RE: Testemunho
Acho que nunca te disse, mas para mim és das pessoas mais sensatas deste fórum, depois de te conhecer pessoalmente ainda reforcei a minha ideia. És das poucas pessoas que conseguem exprimir ideias desta forma tão eloquente e sensata. Eu não sou ateia mas acho que pensaria da mesma forma antes de ser mãe, depois disso acho que tudo muda, mas continuo a achar que a maternidade é o melhor do mundo mas quando desejada. Não sei se seria capaz de interromper uma gravidez de uma criança aparentemente saudável, mas compreendo perfeitamente quem o faz.
Baby Mine (05-08-2009)Confesso que não me revejo na vossa forma de ver esta questão, embora compreenda os diferentes pontos de vista.
Aqui fica o meu testemunho, for all it's worth:
Engravidei a meio da licenciatura, mesmo estando a tomar a pílula há seis anos e não me tendo esquecido de nenhuma toma. O pai era o homem que hoje é o pai do meu filho e com quem já namorava desde os 16 anos.
Nenhum de nós pôs a hipótese de levar a gravidez adiante. Tínhamos cursos por terminar e planos a realizar, fora do país, para depois dos cursos. Eu não me sentia minimamente preparada para ser mãe e ele não se sentia minimamente preparado para ser pai (e a verdade é que só decidimos sê-lo quase 9 anos mais tarde).
Sem sentimentos de culpa, falámos com os nossos pais e conseguimos que um obstetra amigo da família me fizesse a IVG na clínica onde trabalhava. Embora clandestinamente, fui tratada com todo o respeito e medicamente a coisa não podia ter corrido melhor. Estava com 6 semanas e eram gémeos.
A vida continuou e a IVG não deixou qualquer marca psicológica de que eu pudesse ter consciência. Aqui e ali lembrava-me do sucedido, mas sem grandes emoções associadas. Afinal de contas, tinha sido mesmo um acidente e não negligência. E como sou ateia, e a minha noção de PESSOA não engloba fetos de 6 semanas não desejados (embore englobe embriões de 2 dias desejados ), a decisão de terminar a gravidez não acarretara conflitos internos de natureza moral.
Continuo a ter uma perspectiva bastante racional e tranquila sobre esse episódio da minha vida, mas tem graça que desde que sou mãe que penso de vez em quando como seria já ter dois matulões de 8/9 anos, além do A. Sinto uma espécie de nostalgia em relação a algo que não chegou a ser, mas é só.
Aqui fica o meu testemunho, for all it's worth:
Engravidei a meio da licenciatura, mesmo estando a tomar a pílula há seis anos e não me tendo esquecido de nenhuma toma. O pai era o homem que hoje é o pai do meu filho e com quem já namorava desde os 16 anos.
Nenhum de nós pôs a hipótese de levar a gravidez adiante. Tínhamos cursos por terminar e planos a realizar, fora do país, para depois dos cursos. Eu não me sentia minimamente preparada para ser mãe e ele não se sentia minimamente preparado para ser pai (e a verdade é que só decidimos sê-lo quase 9 anos mais tarde).
Sem sentimentos de culpa, falámos com os nossos pais e conseguimos que um obstetra amigo da família me fizesse a IVG na clínica onde trabalhava. Embora clandestinamente, fui tratada com todo o respeito e medicamente a coisa não podia ter corrido melhor. Estava com 6 semanas e eram gémeos.
A vida continuou e a IVG não deixou qualquer marca psicológica de que eu pudesse ter consciência. Aqui e ali lembrava-me do sucedido, mas sem grandes emoções associadas. Afinal de contas, tinha sido mesmo um acidente e não negligência. E como sou ateia, e a minha noção de PESSOA não engloba fetos de 6 semanas não desejados (embore englobe embriões de 2 dias desejados ), a decisão de terminar a gravidez não acarretara conflitos internos de natureza moral.
Continuo a ter uma perspectiva bastante racional e tranquila sobre esse episódio da minha vida, mas tem graça que desde que sou mãe que penso de vez em quando como seria já ter dois matulões de 8/9 anos, além do A. Sinto uma espécie de nostalgia em relação a algo que não chegou a ser, mas é só.
Acho que nunca te disse, mas para mim és das pessoas mais sensatas deste fórum, depois de te conhecer pessoalmente ainda reforcei a minha ideia. És das poucas pessoas que conseguem exprimir ideias desta forma tão eloquente e sensata. Eu não sou ateia mas acho que pensaria da mesma forma antes de ser mãe, depois disso acho que tudo muda, mas continuo a achar que a maternidade é o melhor do mundo mas quando desejada. Não sei se seria capaz de interromper uma gravidez de uma criança aparentemente saudável, mas compreendo perfeitamente quem o faz.
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