Olá.
Como não quero de forma alguma dar azo a crispações (entre mães que perderam os filhos, que somos todas nós), queria sublinhar que este post é dirigido especialmente às mães que perderam os seus bebés "obrigatoriamente", ou seja, através de umas Interrupção Médica da Gravidez (IMG).
É mais um desabafo (no meio de tantos), mas agora de alguém que já teve tempo para superar a pior parte, de ponderar e avaliar tudo o que se passou... incluindo o apoio que este fórum pode dar.
E vou ser sincera: o poder de um fórum deste tipo é enorme e fundamental para a recuperação da nossa sanidade mental. Há 2 anos (Março 2008 ), tive o meu inferno e fui apoiada com carinho.
Mas a verdade é que também me senti um pouco "fora do clube". Porque eu não perdi uma estrelinha - foi-me arrancada da barriga uma menina de 4 meses. É diferente, muito diferente de perder uma estrelinha...
Deus (se ele existe) "marcou-me" não para um aborto espontâneo, mas para um que teve de ser feito devido a uma doença incompatível com a vida. Tive de estar internada, tive de ter dores, sentir contracções, fazer força, sentir a minha filha a nascer... Tive de ir à consulta de genética e enfrentar um relatório patológico detalhado (incluindo o peso e as deformidades daquele corpinho de 17 centímetros...) e uma radiografia da minha bebé, morta às 17 semanas...
Do meu ponto de vista, muito poucas mães estavam realmente habilitadas a dizer "sei o que sentes". Uma palavra muito amiga fica, no entanto, para as mães que tiveram um aborto espontâneo já no 2º trimestre, que as houve. Penso que nessa altura o sofrimento é o mesmo.
Mas a verdade é que fico um pouco revoltada por verificar que na nossa sociedade a IMG não tem a mesma relevância que o aborto espontâneo... não sei sequer se tem alguma. (Aí fica uma sugestão para uma dissertação de mestrado...) Uma IMG não é tão vulgar quanto um aborto espontâneo, mas nem por isso deixa de ser menos importante. Apenas somos menos em números - o nosso clube é muito pequenino em comparação com o outro.
Para quem sabe do que falo, fica o meu mais profundo respeito e solidariedade. Se puder ajudar, nem que seja no limpar virtual de uma lágrima, por favor contem comigo. Eu lembro-me como foi, e como anda é.
x Inês
Como não quero de forma alguma dar azo a crispações (entre mães que perderam os filhos, que somos todas nós), queria sublinhar que este post é dirigido especialmente às mães que perderam os seus bebés "obrigatoriamente", ou seja, através de umas Interrupção Médica da Gravidez (IMG).
É mais um desabafo (no meio de tantos), mas agora de alguém que já teve tempo para superar a pior parte, de ponderar e avaliar tudo o que se passou... incluindo o apoio que este fórum pode dar.
E vou ser sincera: o poder de um fórum deste tipo é enorme e fundamental para a recuperação da nossa sanidade mental. Há 2 anos (Março 2008 ), tive o meu inferno e fui apoiada com carinho.
Mas a verdade é que também me senti um pouco "fora do clube". Porque eu não perdi uma estrelinha - foi-me arrancada da barriga uma menina de 4 meses. É diferente, muito diferente de perder uma estrelinha...
Deus (se ele existe) "marcou-me" não para um aborto espontâneo, mas para um que teve de ser feito devido a uma doença incompatível com a vida. Tive de estar internada, tive de ter dores, sentir contracções, fazer força, sentir a minha filha a nascer... Tive de ir à consulta de genética e enfrentar um relatório patológico detalhado (incluindo o peso e as deformidades daquele corpinho de 17 centímetros...) e uma radiografia da minha bebé, morta às 17 semanas...
Do meu ponto de vista, muito poucas mães estavam realmente habilitadas a dizer "sei o que sentes". Uma palavra muito amiga fica, no entanto, para as mães que tiveram um aborto espontâneo já no 2º trimestre, que as houve. Penso que nessa altura o sofrimento é o mesmo.
Mas a verdade é que fico um pouco revoltada por verificar que na nossa sociedade a IMG não tem a mesma relevância que o aborto espontâneo... não sei sequer se tem alguma. (Aí fica uma sugestão para uma dissertação de mestrado...) Uma IMG não é tão vulgar quanto um aborto espontâneo, mas nem por isso deixa de ser menos importante. Apenas somos menos em números - o nosso clube é muito pequenino em comparação com o outro.
Para quem sabe do que falo, fica o meu mais profundo respeito e solidariedade. Se puder ajudar, nem que seja no limpar virtual de uma lágrima, por favor contem comigo. Eu lembro-me como foi, e como anda é.
x Inês
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