RE: Não poder dár de mamar não é um drama!!!!
Talvez não me tenha explicado bem, mas não foi exactamente isso que eu quis dizer. O que eu quis dizer foi que há mulheres que defendem animadamente o LM, estão manifestamente decididas a amamentar quando chegar a sua vez, etc, e depois, se não são bem sucedidas, vêm dizer que afinal o que interessa é que sejam saudáveis, e que o LA não é um bicho papão, etc. Ou seja, em vez de aceitarem para si mesmas que não conseguiram (seja porque razão for) concretizar uma coisa que para elas era muito importante, convencem-se de que afinal de contas o LM não tinha essa importância toda para si. Diz-me lá quantas vezes é que ouviste uma mãe que não conseguiu amamentar ou que amamentou muito pouco a admitir que falhou numa coisa que lhe era muito cara e que adoraria ter uma segunda oportunidade para reparar o que fez mal, pedir ajuda, informar-se melhor? O que eu queria dizer com relativização é isto: o movimento pouco corajoso em que se menospreza a importância que alguma coisa tem para nós para não termos de viver com a sua falta, o seu insucesso, e o sofrimento que isso nos causou. Atenção que não estou a sugerir que o insucesso na amamentação deva levar uma mãe a "chorar" este facto para o resto da vida! Acho muito bem que se ande para a frente e se faça o melhor o melhor que se sabe com aquilo que se tem. O LM é de facto muito importante, mas uma mãe emocionalmente estável e feliz é ainda mais; mas ultrapassar algo que não correu bem envolve trabalhá-lo, analisá-lo com honestidade, aceitar a dor que provoca em nós. Tudo o resto para mim são atalhos, é batota, e são fantasmas que não nos largam mais.
Em relação ao teu caso, tenho algumas coisas a dizer (acho que já te disse isto há mais tempo): as tuas duas filhas mamaram durante o período em que o LM lhes fez mais falta. Foram elas que tiveram a iniciativa do desmame (mesmo que se tratasse de um "falso" desmame, mesmo que tu pudesses ter feito isto ou aquilo para o reverter). Tu não vens dizer que fizeste tudo o que estava ao teu alcance para alterar a situação - tens a coragem de assumir que havia outros pesos na balança e que tiveste de optar. Não te leio a justificares-te ou a expressar sentimentos de perseguição relativamente a mães que amamentaram até mais tarde. Falas com a serenidade e bom senso de quem sabe que as coisas poderiam ter sido diferentes, mas convive saudavelmente com a forma como o processo se deu.
Caalex (15-09-2009)
Discordo em absoluto com esta tua frase. Relativizar nem sempre revela falha de personalidade, por vezes tens de tomar opções na tua vida, e colocas em 1ª lugar aquela que para ti é a mais importante, relativizando outro aspecto que embora seja importante, acaba por ter uma importância "relativa", acaba por ser tornar secundário.
Por exemplo, eu nunca tive problemas em estabelecer a amamentação, não sei o que se são mamilos gretados, más pegas, etc. Sei a importância de não impor horários ao bebé para que a amamentação se estabeleça em harmonia.
No entanto, passei por momentos dificeis após a introdução do sólidos. A S. - que até aí tinha mamado perfeitamente e em exclusivo- começou a recusar a mama quando entrou na creche aos 5 meses, e simultaneamente iniciou os sólidos e começou a beber leite do biberão com maior regularidade. Como mal mamava, tentei estimular com a bomba, troquei de bomba, comprei uma eléctrica, acordava expressamente a noite para tirar leite, mas devo ter alguma aversão psicológica à maquineta porque não conseguia. Comecei a desasperar, até que optei por desistir e assim a S., que até aos 5 meses tinha bebido LM em exclusivo, passado mês e meio já não bebia LM nenhum.
Como me ficou um "dissabor", esforcei-me para ser melhor sucedida na próxima viagem. Assim foi, a Inês não conheçou biberões, aos 4 meses e meio de licença de maternidade juntei 1 mês de férias e ainda 1 de licença sem vencimento para que ela pudesse ser amamentada em exclusivo até aos 6 meses. Fui introduzindo os sólidos bem devagarinho, oferecendo sempre 1ª a mamoca, mesmo assim começou a desinteressar-se pela mama); quando entrou na creche aos 7 meses e meio "o caldo entornou por completo". Sempre que chegava a casa oferecia a mama e a I. recusava, ainda ia mamando durante a noite mas como a produção ia declinando, cada vez o seu desinteresse era maior e só queria biberão. A bomba voltou a falhar, exprimentei a extracção manual mas também não surgiu efeito.
Se tivesse me esforçado mais poderia ter melhores resultados, mas relativizei em função de outros "valores". Nunca exprimentei ficar 1 ou mais dias com a I. na cama com as mamas de fora para ver se ela voltava a pegar (desconhecia este método da 1ª vez), tinha outra filha a quem dar atenção, e que para mim era mais importante que o LM. Não acordei n vezes para tentar estimular, pois já me chegava acordar 3 a 4 x/noite - as vezes que a I. costumava acordar - e eu precisava de capacidade física emocional para lidar com o dia seguinte no trabalho e para ter disponibilidade para as minhas 2 filhas.
Sendo assim, passei a relativizar a importância do LM, pois havia outras coisas que passaram a ter mais importância.
Não vejo, nesta prespectiva, onde possa estar a atacar as mães que - apesar de todas as contrariedades - conseguiram fazer da amamentação prolongada um sucesso.
Concordo que há mães que não conseguiram estabelecer a amamentação, estão revoltadas, frustradas - embora não o admitam - e sintam qualquer conselho e opinião como um ataque. Acredito que há mães que não foram sucedidas porque não souberam ou não quiseram esforçar-se, mas tomaram a opção que na altura foi ou pareceu ser mais indicada.
Nada as impede de na próxima vez tentarem ir mais longe (se eu voltasse a engravidar iria tentar), mas considerar que sofrem de alguma falta grave de personalidade, parece-me, no mínimo, redutor.
Baby Mine (14-09-2009)Pelo amor de Deus, não se pode abrir um tópico num fórum público e esperar que todos os posts tenham como propósito passar-nos a mão pelo pêlo. Se nos tópicos do Aleitamento Materno, quando são gabadas as virtudes e a superioridade do LM, há sempre mais do que uma mãe a querer relativizar a sua importância e a dizer que não é pior mãe por dar LA, etc, etc, porque é que este tópico há-de estar vedado a mães que amamentam e que muito delicadamente vieram expressar a sua opinião? Além do mais, é de lamentar que o conteúdo de posts tão pertinentes e certeiros como os da cbarradas e o da Dulsa (este foi pura e simplesmente ignorado) não tenha merecido o interesse de ninguém.
O discurso de algumas de vocês, que tão lesadas se sentem pelos testemunhos bem intencionados que aqui foram deixados, também pode ser considerado ofensivo por mães que, tendo passado grandes dificuldades (semelhantes à vossas) no início, conseguiram levar avante a amamentação. Quando vocês diminuem a importância vossa "derrota" estão a diminuir a importância da sua "vitória", o que é muitíssimo injusto.
Todas nós somos responsáveis pelo aleitamento que decidimos/conseguimos fazer, mesmo que sejamos simultaneamente vítimas da falta de informação dos profissionais de saúde, de condições no parto pouco favoráveis à amamentação, do apoio insuficiente da família, do nosso próprio estado emocional,etc. Eu aquilo que é importante para mim e não fui capaz de fazer, mas que sei que poderia ter feito se me tivesse munido de mais armas (sejam elas quais forem), considero um fracasso, por isso tenho pouca tolerância para quem não é capaz de assumir os seus. Relativizar parece-me um péssimo princípio e uma falha de personalidade muito grande: só é de real valor aquilo que eu fui capaz de atingir; tudo aquilo que eu não consegui, ou não tive paciência, ou não me interessou fazer não era (afinal de contas) nada de muito importante.
Lamber as feridas é um trabalho necessário, mas é essencial admitir que estas existem, olhar para elas e até mexer-lhes (mesmo sendo doloroso), para perceber como foram ali parar.
O discurso de algumas de vocês, que tão lesadas se sentem pelos testemunhos bem intencionados que aqui foram deixados, também pode ser considerado ofensivo por mães que, tendo passado grandes dificuldades (semelhantes à vossas) no início, conseguiram levar avante a amamentação. Quando vocês diminuem a importância vossa "derrota" estão a diminuir a importância da sua "vitória", o que é muitíssimo injusto.
Todas nós somos responsáveis pelo aleitamento que decidimos/conseguimos fazer, mesmo que sejamos simultaneamente vítimas da falta de informação dos profissionais de saúde, de condições no parto pouco favoráveis à amamentação, do apoio insuficiente da família, do nosso próprio estado emocional,etc. Eu aquilo que é importante para mim e não fui capaz de fazer, mas que sei que poderia ter feito se me tivesse munido de mais armas (sejam elas quais forem), considero um fracasso, por isso tenho pouca tolerância para quem não é capaz de assumir os seus. Relativizar parece-me um péssimo princípio e uma falha de personalidade muito grande: só é de real valor aquilo que eu fui capaz de atingir; tudo aquilo que eu não consegui, ou não tive paciência, ou não me interessou fazer não era (afinal de contas) nada de muito importante.
Lamber as feridas é um trabalho necessário, mas é essencial admitir que estas existem, olhar para elas e até mexer-lhes (mesmo sendo doloroso), para perceber como foram ali parar.
Discordo em absoluto com esta tua frase. Relativizar nem sempre revela falha de personalidade, por vezes tens de tomar opções na tua vida, e colocas em 1ª lugar aquela que para ti é a mais importante, relativizando outro aspecto que embora seja importante, acaba por ter uma importância "relativa", acaba por ser tornar secundário.
Por exemplo, eu nunca tive problemas em estabelecer a amamentação, não sei o que se são mamilos gretados, más pegas, etc. Sei a importância de não impor horários ao bebé para que a amamentação se estabeleça em harmonia.
No entanto, passei por momentos dificeis após a introdução do sólidos. A S. - que até aí tinha mamado perfeitamente e em exclusivo- começou a recusar a mama quando entrou na creche aos 5 meses, e simultaneamente iniciou os sólidos e começou a beber leite do biberão com maior regularidade. Como mal mamava, tentei estimular com a bomba, troquei de bomba, comprei uma eléctrica, acordava expressamente a noite para tirar leite, mas devo ter alguma aversão psicológica à maquineta porque não conseguia. Comecei a desasperar, até que optei por desistir e assim a S., que até aos 5 meses tinha bebido LM em exclusivo, passado mês e meio já não bebia LM nenhum.
Como me ficou um "dissabor", esforcei-me para ser melhor sucedida na próxima viagem. Assim foi, a Inês não conheçou biberões, aos 4 meses e meio de licença de maternidade juntei 1 mês de férias e ainda 1 de licença sem vencimento para que ela pudesse ser amamentada em exclusivo até aos 6 meses. Fui introduzindo os sólidos bem devagarinho, oferecendo sempre 1ª a mamoca, mesmo assim começou a desinteressar-se pela mama); quando entrou na creche aos 7 meses e meio "o caldo entornou por completo". Sempre que chegava a casa oferecia a mama e a I. recusava, ainda ia mamando durante a noite mas como a produção ia declinando, cada vez o seu desinteresse era maior e só queria biberão. A bomba voltou a falhar, exprimentei a extracção manual mas também não surgiu efeito.
Se tivesse me esforçado mais poderia ter melhores resultados, mas relativizei em função de outros "valores". Nunca exprimentei ficar 1 ou mais dias com a I. na cama com as mamas de fora para ver se ela voltava a pegar (desconhecia este método da 1ª vez), tinha outra filha a quem dar atenção, e que para mim era mais importante que o LM. Não acordei n vezes para tentar estimular, pois já me chegava acordar 3 a 4 x/noite - as vezes que a I. costumava acordar - e eu precisava de capacidade física emocional para lidar com o dia seguinte no trabalho e para ter disponibilidade para as minhas 2 filhas.
Sendo assim, passei a relativizar a importância do LM, pois havia outras coisas que passaram a ter mais importância.
Não vejo, nesta prespectiva, onde possa estar a atacar as mães que - apesar de todas as contrariedades - conseguiram fazer da amamentação prolongada um sucesso.
Concordo que há mães que não conseguiram estabelecer a amamentação, estão revoltadas, frustradas - embora não o admitam - e sintam qualquer conselho e opinião como um ataque. Acredito que há mães que não foram sucedidas porque não souberam ou não quiseram esforçar-se, mas tomaram a opção que na altura foi ou pareceu ser mais indicada.
Nada as impede de na próxima vez tentarem ir mais longe (se eu voltasse a engravidar iria tentar), mas considerar que sofrem de alguma falta grave de personalidade, parece-me, no mínimo, redutor.
Talvez não me tenha explicado bem, mas não foi exactamente isso que eu quis dizer. O que eu quis dizer foi que há mulheres que defendem animadamente o LM, estão manifestamente decididas a amamentar quando chegar a sua vez, etc, e depois, se não são bem sucedidas, vêm dizer que afinal o que interessa é que sejam saudáveis, e que o LA não é um bicho papão, etc. Ou seja, em vez de aceitarem para si mesmas que não conseguiram (seja porque razão for) concretizar uma coisa que para elas era muito importante, convencem-se de que afinal de contas o LM não tinha essa importância toda para si. Diz-me lá quantas vezes é que ouviste uma mãe que não conseguiu amamentar ou que amamentou muito pouco a admitir que falhou numa coisa que lhe era muito cara e que adoraria ter uma segunda oportunidade para reparar o que fez mal, pedir ajuda, informar-se melhor? O que eu queria dizer com relativização é isto: o movimento pouco corajoso em que se menospreza a importância que alguma coisa tem para nós para não termos de viver com a sua falta, o seu insucesso, e o sofrimento que isso nos causou. Atenção que não estou a sugerir que o insucesso na amamentação deva levar uma mãe a "chorar" este facto para o resto da vida! Acho muito bem que se ande para a frente e se faça o melhor o melhor que se sabe com aquilo que se tem. O LM é de facto muito importante, mas uma mãe emocionalmente estável e feliz é ainda mais; mas ultrapassar algo que não correu bem envolve trabalhá-lo, analisá-lo com honestidade, aceitar a dor que provoca em nós. Tudo o resto para mim são atalhos, é batota, e são fantasmas que não nos largam mais.
Em relação ao teu caso, tenho algumas coisas a dizer (acho que já te disse isto há mais tempo): as tuas duas filhas mamaram durante o período em que o LM lhes fez mais falta. Foram elas que tiveram a iniciativa do desmame (mesmo que se tratasse de um "falso" desmame, mesmo que tu pudesses ter feito isto ou aquilo para o reverter). Tu não vens dizer que fizeste tudo o que estava ao teu alcance para alterar a situação - tens a coragem de assumir que havia outros pesos na balança e que tiveste de optar. Não te leio a justificares-te ou a expressar sentimentos de perseguição relativamente a mães que amamentaram até mais tarde. Falas com a serenidade e bom senso de quem sabe que as coisas poderiam ter sido diferentes, mas convive saudavelmente com a forma como o processo se deu.
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