Bom dia,
Deixei de escrever, quer no blog quer no forum, não porque me falte a vontade (bem, muitas vezes falta até porque nem sei como organizar o pensamento de modo a ser coerente para a leitura dos outros), mas também porque me falta o tempo e o ânimo.
Hoje vou expor aqui um assunto muito delicado que, como compreenderão, não posso nem quero escrever no tópico normal sem acesso restrito.
Ontem tinha aqui no trabalho uma colega a chorar-se porque o marido foi trabalhar para Angola desde o mês passado. Diz ela que anda mais contipada porque deixou de ter o calor dele na cama a aquecer-lhe as costas. Que falta que ele lhe faz, diz ela... Também não tem filhos, nunca conseguiu ter. E eu respondi-lhe “todos nos adaptamos...”, bem ela me percebeu pois sabe por alto da minha história. Também confesso que sinto a falta de um corpo ao meu lado na cama. Há quase 4 anos que não sei o que é isso. Sinto a falta do “dorme bem”, do “até amanhã” mesmo ali ao meu lado... E penso que o meu ex tem isso todos os dias. Ele fez a m**** toda e seguiu a vida dele, nova mulher, nova família... alguém para aquecê-lo todas as noites. Fiquei com o melhor que resultou de nós, aliás, a única coisa boa que resultou de nós: os pimpolhos. Mas isso não lhe custa, obviamente, pelas provas de desinteresse que tem dado.
Tenho 34 anos quase e não vejo outro destino para mim. Uma das colegas solteironas da faculdade lá anunciou que tem namorado, bem giro, mas certamente (pela foto) mais novo que ela. É feiota, gorducha, mas é muito boa pessoa, acho que merece. Mas e eu? Já houve quem me dissesse (nem me lembro quem) que não reclamasse que já tinha tido direito ao meu pedaço de felicidade na vida, um namorado fixe (era assim que o ex era visto), um marido com estilo (até de Mercedes andava), uma casa bonita e dois filhos giríssimos até aos 30 anos, ah! e que continuava gira e jeitosa mesmo depois de duas gravidezes (pois que isso gera invejas declaradas ou dissimuladas). Que nem faz mal mesmo que eu não arranje mais ninguém!...
Tive dois relacionamentos depois da separação. E sublinho relacionamentos e não relações porque acho que uma relação se reveste de mais do que já tive ou tenho...
O primeiro era muito bom rapaz. Conheceu os meus filhos, gostava muito deles e eles adoravam-no. Mas nunca houve ali uma chama... acho que nem fósforo... da minha parte. Foi como um wash out do meu casamento, uma transição para o eu que deixou de gostar do ex... Ele gostava muito de mim. Mas eu não gostava dele e o relacionamento apenas se prolongou no tempo por causa dos meus filhos... Mas tive de pôr um ponto final. Antes que ele sofresse mais. Custou-me muito fazê-lo sofrer (acho que ele nem teve bem noção disso) pois sei o que é sofrer por alguém que não nos quer.
Entretanto iniciei um relacionamento outro homem, que dura até aos dias de hoje. Já eramos mais ou menos amigos. Foi uma coisa quase explosiva e admito que passado ano e meio ainda sinto frio no estômago quando penso no nosso envolvimento físico, nem sei descrever, é muito bom, como nunca foi com o meu ex. Mas também não posso admitir que sinta os arrepios quando penso se estou apaixonada por ele. Acho que perdi essa capacidade... Talvez também porque ele tenha sido sincero (ainda que por meias palavras, ou às vezes nenhumas) sobre as (não) intenções dele sobre o futuro, digo vivermos juntos.
Mas eu amei demais (acho que até doentiamente) o meu ex. Esgotei esse amor, não sei voltar a dá-lo. Não sei voltar a transmiti-lo. Demorei muito até me soltar e entregar o coração. E agora não sei fazê-lo. Até disso nós damos sinais... ao outro. Não sei se estou mais desiludida porque não vejo futuro entre nós ou porque, analisando o meu interior ontem à noite, perdida nos meus pensamentos, constato que não sinto amor pelo homem com quem tenho estado... Não sinto saudade... ou só às vezes... Quero voltar a amar, a ter alguém a aquecer-me as costas. Fosse ele ou outro... e não sou capaz... porque é que a vida me deu este caminho??
Acho que hoje preciso de ir às compras, estou mesmo down. Qualquer coisa que seja abaixo de 10 euros...
Por favor - sei que é desnecessário dizer - não comentem isto no tópico no fórum
Comunicação
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Amor faz falta...
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Obrigada a ambas, é uma lufada de ar e alento que entra pela janela da minha casa (é fim de semana e estou em casa, mas falo da casa-coração que tenho em mim).
Tenho uma colega de trabalho que é mais que isso, é uma grande amiga, boa ouvinte e quase sempre boa conselheira (digo-lhe que qualquer dia me "cobra as conversas de divã"), e sempre posso contar com a confidencialidade dela. Já trabalhamos juntas há 10 anos. Tem mais 14 anos que eu, um casamento de 20 e tal e um filho agora adolescente. É uma mulher que admiro muito, mulher de pulso, de opinião, trabalhadora, correcta mas ninguém "faz farinha com ela", e quase sempre bem disposta e bom astral. Admito que o meu núcleo reduzido de trabalho (que inclui a minha chefe, com uma história de vida parecida com o "meu filme", uma mulher extraordinária também) foi muitíssimo importante para não cair no abismo. E já partilhei com elas também esta minha dificuldade de relacionamento com a família, em particular a minha mãe, até porque elas conhecem-me bem, estão ali mesmo ao lado, conhecem-me no rosto os estados de alma. E são da tua opinião Maria Verde. Tal e qual.
Os meus meninos foram para o pai este fim de semana. Foram bem, nada contrariados. Por aí estou mais descansada. E eu aproveito para pôr as limpezas em dia. A minha mãe veio cá perguntar entretanto se eu precisava de alguma coisa e, por ter respondido que não, começa a chorar. Se ela soubesse como me destrói... Toda a vida a vi chorar. Também acho que é por isso que não choro, porque vi desde pequenita que ela não ficava melhor, não lhe via alívio a seguir...
Laranja, adiar uma decisão pode ser em si uma decisão... sensata. Acho que o mundo sobrevaloriza quem só toma decisões rápidas e importantes e nem sempre assim pode ou deve ser. A rapidez e avidez de mudar traz-nos muitas vezes vazio e desilusão. Eu levo que tempos para tomar uma decisão, como esta da advogada, por exemplo, como a de acabou definitivamente o casamento no dia em que descobri a traição porque tenho um defeito (se o é): não volto atrás. Boa sorte!
Maria Verde, espero que os TPCs sejam uma fonte de divertimento também para a tua filhota (até à 4ª classe eu gostava de fazê-los... sou estranha, né?), mas sei que hoje em dia o ensino está tão diferente que não encontramos as nossas raízes lá. A partir de Setembro já te peço dicas para a minha princesa, começa ela. Boa sorte para a tua pequenita!
Desfiz-me de coisas de bebé dos meus amores, revivi momentos. Deles. Assim tão pequeninos. Vou ser tia a minha mana vai ter bebé em Julho mas não querem saber o sexo do bebé e vão usar quase tudo o que era dos meus, seja menino ou menina há stock. A maior parte das coisas já não estava cá em casa, foi ficando em sacos arrumada noutro lado e a minha irmã já vai enchendo gavetas para ter ideia do espaço. Mas algumas coisas como sapatinhos, botinhas e sandálias por cá ficaram. Falta-me espaço para dois seres maravilhosos que vão crecendo e tendo outros interesses... livros, brinquedos, obras de arte feitas por eles que reclamam um lugar. E olhei para as sandálias rosa da minha menina tão pequenita da altura em que eu soube ter outro teste de gravidez positivo, e olhei para uns ténis do meu menino de quando começou a querer dar os primeiros passinhos... A vida corre tão depressa! E só damos por isso quando já passou... (excepto a parte de ser tia, que me identifica mais na história, vou tornar esta parte pública no forum, daqui para a frente é que não)
Hoje tinha uma saída de ladies planeada já desde 3ª feira. Mas não fui. Simplesmente perguntei a mim própria "apetece-me ir?". E o meu eu respondeu "não, apetece-me ficar sossegada em casa". Sou um bicho estranho ou estou avariada... gosto tanto de dançar, tinha oportunidade e não fui. Estarei deprimida? Ou só a obedecer à minha natureza num dado momento? Não acho que nestas saídas se encontre o princípe encantado... e voltar para casa com sensação de vazio meteu-me mais medo talvez do que a vontade de abanar o esqueleto (diz quem me conhece que sou boa dançarina). Talvez esteja a precisar de passar tempo comigo própria. Eu não sei fazer isso. Estou a escrever como que a falar convosco no messenger, mas não é. A nova advogada disse-me que nem sempre crescemos sendo ensinadas a exigir respeito, a não querer menos que amor como o que damos. Fiquei aquém mas vou mudar isso.
Deixei de escrever regularmente quando comecei a namorar com o meu ex. A minha poesia passou para os meus beijos, os meus abraços, o amor físico. Se foi desperdiçado? Não! Hoje acho que só foi naquela pessoa em particular. A poesia não são só letras, podem ser imagens, gestos, pode ser um silêncio partilhado num momento certo. Também é verdade que o meu ex nunca valorizou nada do que lhe mostrei que escrevia, pelo contrário. Quando tivémos crises eu escrevia, mas ele não sabia. Só lhe mostrava o que escrevia para a minha filhota, (um destes poemas está na parede no quarto dela).
Quando me separei escrevi também mas a dor era tanta e tão crua que não saiam metáforas mas a carne viva no papel. Devo ao meu filho uma obra calma e tranquila, que o que escrevi exclusivamente para ele foi sofrido. E ele é obra prima que deve ter homenagem à sua semelhança.
Perdi a prática, mas corre-me ainda nas veias qualquer coisa. E aquela sugestão da Maria Verde fez-me arriscar. Dou a mim própria um suficiente dentro daquilo que sei ser capaz de escrever. Cá vai. Para mim. Para eles, os meus amores. E agora para vocês:
Sou mais que corpo e rosto
sou alma, sou coração,
lateja...
às vezes o único ruído
perdido
no amplo corredor
da minha escuridão.
Sou timoneiro
num mar de águas revoltas
e levo dois passageiros
pequeninos
que confiam mas questionam
porque deixei as cordas soltas.
Tenho duas asas
sem ser anjo ou semelhante
nem sempre os protejo
do vento,
da chuva, do frio...
Ocupa-me o pensamento
o que fazer a cada pio.
Sejam fortes
sejam bravos
sejam livres
de amar
e jamais, nunca, escravos
do mundo.
Poderemos ter tudo?
É imperativo acreditar.
Se vos falo do lado da sombra
saibam ser vós o meu astro.
Timoneiro, faz-te ao mastro,
põe-te ao leme da vida
que se rumo perdeste,
não há-de estar perdida.