Inserido Inicialmente por KellyPT
Ver Mensagem
Olá, lindas
O Miguel dorme aqui ao lado, depois de termos dado hoje o nosso primeiro passeio.
Muito obrigada a todas que desejaram felicidades. Não consigo responder a todas. As que já são mães percebem porquê e as outras em breve perceberão.
Ora então cá vai o relato do meu Dia D. Começou mal, porque descobrimos ao sair para o hospital que tinham assaltado o carro do meu marido na noite anterior e partido um vidro. Além da irritação e do atraso que isto provocou, colocou-nos um imediato problema logístico, porque precisávamos do carro para deixar a bagagem que não podíamos levar para a sala de partos e com o vidro partido era difícil. Mas teve a vantagem de me deixar ocupada com outros pensamentos que não a cesariana na viagem para o hospital. Lá chegados, tivémos a sorte de arranjar um lugar perto do quiosque de segurança e o problema lá se resolveu.
Depois subimos e fizemos o internamento. Eu entrei primeiro, despi-me e vesti a bata do hospital. Chegaram umas enfermeiras que me fizeram várias perguntas, me mediram a glicémia e colocaram a soro. Deram-me 2 clisteres para fazer e lá fui ao WC. Entretanto, chegou o marido e estivemos a conversar e a ver TV. Eu estava razoavelmente calma nesta fase. Ainda fui mais 3 vezes ao WC, já com a entrada de soro colocada (e consequentemente enrolada nos fios).
Cerca das 13:30, uma enfermeira vem avisar-me de que vou entrar para a cesariana. A minha adrenalina começa a subir em flecha e o marido tira-me as últimas fotografias de grávida. Entretanto, a Dr.ª Ana Chung chega à porta e avisa-me de que o anestesista ainda não pode vir e que vai demorar "mais uns 20 minutinhos". A minha adrenalina começa a subir, a subir...
Às 14:10, vêm mesmo buscar-me para me levar para a sala de cesarianas. Só eu, porque o marido ficou lá fora a vestir a bata verde dele. Ao entrar na sala, a primeira coisa que vi foram as primeiras roupinhas que escolhi para o bebé com tanto carinho, penduradas em cima da "fonte de calor" onde eu sabia que colocavam e examinavam os bebés logo depois de nascer. Vieram-me as lágrimas aos olhos ao ver aquelas coisinhas no meio de todo o aço de uma sala de cirurgia e não consegui desviar os olhos delas. Deve ter-se notado, porque uma enfermeira veio dizer-me que eu tinha escolhido umas roupas muito bonitas...
A Dr.ª Ana Chung veio perguntar-me se eu estava nervosa. "Um pouco", respondi eu e ela confortou-me dizendo que isso era perfeitamente normal. Depois, uma enfermeira muito simpática explicou-me como me havia de colocar para me administrarem a epidural e todo o procedimento que se seguiria (tombar para o lado e virar depois de barriga para cima). Voltaram a avisar-me de que era natural que me sentisse mal durante a cirurgia e a enfermeira pediu-me para, nesse caso, dizer imediatamente, para ter tempo de fazer alguma coisa. Aqui, comecei a entrar numa fase de quase pânico, que se agravou quando o anestesista entrou e me começou a mexer. Ainda assim, tentei manter-me imóvel, porque sei bem as dores que provoca uma epidural mal ministrada. Quando me deu a injecção, gritei que me estava a doer (vendo bem, acho que não era bem dor, mas uma sensação muito breve de choque eléctrico nas pernas), o médico deu-me mais 1 ou 2 toques e disse que já tinha acabado. Tombei e virei-me como me mandaram, cheia de medo.
Pouco depois, comecei a sentir-me mal, enjoada e com falta de ar (há vários meses que não suportava estar de barriga para cima, por causa da pressão do bebé sobre a veia cava). Este foi de longe o momento mais difícil, porque comecei a deixar de ver e chegou a passar-me pela cabeça que morreria ali. Pelo menos desmaiaria, com certeza. Mas avisei as enfermeiras e, de facto, rapidamente a sensação de desmaio e os enjoos passaram. A falta de ar nem por isso. Tentei respirar pausadamente, mas sem grande êxito, porque estava mesmo nervosa.
Chamei então pelo marido, que ainda não tinha entrado. Pouco depois, reconheço os seus olhos sob uma bata e barrete verdes. Ficámos uns momentos de mãos dadas, com ele a sussurrar-me umas palavras doces ao ouvido.
De repente, ouço um choro de bebé. Alguém grita: "olhe, mamã" e de trás do pano verde que me impedia de ver os médicos surge um corpinho ensanguentado mas muito branquinho, com uma cara redondinha muito perfeitinha. O meu coração deu um salto e dei um grito. Acho que até coloquei uma mão na boca, não sei bem qual, porque deviam estar as duas imóveis. Não estava nada à espera que fosse tão rápido. O Miguel nascia assim, às 14:32 do dia 29 de Outubro de 2012, ao som de Sónia Tavares a cantar "Perfeito coração" (esta parte, segundo o pai, que eu não me lembro da música).
Fiquei em alerta total, para ver se voltava a ouvir o choro dele. E ouvi, 5 ou 6 vezes, mas nada de berraria pegada. O pai deu-me mais um beijo e levantou-se para o ver melhor e tirar as primeiras fotografias. Do lado de trás do pano, a médica disse-me que me iam começar a “limpar” e que isso me poderia fazer alguma impressão. Não fez impressão nenhuma, estava demasiado excitada e contente. Mesmo assim, ainda me voltei a sentir enjoada (e dei pequenos vómitos) duas vezes, mas avisei sempre as enfermeiras e rapidamente melhorei. O papá voltou para junto de mim e uma senhora de bata verde que percebi ser a neonatologista veio dizer-me: “Parabéns, mamã! Está tudo bem com o seu bebé”.
Pouco depois, ouço a voz da Dr.ª Ana Chung a dizer: “Vem aí um embrulhinho”. E colocam-me sobre o peito o embrulhinho mais bonito do mundo: lindo, perfeito, pele muito branca e rosadinha, vestido com a roupa que eu escolhi, de olhos abertos mas muito calmo e a cheirar a bebé. Foi a maior emoção da minha vida e perdi completamente a compostura: desatei a chorar, num pranto incontrolável, abraçando-o com a mão que me tinham deixado soltar. Só conseguia dizer: “Oh, meu amor, meu amor, meu amor!”. Tenho fotografias com o bebé, eu a chorar compulsivamente e ele calmíssimo
A cirurgia terminou entretanto. Já tinham começado a coser-me sem que eu me tivesse sequer apercebido. Todos me deram os parabéns e a Dr.ª Ana Chung disse-me que eu me tinha portado muito bem. Já fora da sala, colocaram o Miguel na minha mama e apercebi-me de que a amamentação seria bem mais dolorosa do que eu tinha pensado…
Ficámos os três um bom bocado na sala de recobro, com o Miguel a dormir placidamente no meu seio. Foi, talvez, o momento mais absolutamente feliz da minha vida. Uma enfermeira levou-o para medir a glicémia e voltou dizendo que estava tudo bem
Depois, subimos para o quarto e nessa tarde já recebi as primeiras visitas: pais, irmão, cunhada e sobrinho e uma tia. Ao início da noite, enviei um sms com a notícia a vários amigos e começaram a chover as mensagens de parabéns. A única má notícia foi que a médica me veio dizer que, à palpação, tinha sentido a presença de vários miomas “lá para cima”. Voltámos ao mesmo, portanto
Tivemos alta do hospital na quinta-feira, dia 1 de Novembro. Eu, que toda a vida receei a maternidade por temer o parto, a perda de liberdade e as noites sem dormir, descobri que nada disso importa e só tenho uma dificuldade grave: a amamentação, que está a ser muito dolorosa e é uma grande preocupação já que o Miguel perdeu mais peso do que devia nos primeiros três dias de vida. Mas, como diz o outro, isso agora não interessa nada…
E pronto, cá está o relato do dia mais feliz da minha vida. Beijos
O Miguel dorme aqui ao lado, depois de termos dado hoje o nosso primeiro passeio.
Muito obrigada a todas que desejaram felicidades. Não consigo responder a todas. As que já são mães percebem porquê e as outras em breve perceberão.
Ora então cá vai o relato do meu Dia D. Começou mal, porque descobrimos ao sair para o hospital que tinham assaltado o carro do meu marido na noite anterior e partido um vidro. Além da irritação e do atraso que isto provocou, colocou-nos um imediato problema logístico, porque precisávamos do carro para deixar a bagagem que não podíamos levar para a sala de partos e com o vidro partido era difícil. Mas teve a vantagem de me deixar ocupada com outros pensamentos que não a cesariana na viagem para o hospital. Lá chegados, tivémos a sorte de arranjar um lugar perto do quiosque de segurança e o problema lá se resolveu.
Depois subimos e fizemos o internamento. Eu entrei primeiro, despi-me e vesti a bata do hospital. Chegaram umas enfermeiras que me fizeram várias perguntas, me mediram a glicémia e colocaram a soro. Deram-me 2 clisteres para fazer e lá fui ao WC. Entretanto, chegou o marido e estivemos a conversar e a ver TV. Eu estava razoavelmente calma nesta fase. Ainda fui mais 3 vezes ao WC, já com a entrada de soro colocada (e consequentemente enrolada nos fios).
Cerca das 13:30, uma enfermeira vem avisar-me de que vou entrar para a cesariana. A minha adrenalina começa a subir em flecha e o marido tira-me as últimas fotografias de grávida. Entretanto, a Dr.ª Ana Chung chega à porta e avisa-me de que o anestesista ainda não pode vir e que vai demorar "mais uns 20 minutinhos". A minha adrenalina começa a subir, a subir...
Às 14:10, vêm mesmo buscar-me para me levar para a sala de cesarianas. Só eu, porque o marido ficou lá fora a vestir a bata verde dele. Ao entrar na sala, a primeira coisa que vi foram as primeiras roupinhas que escolhi para o bebé com tanto carinho, penduradas em cima da "fonte de calor" onde eu sabia que colocavam e examinavam os bebés logo depois de nascer. Vieram-me as lágrimas aos olhos ao ver aquelas coisinhas no meio de todo o aço de uma sala de cirurgia e não consegui desviar os olhos delas. Deve ter-se notado, porque uma enfermeira veio dizer-me que eu tinha escolhido umas roupas muito bonitas...
A Dr.ª Ana Chung veio perguntar-me se eu estava nervosa. "Um pouco", respondi eu e ela confortou-me dizendo que isso era perfeitamente normal. Depois, uma enfermeira muito simpática explicou-me como me havia de colocar para me administrarem a epidural e todo o procedimento que se seguiria (tombar para o lado e virar depois de barriga para cima). Voltaram a avisar-me de que era natural que me sentisse mal durante a cirurgia e a enfermeira pediu-me para, nesse caso, dizer imediatamente, para ter tempo de fazer alguma coisa. Aqui, comecei a entrar numa fase de quase pânico, que se agravou quando o anestesista entrou e me começou a mexer. Ainda assim, tentei manter-me imóvel, porque sei bem as dores que provoca uma epidural mal ministrada. Quando me deu a injecção, gritei que me estava a doer (vendo bem, acho que não era bem dor, mas uma sensação muito breve de choque eléctrico nas pernas), o médico deu-me mais 1 ou 2 toques e disse que já tinha acabado. Tombei e virei-me como me mandaram, cheia de medo.
Pouco depois, comecei a sentir-me mal, enjoada e com falta de ar (há vários meses que não suportava estar de barriga para cima, por causa da pressão do bebé sobre a veia cava). Este foi de longe o momento mais difícil, porque comecei a deixar de ver e chegou a passar-me pela cabeça que morreria ali. Pelo menos desmaiaria, com certeza. Mas avisei as enfermeiras e, de facto, rapidamente a sensação de desmaio e os enjoos passaram. A falta de ar nem por isso. Tentei respirar pausadamente, mas sem grande êxito, porque estava mesmo nervosa.
Chamei então pelo marido, que ainda não tinha entrado. Pouco depois, reconheço os seus olhos sob uma bata e barrete verdes. Ficámos uns momentos de mãos dadas, com ele a sussurrar-me umas palavras doces ao ouvido.
De repente, ouço um choro de bebé. Alguém grita: "olhe, mamã" e de trás do pano verde que me impedia de ver os médicos surge um corpinho ensanguentado mas muito branquinho, com uma cara redondinha muito perfeitinha. O meu coração deu um salto e dei um grito. Acho que até coloquei uma mão na boca, não sei bem qual, porque deviam estar as duas imóveis. Não estava nada à espera que fosse tão rápido. O Miguel nascia assim, às 14:32 do dia 29 de Outubro de 2012, ao som de Sónia Tavares a cantar "Perfeito coração" (esta parte, segundo o pai, que eu não me lembro da música).
Fiquei em alerta total, para ver se voltava a ouvir o choro dele. E ouvi, 5 ou 6 vezes, mas nada de berraria pegada. O pai deu-me mais um beijo e levantou-se para o ver melhor e tirar as primeiras fotografias. Do lado de trás do pano, a médica disse-me que me iam começar a “limpar” e que isso me poderia fazer alguma impressão. Não fez impressão nenhuma, estava demasiado excitada e contente. Mesmo assim, ainda me voltei a sentir enjoada (e dei pequenos vómitos) duas vezes, mas avisei sempre as enfermeiras e rapidamente melhorei. O papá voltou para junto de mim e uma senhora de bata verde que percebi ser a neonatologista veio dizer-me: “Parabéns, mamã! Está tudo bem com o seu bebé”.
Pouco depois, ouço a voz da Dr.ª Ana Chung a dizer: “Vem aí um embrulhinho”. E colocam-me sobre o peito o embrulhinho mais bonito do mundo: lindo, perfeito, pele muito branca e rosadinha, vestido com a roupa que eu escolhi, de olhos abertos mas muito calmo e a cheirar a bebé. Foi a maior emoção da minha vida e perdi completamente a compostura: desatei a chorar, num pranto incontrolável, abraçando-o com a mão que me tinham deixado soltar. Só conseguia dizer: “Oh, meu amor, meu amor, meu amor!”. Tenho fotografias com o bebé, eu a chorar compulsivamente e ele calmíssimo
A cirurgia terminou entretanto. Já tinham começado a coser-me sem que eu me tivesse sequer apercebido. Todos me deram os parabéns e a Dr.ª Ana Chung disse-me que eu me tinha portado muito bem. Já fora da sala, colocaram o Miguel na minha mama e apercebi-me de que a amamentação seria bem mais dolorosa do que eu tinha pensado…
Ficámos os três um bom bocado na sala de recobro, com o Miguel a dormir placidamente no meu seio. Foi, talvez, o momento mais absolutamente feliz da minha vida. Uma enfermeira levou-o para medir a glicémia e voltou dizendo que estava tudo bem
Depois, subimos para o quarto e nessa tarde já recebi as primeiras visitas: pais, irmão, cunhada e sobrinho e uma tia. Ao início da noite, enviei um sms com a notícia a vários amigos e começaram a chover as mensagens de parabéns. A única má notícia foi que a médica me veio dizer que, à palpação, tinha sentido a presença de vários miomas “lá para cima”. Voltámos ao mesmo, portanto
Tivemos alta do hospital na quinta-feira, dia 1 de Novembro. Eu, que toda a vida receei a maternidade por temer o parto, a perda de liberdade e as noites sem dormir, descobri que nada disso importa e só tenho uma dificuldade grave: a amamentação, que está a ser muito dolorosa e é uma grande preocupação já que o Miguel perdeu mais peso do que devia nos primeiros três dias de vida. Mas, como diz o outro, isso agora não interessa nada…
E pronto, cá está o relato do dia mais feliz da minha vida. Beijos
Parabens!!!
Comentar