Brincar é aprender
Manipular os objectos, abaná-los, desmontá-los, fazer barulho, enchê-los de água, tudo isso é aprender e descobrir o mundo que a rodeia. A criança pequena progride devido a impulsos inatos: de viver, de descobrir e de crescer, o que justificam a sua enorme curiosidade. Mas cuidado: isto não significa que os pais devam usar os brinquedos do bebé para o envolverem num treino intensivo ou em aprendizagens demasiado precoces.
O brinquedo tem de ser escolhido cuidadosamente, uma vez que não se trata de um simples acessório no desenvolvimento e na vida de uma criança. Para o bebé, não existe qualquer distinção entre as palavras «brincar» e «aprender» e a criança brinca pelo prazer, mesmo se encontra esse prazer no esforço que impõe a si mesma.
O nível de desenvolvimento versus idade
Segundo os especialistas em desenvolvimento infantil é um erro escolher os brinquedos em função da idade. A escolha deve ser sempre feita tendo em conta a fase de desenvolvimento em que o bebé se encontra.
Os brinquedos são meios ao serviço do desenvolvimento sensorial, psicológico e motor da criança, pelo que é importante que os pais conheçam as necessidades do bebé e adaptem as escolhas dos brinquedos em função do nível de desenvolvimento em que o bebé se encontra. Não será, portanto, correcto falar de normas e regras rígidas, uma vez que as necessidades da criança não estão forçosamente ligadas à sua idade.
A escolha de um brinquedo deverá ser também adequada ao tipo de vida e ao carácter emocional do bebé: uma criança agitada tem necessidades de desenvolvimento diferentes de uma criança calma; uma criança que tem pouco contacto com outras tem necessidades de desenvolvimento diferentes de uma criança com uma vida social mais activa.
As várias fases
A partir dos dois meses, o bebé começa gradualmente a olhar para desenhos ou brinquedos mais complexos, começa a diferenciar também os diferentes sons, pelo que os brinquedos sonoros são uma boa escolha. Enquanto a criança não conseguir pegar no brinquedo, os pais deverão fazê-lo e exercitar a sua capacidade auditiva, alternando do ouvido direito para o esquerdo a posição do objecto.
A partir dos onze meses, a criança começa a tomar consciência do seu “eu social” e a partilhar com os outros, mas, no início, sente uma certa dificuldade em fazê-lo. Por isso, é aconselhável ter ao mesmo tempo os «seus» brinquedos e os brinquedos para partilhar. Esta fase corresponde também à altura em que o bebé começa a dar os primeiros passos: as mãos estão libertas e a criança apodera-se de tudo o que consegue agarrar, daí resultando um forte sentimento de posse.
Por volta dos quinze meses, o bebé identifica e procura os objectos da vida quotidiana em contraste com os brinquedos tradicionais: caberá aos pais assegurar que a criança não entra em contacto com objectos que sejam perigosos para que possa brincar em segurança.
Quando atinge os dois anos, o bebé já tem o seu “eu “ social mais desenvolvido e sentirá prazer e necessidade em partilhar o que contribui, em larga medida, para o seu desenvolvimento. Vai preferir os jogos colectivos, mas mantendo sempre o seu próprio universo.
Os melhores brinquedos
Na opinião dos especialistas, um bom brinquedo deve reunir as seguintes características:
- Ter em conta o seu destinatário e ser adequado aos seus gostos, grau e perfil de desenvolvimento;
- Não deve fazer tudo no lugar da criança nem substituir-se a ela; deve fomentar a criatividade, ou seja, dar à criança todo o espaço para agir, conceber e imaginar a partir do objecto;
- Ser versátil, isto é, evoluir e oferecer vários modos de acção, consoante o estado de espírito da criança e a evolução do seu desenvolvimento;
- Ser sólido, resistente e especialmente seguro (regulamentação europeia EN71).
Finalmente, o melhor brinquedo é aquele em que os pais deram o seu tempo e amor para descobrir o que era melhor para o seu bebé.