Olá! Tenho participado no fórum "treinantes" mas, subitamente, deixei de o ser.
Sou uma mulher de 38 anos, tinha uma relação há 3 anos e meio e vivíamos juntos há quase três. Ele tinha (e tem) um filho de um casamento anterior, que terminou antes de nos conhecermos. Eu não tenho filhos, nem sequer estive nunca grávida.
Disse-lhe desde o início que ter filhos (pelo menos um) era um projecto importante para mim. Ele nunca manifestou entusiasmo com a ideia de ser pai de novo, mas foi aceitando cada vez mais ir falando da ideia. Discutimos o assunto imensas vezes, ele chegou a sair de casa umas duas vezes, mas voltou sempre, dizendo que não me queria perder.
Depois do Verão passado, disse-lhe que iria fazer os exames pré-natais, pois não queria perder mais tempo. Ele concordou e eu quis acreditar que a questão estava resolvida. Infelizmente, os exames revelaram uns pólipos do endométrio potencialmente graves, que me pregaram um susto valente e me obrigaram a fazer duas biópsias e uma cirurgia (em Fevereiro). Obviamente, ele acompanhou tudo isto. Disse-me centenas de vezes "vai correr bem" e até sugeriu à minha família que me oferecesse um livro sobre maternidade no Natal, para reforçar a minha confiança (uma vez que eu andava no meio dos exames nessa altura).
Depois da cirurgia, o médico disse-me para esperar um mês e começar a treinar em Março. Disse-me também que deveria engravidar imediatamente porque, visto que queria ser mãe, ele não tinha podido ser tão "agressivo" na cirurgia como teria sido se eu já não o quisesse ser, pelo que havia (e há) grande risco de o problema se repetir de novo.
Lá começámos os treinos em Março. Imediatamente se começaram a manifestar grandes angústias da parte dele. No dia seguinte ao primeiro treino "sem rede", obrigou-me a prometer que me mudaria para Coimbra (sou de Lisboa), onde ele tem uma casa. Sempre tínhamos concordado que só em Lisboa poderíamos viver e trabalhar os dois. Uma mudança para longe significaria acabar completamente com a minha carreira...e para ele seria uma regressão de vários anos. Claramente uma forma de colocar um obstáculo importante na nossa relação.
Outra coisa que mudou foi que o sexo deixou de nos aproximar e passou a afastar-nos. Tornou-se um momento de mais tensão do que prazer e perdemos toda a cumplicidade que antes nos trazia. Ele praticamente nunca mais tomou a iniciativa...
Não engravidei em Março...fiquei (desproporcionadamente) desolada quando me veio o período, porque já intuía que as coisas se iriam complicar, embora ele me tenha assegurado de que tudo ia correr bem (como fez dezenas de vezes no último ano).
Em Abril, treinámos só no início do ciclo. Ele começou a afastar-se mais ainda e, a dada altura, passou a fingir os orgasmos. Eu percebi e mostrei-me magoada.
Então, subitamente, a semana passada, no final do fim-de-semana prolongado, ele não abria a boca...perguntei-lhe o que se passava, não queria falar. Disse-lhe que não aguentava aquilo, que não sentia que ele estivesse comigo, que o sentia cada vez mais longe. Foi tudo. Ficou em silêncio cerca de 10 minutos, levantou-se e foi embora. Disse que depois me telefonaria. Até hoje, nunca mais ligou.
Liguei eu e combinámos que viria cá a casa para falarmos no dia seguinte. Não veio. Mandou um sms dizendo que continuava com muitas dúvidas. Liguei de novo e disse-me que, se viesse cá a casa, eu continuaria a querer ter um filho e ele não é capaz. Depois, desligou o telefone, a chorar...eu liguei mais duas vezes. Ele não atendeu. Desde aí, nem mais uma palavra. Começo a pensar que nunca mais dirá nada e nem sequer virá buscar as (muitas) coisas que tem cá em casa para não ter de me enfrentar.
Aqui estou. Sinto-me atordoada e completamente perdida, humilhada, traída...sinto que fui traída da pior maneira possível, naquilo que existe de mais sagrado: a minha vontade de ser mãe. Sinto falta do nosso amor, da companhia dele, das nossas conversas e dos nossos projectos. Não me consigo imaginar a refazer um projecto de vida com outra pessoa em tempo útil de poder vir a ser mãe. Nem sequer lhe posso propor desistir de ter filhos: não lhe conseguiria perdoar o enorme egoísmo de me privar da vontade de ser mãe, não porque ele não possa, mas apenas porque não quer. E muito menos que me tenha feito perder tantos e tão preciosos anos. Nem consigo lidar com o facto de ter virado as costas de um minuto para o outro, sem ter feito absolutamente nada para salvar a nossa relação.
Estou muito, muito, muito triste. Até já pensei em ir a um banco de esperma, mas não consigo suportar a ideia de atravessar uma gravidez sozinha e, sobretudo, de não ter o nome de um pai para colocar na certidão de nascimento do meu filho.
Neste momento, a única coisa que me faz levantar da cama é a (ténue) esperança de poder, ainda assim, ter engravidado o mês passado. Tenho andado enjoada e anteontem de manhã fartei-me de vomitar. Continuo a tomar o meu folicil todos os dias, só com essa esperança...
Sei que, se o período vier na próxima semana, vou ficar no buraco mais negro da minha vida. Não sei o que fazer, nem sequer o que pensar.
Desculpem o texto ter sido tão longo e obrigada por me terem ouvido
Sou uma mulher de 38 anos, tinha uma relação há 3 anos e meio e vivíamos juntos há quase três. Ele tinha (e tem) um filho de um casamento anterior, que terminou antes de nos conhecermos. Eu não tenho filhos, nem sequer estive nunca grávida.
Disse-lhe desde o início que ter filhos (pelo menos um) era um projecto importante para mim. Ele nunca manifestou entusiasmo com a ideia de ser pai de novo, mas foi aceitando cada vez mais ir falando da ideia. Discutimos o assunto imensas vezes, ele chegou a sair de casa umas duas vezes, mas voltou sempre, dizendo que não me queria perder.
Depois do Verão passado, disse-lhe que iria fazer os exames pré-natais, pois não queria perder mais tempo. Ele concordou e eu quis acreditar que a questão estava resolvida. Infelizmente, os exames revelaram uns pólipos do endométrio potencialmente graves, que me pregaram um susto valente e me obrigaram a fazer duas biópsias e uma cirurgia (em Fevereiro). Obviamente, ele acompanhou tudo isto. Disse-me centenas de vezes "vai correr bem" e até sugeriu à minha família que me oferecesse um livro sobre maternidade no Natal, para reforçar a minha confiança (uma vez que eu andava no meio dos exames nessa altura).
Depois da cirurgia, o médico disse-me para esperar um mês e começar a treinar em Março. Disse-me também que deveria engravidar imediatamente porque, visto que queria ser mãe, ele não tinha podido ser tão "agressivo" na cirurgia como teria sido se eu já não o quisesse ser, pelo que havia (e há) grande risco de o problema se repetir de novo.
Lá começámos os treinos em Março. Imediatamente se começaram a manifestar grandes angústias da parte dele. No dia seguinte ao primeiro treino "sem rede", obrigou-me a prometer que me mudaria para Coimbra (sou de Lisboa), onde ele tem uma casa. Sempre tínhamos concordado que só em Lisboa poderíamos viver e trabalhar os dois. Uma mudança para longe significaria acabar completamente com a minha carreira...e para ele seria uma regressão de vários anos. Claramente uma forma de colocar um obstáculo importante na nossa relação.
Outra coisa que mudou foi que o sexo deixou de nos aproximar e passou a afastar-nos. Tornou-se um momento de mais tensão do que prazer e perdemos toda a cumplicidade que antes nos trazia. Ele praticamente nunca mais tomou a iniciativa...
Não engravidei em Março...fiquei (desproporcionadamente) desolada quando me veio o período, porque já intuía que as coisas se iriam complicar, embora ele me tenha assegurado de que tudo ia correr bem (como fez dezenas de vezes no último ano).
Em Abril, treinámos só no início do ciclo. Ele começou a afastar-se mais ainda e, a dada altura, passou a fingir os orgasmos. Eu percebi e mostrei-me magoada.
Então, subitamente, a semana passada, no final do fim-de-semana prolongado, ele não abria a boca...perguntei-lhe o que se passava, não queria falar. Disse-lhe que não aguentava aquilo, que não sentia que ele estivesse comigo, que o sentia cada vez mais longe. Foi tudo. Ficou em silêncio cerca de 10 minutos, levantou-se e foi embora. Disse que depois me telefonaria. Até hoje, nunca mais ligou.
Liguei eu e combinámos que viria cá a casa para falarmos no dia seguinte. Não veio. Mandou um sms dizendo que continuava com muitas dúvidas. Liguei de novo e disse-me que, se viesse cá a casa, eu continuaria a querer ter um filho e ele não é capaz. Depois, desligou o telefone, a chorar...eu liguei mais duas vezes. Ele não atendeu. Desde aí, nem mais uma palavra. Começo a pensar que nunca mais dirá nada e nem sequer virá buscar as (muitas) coisas que tem cá em casa para não ter de me enfrentar.
Aqui estou. Sinto-me atordoada e completamente perdida, humilhada, traída...sinto que fui traída da pior maneira possível, naquilo que existe de mais sagrado: a minha vontade de ser mãe. Sinto falta do nosso amor, da companhia dele, das nossas conversas e dos nossos projectos. Não me consigo imaginar a refazer um projecto de vida com outra pessoa em tempo útil de poder vir a ser mãe. Nem sequer lhe posso propor desistir de ter filhos: não lhe conseguiria perdoar o enorme egoísmo de me privar da vontade de ser mãe, não porque ele não possa, mas apenas porque não quer. E muito menos que me tenha feito perder tantos e tão preciosos anos. Nem consigo lidar com o facto de ter virado as costas de um minuto para o outro, sem ter feito absolutamente nada para salvar a nossa relação.
Estou muito, muito, muito triste. Até já pensei em ir a um banco de esperma, mas não consigo suportar a ideia de atravessar uma gravidez sozinha e, sobretudo, de não ter o nome de um pai para colocar na certidão de nascimento do meu filho.
Neste momento, a única coisa que me faz levantar da cama é a (ténue) esperança de poder, ainda assim, ter engravidado o mês passado. Tenho andado enjoada e anteontem de manhã fartei-me de vomitar. Continuo a tomar o meu folicil todos os dias, só com essa esperança...
Sei que, se o período vier na próxima semana, vou ficar no buraco mais negro da minha vida. Não sei o que fazer, nem sequer o que pensar.
Desculpem o texto ter sido tão longo e obrigada por me terem ouvido
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