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BABS vs Dr. Carlos Gonzales

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  • deinhac, foi extamente o que eu passei. Até me arrepiei a ler o teu relato. Poucas coisas me fizeram tanta impressão na vida como ver a minha filha com a boca e a cara sujas de sangue a mamar (a primeira vez assustei-me tanto, pensei que o sangue era dela), tirar leite com a bomba e ele ser cor de rosa :-( Odiar o momento de lhe dar de mamar em vez de gostar; passar o dia em sofrimento antecipado à espera da hora. Eu sou mãe solteira e estou sozinha com a minha filha desde o primeiro dia. Nem avós, nem ninguém para me ajudar, para me fazer comida ou para me limpar a casa, para lhe pegar um bocadinho para eu tomar banho. Ela chorava, chorava, chorava. Até a vizinha me bateu à porta, se eu precisava de ajuda, que a menina chorava tanto, horas seguidas. Chorava ela e chorava eu.

    Fui várias vezes ao centro de saúde, estive horas com as enfermeiras, a pega estava bem, estava tudo bem, dava-lhe em livre demanda, sem horas marcadas, tentei bicos de silicone, sei lá. Tive apoio, mas tenho um feitio de mama dificil, diziam-me elas, muito volumosa e densa mas com bicos pequenos. Quando ela tinha um mês e meio a minha médica, que é uma pessoa de muito discernimento, quando me viu lavada em lágrimas com a enfermeira, a mostrar as mamas e a dar de mamar à menina, disse-me mais o menos o mesmo que a tua, de certa forma aquilo que eu precisava ouvir: «A sua filha não tem mais ninguém. A mãe tem de estar bem para ela estar bem também. Uma mãe exausta e em sofrimento não é o que ela precisa, e não morre de fome se não beber o seu leite.»

    Também andei algum tempo a dar mama e suplemento, a fazer intervalos maiores para diminuir as dores, e aconteceu-me o que te está a acontecer, o leite foi diminuindo e acabou por secar.

    Aliás, posso dizer que a fase pior de choro da minha filha foi nessas primeiras semanas em que eu andava tão stressada e cansada que só podia estar a transmitir-lhe o meu mau estar. Não digo que chorasse de fome (embora não estivesse a aumentar tanto como devia, mas também nasceu grande), mas que chorava horas seguidas todos os dias, chorava. Assim que passou o meu sentimento de culpa por não estar a conseguir alimentá-la como queria e achava que tinha de fazer, assim que as minhas dores passaram, a minha disposição melhorou, a calma regressou e as «cólicas» dela passaram também instantaneamente, que não era mais que choro nervoso (ou se calhar fome, sei lá). O LA nunca a fez chorar como na fase em que era só amamentada. É saudável, se faltou dois ou três dias por pequenas viroses foi muito, e esteve numa ama com outras crianças desde os 4 meses e no infantário desde os 2 anos. Para mim, acredito que deixar de amamentar foi o melhor para a minha filha, a curto médio e longo prazo e em todos os aspetos. Mas só posso falar por mim e as restantes saberão de si. E assim é que devia ser.

    Elsa

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    • Deinhac, concordo com tudo. Não o diria melhor e sim, ao contrário do que se diz por aí, também eu senti na pele a mesma coisa que tu com o pediatra idiota. E não só da parte de profissionais de saúde, como de familiares. Acho que não podias estar mais certa, é mesmo só isso.

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      • Deinhac...compreendo-te perfeitamente. O pediatra dos meus filhos é super a favor do LM, mas quando eu, na 1ª consulta, lhe expliquei como não tinha tido leite, os esforços que fiz e a impossibilidade de alimentar os 2 sem LA, ele simplesmente disse que compreendia e não voltou a tocar no assunto. Julgamentos e críticas era o que menos precisava naquele momento.

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        • Inserido Inicialmente por deinhac Ver Mensagem
          Eu tambem não li tudo, mas gostava de dar a minha achega á conversa, estando eu a viver um periodo de amamentação conturbado como algumas devem saber, pois coloquei um topico na secção de Aleitamento...

          Resumidamente, a minha fonte leiteira está a diminuir drásticamente porque tive de reduzir as mamadas, uma vez que as dores eram insuportaveis. Desde o principio nunca tive muuuito leite, fiz tudo ao MEU alcance pois queria muito amamentar, fui a uma conselheira, tomei suplementos, investi numa bomba, bicos de silicone, pomadas, tudo para amenizar as dores e vivia com o miudo agarrado à mama para aumentar a produção, até que fui à médica a achar que teria um problema, tipo uma candidiase ou coisa assim (porque as dores continuavam mesmo entre mamadas, dores horriveis tipo agulhadas e ardor, mesmo passada a fase das gretas - o miudo chegou a ter a boca cheia de sangue a mamar!)
          "Problema nenhum" diz me a medica, com pena minha, porque seria mais facil para mim vir com uma pomadinha e curar a coisa em dias... "porque não seca o pouco leite que tem?" pergunta ela e perante o meu ar desconsolado, diz "querida, se vivessemos no Uganda seria uma questão de sobrevivencia; assim, escusa de viver nessa angústia, com dores e sofrimento a dar de mamar, dê LA ao seu filho que ele fica bem na mesma. Tem outras formas de lhe dar miminhos". Eu pensei que ela tinha toda a razão, mas não sequei o leite, continuo a dar-lhe mama, mas como não é em todas as mamadas, assim não me doi. Encontrei este esquema que é bom para mim e para o meu filho, assim posso olhar para ele enquanto me suga o peito sem franzir o rosto com dores nem dizer palavrões para dentro. Assim há entrega e gosto em dar-lhe mama, até o leite durar...

          Há dias fui a uma consulta no pediatra do centro de saude e saí de lá deprimida, o pediatra era ultra contra o LA e fez-me sentir abaixo de cão por lhe dar suplemento. O bebe tem cólicas "é do suplemento"; o bebe tem borbulhas na testa "é do suplemento"; etc etc, nem quis saber porque não dou só mama, criticou e mais nada. E se querem saber, em todo este percurso tenho-me sentido perseguida por não conseguir dar leite materno. Por isso francamente falando, desinformação sobre leite materno acho que não há nenhuma; mas atrevo-me a dizer que há uma certa perseguição contra o leite artificial, contra quem o dá, seja lá porque motivo for. E esta perseguição faz mal aos bebes- porque primeiro faz mal ás mães, que se sentem fracassadas e incapazes, e isso sim é prejudicial á relação com os seus filhos.

          "Maior vínculo por dar mama?" opah não me lixem, além de ridículo é cruel! Eu tenho muito mais vínculo e amor ao meu filho quando lhe dou agora um biberon do que quando dava a mama e só me apetecia empurrá-lo com as dores que tinha!

          Quanto á questão de amamentar até tarde, não tenho muita opinião. Assim de repente acho um bocado absurdo dar de mamar a crianças de mais de 2 anos, mas passa-me ao lado, cada um faz o que quiser. Eu não teria pachorra. E não me faz confusão nenhuma ver mulheres a amamentar em publico nem acho que tenham de se esconder, era o que mais faltava, mas convenhamos que alguma contenção é de se louvar: há tempos estava na fila da casa das sandes e numa mesa, muito mas muito exposta estava uma tipa com um mamalhão enorme todo de fora, as pessoas da fila todas tinham de levar com aquilo pois estava mesmo virada para elas... era assim, digamos que escusado.

          Outra coisa que sinceramente acho, o leite materno é realmente melhor sim, mas dependendo da alimentação da mãe. Se a mulher se alimenta a congelados de microondas, duvido muito que o leite materno seja superior em qualidade a um LA... e muitas mulheres estão de tal forma exaustas nos primeiros tempos que mal têm tempo para elas quanto mais para cozinhar todos os dias e ter refeiçoes saudaveis e variadas!...


          Resumindo, acho que já chateia esta historia do leite e da obrigação em dar mama. Pelo menos é o que tenho sentido, quase como uma loucura ser de outra forma; e não, não é. Acho que a mulher deve pelo menos tentar dar mama, mas se não conseguir, não gostar ou não quiser, não deve ser julgada da forma que é. Eu dispenso ouvir mil vezes os benefícios do leite materno que estou careca de saber... O que me importa agora é alimentar o meu filho, ve-lo crescer feliz e saudavel (tal como eu e os meus irmãos crescemos, por acaso a LA).

          E é só!
          Gostei mesmo muito de te ler! Muito equilibrada e inteligênte! Parabéns!


          \"Bom mesmo é ir à luta, com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder com classe e viver com ousadia, pois o triunfo pertence a quem mais se atreve.\"

          \"Ter problemas na vida é inevitável; ser derrotado por eles é opcional\"

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          • É um bocado por aí: respeito e compreensão

            Respeito por quem não pode e não quer dar de mamar, perceber que nem todas as mães vêem a amamentação de forma positiva e nem todas têm boas experiências.
            Respeito por quem estabecele uma boa amamentação e opta por prolongar o máximo que quer e que pode.

            E entender que as dicussões são boas para que não hajam mulheres a tomarem decisões sobre este assunto sem esterem devidamente informadas e esclarecidas

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            • Obrigada a quem me elogiou. De facto é esta a percepção que tenho deste assunto, que estamos a dar bastante ênfase aos benefícios do leite materno, com muita informação (e ainda bem!), mas esta sensibilização não deve ser feita depreciando o leite artificial de modo a constrangir quem o dá, pelos motivos que forem, pois são ambas opções válidas.

              Elsa, vejo que passaste por uma situação muito identica á minha... e depois de falar com muitas pessoas vejo agora que não somos um caso assim tão raro, realmente é triste pois isto da amamentação deveria ser uma coisa muito natural mas pode ser algo muito complicado mesmo... não flui a toda a gente da mesma maneira, isto é certo, daí que uma mãe que se esforçou imenso e não conseguiu dar de mamar ter de ouvir dos outros que o LA não presta e não dá saúde, é uma verdadeira cretinice.

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              • Aconteceu uma coisa curiosa agora. Estava a dar o biberon ao meu Diogo e ele terminou e deixei-o ficar adormecido no meu colo. Olhei para aquela carinha linda a dormir, fiz lhe uma festa no rosto e sussurrei para ele "meu anjinho..." num momento só nosso. O meu marido, alheio a este forum e ás minhas intervenções, estava por perto e ouviu, e comenta a rir " Ah agora que não te dá cabo das mamas já é anjinho!"

                Ora aqui está. Quando amamentava em sofrimento não tinha muitos gestos de carinho para o meu filho. Coincidencia ou não tornei-me mais meiga e confesso que só agora sinto vínculo e aquele amor verdadeiro que uma mãe deve sentir pelo seu rebento.

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                • Inserido Inicialmente por deinhac Ver Mensagem
                  Aconteceu uma coisa curiosa agora. Estava a dar o biberon ao meu Diogo e ele terminou e deixei-o ficar adormecido no meu colo. Olhei para aquela carinha linda a dormir, fiz lhe uma festa no rosto e sussurrei para ele "meu anjinho..." num momento só nosso. O meu marido, alheio a este forum e ás minhas intervenções, estava por perto e ouviu, e comenta a rir " Ah agora que não te dá cabo das mamas já é anjinho!"

                  Ora aqui está. Quando amamentava em sofrimento não tinha muitos gestos de carinho para o meu filho. Coincidencia ou não tornei-me mais meiga e confesso que só agora sinto vínculo e aquele amor verdadeiro que uma mãe deve sentir pelo seu rebento.
                  Eu percebo isto tão bem! Como comentei noutro tópico, nos primeiros meses raramente falhei a hora do biberão ds meus filhos, apesar de ter uma (ou duas) pessoas em casa para fazer isso. Era um momento nosso...mesmo sem mama...
                  Nos dias em que insisti, cheia de dores, sem nada sair da mama, a ter de dar suplemento a seguir, uma parte de mim só queria que aquele martírio acabasse depressa...depois estava mais relaxada, mais segura, mais serena...

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                  • Fizeste me lembrar eu mesma, no inicio não conseguia deixar ninguém dar o biberão ao filhote, nem mesmo o pai dele, nem biberão, nem banho, nem medicação fosse o que fosse, só eu podia, alimenta-lo, dar banho, vesti-lo, mesmo a roupinha dele tinha d ser eu a passa-la ( porque só assim sabia que estava bem desinfectada). Se precisava de ir às compras ou sair, deixava-o com a minha mãe, mas certificava-me que chegava antes da hora do leite :/ vá lá que a panca, melhorou consideravelmente lá para os 10 mesitos, e dá tanto jeito uma ajudinha extra




                    Madrinha querida Caty80
                    Madrilhada fofucha Julit

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                    • Pá confesso que adorava a hora de dar biberão à minha, mas que assim que o pai chegava a casa essa tarefa era dele. Mesmo quando ela aínda bebía o meu leite. Simplesmente porque ele adorava. E confesso que eu adorava vê-los!
                      O banho também era (e é aínda a maior parte das vezes) da responsabilidade do pai. Aínda hoje me derreto toda a vê-lo secar o cabelo à filha!

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                      • Inserido Inicialmente por pateta Ver Mensagem
                        Pá confesso que adorava a hora de dar biberão à minha, mas que assim que o pai chegava a casa essa tarefa era dele. Mesmo quando ela aínda bebía o meu leite. Simplesmente porque ele adorava. E confesso que eu adorava vê-los!
                        O banho também era (e é aínda a maior parte das vezes) da responsabilidade do pai. Aínda hoje me derreto toda a vê-lo secar o cabelo à filha!
                        O banho por aqui também é responsabilidade do pai! Desde o hospital. Ainda só dei 1x.

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                        • Na altura que ainda vivia com o C. era tudo dividido até a amamentação. Introduzi o biberão a pensar no C. assim sentia-se tão útil como eu.


                          Madrinha de Parto da Dea, Anana e Tafi - Já nasceram e são lindos / Afilhada de Parto da Dea

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                          • Não consegui ler o tópico todo, mas alguém conseguiu um link do youtube com o programa?

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                            • Inserido Inicialmente por DianaD Ver Mensagem
                              Não consegui ler o tópico todo, mas alguém conseguiu um link do youtube com o programa?
                              Ainda não. A Adelaide nunca mais me disse nada e a Babs estava á espera que lhe enviassem o vídeo para fazer o upload. Assim que tiver alguma coisa, publico.

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                              • Quando chegou a hora de introduzir o biberão, quqando regressei ao trabalho, o meu marido adorava dar-lho! Ainda hoje diz que tem saudades daqueles dias (que foram poucos porque entretanto fez-se a introdução dos sólidos). O banho é dado por mim ou pelo marido mas ambos gostamos muito. Confesso que nos 1ºs dias me metia imensa confusão deixar que ele ajudasse com o que quer que fosse... Já nem me refiro a outras pessoas, aí virava bicho, nem sei bem porquê! LOL! Mas aos poucos habituei-me que o filho não é meu, no sentido de ser uma posse minha. É um bebé que tenho o privilégio de poder dizer que é meu filho mas sabendo que o estou a criar para o Mundo. Nisso, o Saramago tem toda a razão.

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