-me um pouco na sombra.
O outro senhor usou tudo contra mim: que eu tinha abandonado a filha, que eu era negligente, que não contribuía em nada para o sustento da menina, etc e tal (devo dizer que este senhor é funcionário público efectivo, ganha mais de 1000 euros por mês), quando eu, mesmo a custo e com ajudas, comprei roupa, comida, e tive despesas de farmácia para que a menina andasse minimamente bem (coisas que acabaram por ficar em casa dele - a menina teve de levar na mochila de muda de roupa dos fds).
Infelizmente, e porque faço as coisas de boa fé, não tenho provas de nada. O outro senhor faz-se de acompanhar por amiguinhas para todo o lado que vai com a menina e passa a imagem de pai dedicado, de marido ofendido (eu sou a vaca que saiu de casa e os "abandonou").
Ainda tentei reaver a minha filha, fiz um quartinho para ela, mas...tive de repensar as coisas: eu estou desempregada, estou grávida (novamente e fui despedida já estava neste estado), o dinheiro que ganho (pouco menos de 500 euros) vai-se todo nas dívidas que sou obrigada a pagar (contraídas no casamento), e ando à caridade do meu pai e da mãe do meu namorado (nós, os dois, juntos, ganhamos menos que o outro senhor) para comer. A custo compro coisas para a minha filha e ainda tenho de ouvir a ladaínha de que não contribuo em nada para ela. Mas tenho de pensar no interesse superior da minha filha, e reconheço que, por agora, não tenho as condições necessárias para que ela possa estar completamente bem entregue. A custo cedi a custódia ao pai. Mas tive de pôr ódios de parte e ser objectiva.
É esta a minha história.
Uma enorme nuvem negra que está a passar mas que, em breve, se irá embora.
Deus escreve direito por linhas tortas. E um dia vou lutar com todas as minhas forças pela minha filha.
Ana
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