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Tirem-me deste filme!

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  • Inserido Inicialmente por suzhelen Ver Mensagem
    Há pouco tempo surgiu uma notícia sobre as pessoas que escrevem ou mantêm diários lidam melhor com as contrariedades (julgo que era mais ou menos esta a conclusão). Não é um diário mas é um capítulo do livro da minha vida que aqui escrevo.
    Muito obrigada! De coração!
    Nunca deixes de escrever, pelo menos até nos dizeres que esta história ganhou um novo rumo.
    Sabes que gostamos de te ler e que estamos aqui.

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    • Olá,

      subscrevo o post anterior...não deixes de escrever
      se p ti tem efeito terapeutico...óptimo!
      p nós, se temos a preocupação de cá vir procurar saber os desenvolvimentos é pq nos importamos!

      uma coisinha...não consegues emigrar?
      assim p um sítio onde o pai nunca mais pusesse a vista em cima dos filhos
      é q é o q ele merecia!!!!!
      e afinal se ele não contribui p o sustento dos filhos

      mas apesar de tudo, espero q isto tenha um final feliz p ti, mas tenho q te confessar q mts x ao ler os teus relatos penso p mim até q ponto será saudável p o teu filho conviver com o pai
      estas novas leis agora defendem mt isso, mas eu não sei se será tt assim; mas, pronto, quem sou eu?
      bjs e mta força

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      • Não sei se te lembras de mim, sigo o teu tópico desde o início. Raramente venho ao PB, quando o faço é para ver se a tua "história" teve um final feliz...ninguém devia ter que passar pelo que tens passado. Tenho uma amiga que está a divorciar-se e graças a Deus está a correr "bem"; digo bem porque o meu termo de comparação és sempre tu, já lhe falei muitas vezes de ti, confesso que para lhe mostrar que as coisas para ela podiam correr muito pior. Não compreendo como essa pessoa que se diz pai consegue fazer o que faz...e ainda toda a gente lhe aparar o jogo. E tens razão, houve uma altura complicada da minha vida em que desabafava mais na net com desconhecidos do que com os que me são mais próximos, era mais fácil e não tinha que fazer sofrer mais ninguém com o meu sofrimento. Mas sabes, muitas dessas desconhecidas são hoje minhas amigas, que eu conheço pessoalmente e às quais me sinto ligada para sempre. Eu, da minha parte, continuo aqui de pedra e cal, porque acredito, apesar de todos os pesares, que as coisas vão começar a correr melhor. Um grande beijinho e um abraço muito apertadinho para uma Mulher de muita força, que esta nunca se desvaneça.

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        • Suz!!!
          Também estou sempre por aqui a seguir este capítulo. Agora tenho é que andado mais ocupada. Queria-te desejar um 2011 cheio de esperança e saúde. Que seja O ano, porque já bens mereces o descanso de guerreira! Concordo com tudo o que foi dito recentemente, e que, penso, também já tenho reforçado noutras alturas. Também me lembro de ter lido de rajada este tópico durante vários dias...e chegar ao final com a mesma sensação: mulher de garra!
          Quanto às últimas: Essa psicóloga mais o relatório já me está a enervar! Tens que a pressionar! Não dá para fazer reclamação a ninguém? Eu acho um abuso, mas peço desculpa se este comentário for por ignorância. Força por aí com as contas, esse trabalho é moroso e chato, assim estás concentrada e os meninos adorarão, com certeza, umas horinhas com os avós, certo? Cuidado com este teu filhote...em que contexto terás ouvido isso do "fraquinho"?! Os miúdos são muito sensíveis. Ai que este coração de mãe não descansa! Já soubeste alguma coisa do acompanhamento dos meninos?

          Eu acredito que te faça bem escreveres aqui. É uma forma de despejar, não tem o conforto da presença física, mas facilita muitas outras coisas e emoções. Continua sempre que puderes e quiseres. Estamos TODAS aqui a torcer por ti. Ansiosas por ler que sim, está resolvido! E vamos ler!
          Não te constipes, Suz, as mães não se podem constipar! Cuida de ti.

          Um beijo grande.
          [hr]

          Laranja

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          • Há as quem lêem e comentam, há as que só lêem e há as atrasadinhas que ainda só chegaram à página 20... ufa, haja coração. E concordo com a Laranja... mulher de garra!

            Tens a minha admiração e apoio... depois vou voltando, agora vou acabar de ler.

            Mas sobre esse episódio infeliz do "és mesmo fraquinho" eu receberia o cachopo de braços abertos mesmo à porta do elevador e exclamava - "Vem à mãe, meu valentão!" e pronto, a energia que fica é a positiva ainda por cima dita pela mãe, a força é poderosa. (espero que não te importes de estar com palpites)

            Tu és muito forte Suzhelen, e a vida aos fortes dá sempre uns abanões maiores...

            Beijinho e conta aqui com mais uma leitora!
            Olha mãe, a lua! Está redonda e branca... podes ir lá pintá-la?

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            • Mais uma vez obrigada!

              Este fim de semana é do ex com os filhos. Isto é teoria. A prática ele aplica como quer e depois escreve e mente como lhe dá jeito. Veio buscar os dois manos à hora marcada, estranho... Achei logo que ele estava com pressa, pois atrasa-se 95% das vezes. Ambos estavam muito entusiasmados. Desta vez a minha filha, depois de se atirar aos beijos ao pai, veio dar os mesmos a mim. Será que ela lá pensou "mamã, também mereces." O meu filho ia tão entusiasmado que mal me beijou. Não faz mal, ia feliz. Passadas nem 3 horas, lá recebo o sms "vou agora entregar o menino". E veio. Mas, ao contrário do que se passou há 15 dias, ouvia o meu filho tagarelar alegremente enquanto o elevador subia. Abriu-se a porta, o pai pô-lo no chão e deu-lhe um beijo. O meu filho pergunta-lhe "vais-te embora?". Supreendido, o anormal responde "sim, agora ficas com a mamã". Mas o meu filho insiste "porquê?". O idiota do pai ainda mais surpreso só lhe ocorreu "porque tenho lá a mana". O meu filho ficou a olhar sem perceber. Sim, realmente alguém percebe?! Isto faz algum sentido? Para ele? Para algum ser humano normal?! Eu não queria continuar ou voltar a ter pena do meu filho. Ele é bom demais para o pai que lhe escolhi.

              Ainda perguntei ao estupor se o menino tinha almoçado, isto visto estarmos ainda dentro do período de almoço aquando da entrega, ao contrário da outra vez. "Ah, sim, comeu 4 colheres de sopa". É mesmo mentiroso! Eu sou a mãe, ou como uma juiz qualquer resolveu perspectivar, a cuidadora dele. Sei perfeitamente que não come sopa. Ou seja, não comeu. E o meu menino confirmou-o. O pai não lhe deu almoço.

              Mais uma vez o meu amor quase a fazer 3 anos era um empecilho para o pai ir de fim de semana com a irmã e levá-la para longe às aulas de equitação e ao cavalo que só a ela comprou (e outro para a outra filha). Havia que fazer a figura de pai (vindo buscar o filho) mas depois devolvê-lo para fazer a sua vida...

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              • Coragem querida.

                Eu peço-te desculpa por o que vou dizer, mas chego a ter pena dessa figura de gente que é o pai dos teus meninos, a sério! Acho realmente que deve ser uma pessoa triste, dependente e sem qualquer sentido na vida! Os nossos filhos, são o melhor da vida, são parte de nós, são o sentido da nossa existência, e ele "despreza" um deles!!! Enfim...
                Penso que um dia, nem que seja daqui a muitos anos, ele irá reflectir tudo o que fez e se irá arrenpender, mas será um arrependimento doloroso, porque nada poderá fazer para recuperar tudo o perdeu...
                Bom, mas a vida continua, e graças a Deus, tu estás aí, e poderás sempre te orgulhar da mãe que és.
                Então e o relatório da psicóloga, já há novidades?
                Beijocas grandes cheias de miminhos.
                Beijocas doces,
                Susana, Tiago e Beatriz
                Madrinha e Afilhada: NanaCaldeira





                Casados à 11 anos e muito felizes com os dois filhotes!

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                • Meu Deus...Estou há uma semana a ler este tópico,a deixar de dormir para saber como acaba. Parece um filme de terror!! Já fiquei chocada,revoltada,angustiada e,principalmente, IRRITADA!
                  Mas como é possivel?!?! Como é possivel existir um ser assim,como é possivel um divórcio com filhos estar há tanto tempo a rola sem NADA resolvido (sim,pq ainda absolutamente nada está decidido!!),nem sequer a parte dos filhos,da pensão alimentar,etc. Mas ninguém pára para pensar que essa criança que tem 3 anos agora,já nasceu,começou a andar,a comer e a falar e tudo isto está na mesma??!
                  Isto é inacreditável!
                  Suzhelen, és uma grande mulher!! Mas,sinceramente,duvido que conseguisse ser tão pacífica quanto tu,eu já lhe teria dificultado + a vida,tenho sangue quente demais para isto. Quando ele escreve aqueles emails e sms para "ingles ver",responde-lhe à letra com toda a verdade (da rejeição continua do filho,etc) por escrito também,para que o "inglês" também veja isso. Ele é muito esperto e mexe-se bem,não podes permitir que estas atitudes falsas possam um dia jogar a favor dele!
                  Ai,a sério,estou completamente revoltada!
                  Um beijo enooooooorme para os 3 e muita força nesta batalha que parece interminável...



                  Madrinha querida e eterna Amiga: Ana Helena

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                  • Inserido Inicialmente por suzhelen Ver Mensagem
                    Levou-o pelas 10h e às 14h já me mandava a mensagem que vinha deixá-lo a casa. Enquanto subiam no elevador ouvi o anormal dizer ao filho "és mesmo fraquinho..." Entregou-me o menino que vinha com cara assustada.

                    A psicóloga da Segurança Social disse-me para não dar conselhos nem recomendações sobre os filhos ao pai porque este se sente atacado e diminuído, ou seja, acusado de ser incapaz. E não é??? "Adoro" estas explicações da mente humana inferior, coitado daquele pai!!! E os psicólogos assim e os tribunais ainda escrevem que é no superior interesse dos menores!!!!, só se for das mentes menores!!
                    Olá GRANDE suzhelen,

                    Tenho lido às vezes meio na diagnonal o teu "Filme".

                    Infelizmente tb vivo um filme com algumas cenas parecidas.

                    O Pai da minha filha mais velha... desculpa não é pai, é o progenitor... Pois PAI é uma coisa bem diferente daquilo q estes progenitores (o da minha e dos teus) são!!

                    Este é esquizofrenico disgnosticado, com internamentos compulsivos sucessivos, a fazer medicação mensal obrigatória e com uma profissão de força de segurança militar... que tem uma namorada, tão ou mais burroide q ele.

                    Vou só deixar aqui umas palavritas pra teres tb a ideia de como é o bicho.

                    Dá pq é obrigado pelo tribunal a dar pensão unica (inclui alimentos, educação, lazer, saúde) ou seja paga sempre a mesma coisa quer eu, por exemplo, gaste 200€ em material escolar no inicio do ano lectivo, a filha precise de oculos 2x ano(tem miopia), etc etc. Paga sempre a mesma coisa 12x ano. Caso não pague, como trabalha no estado é lhe descontado directamente no vencimento.

                    > Ficou acordado q ficaria de 15/15 dias o fim-de-semana com a filha. Em 6anos e meio ficou secalhar 3x com ela.
                    > Não tem qualquer regularidade nas visitas. Às vezes chega a estar com a filha quase de 2 em 2 meses (moramos na margem e ele em LX... tão longe!!)
                    > Depois só está com ela num Centro Comercial e no máximo 3h.
                    > Ele e a otária da namorada, querem obrigar a menina a chamar-lhe mãe. Dizendo q é a 2ª mãe, bla bla bla. Eu vivo há +/-4anos com o pai dos outros meus 2 filhos, o qual não faz destinçãoo entre eles. Ela refere-se a ele (pai dos manos) como pai, mas qd fala directamente para ele trata-o por o nome. Às vezes por causa dos irmãos chama-o de pai, mas normalmente é pelo nome. No entanto a minha filha diz q o pai é o R. Q é ele q a educa, q a vai buscar à escola, q vai com ela ao médico... em suma, ela diz q ele é o pai do coração. Nunca a obriguei a chamar assim ou assado, ou a pressionei para gostar dele.
                    É natural... nós amamos quem nos trata bem!!
                    > A verdade é q para mim ele estar pouco tempo com a filha é excelente. Eles são tão anormais q a miuda, as poucas vezes q está com eles, vem tda alterada. Vai contrariada. Eu não a obrigo, mas digo q ele fica triste se ela não for. ela responde-me: "tb é tão pouco tempo, e passa tão depressa... q nem me importo. Agora ir pra lá nem pensar".
                    > Começaram a dizer à criança q ela tem de gostar tanto da namorada do pai como do R (pai dos manos) e q qd a mãe morrer, ela vai pra casa deles e ela fica a mãe dela. Bem a miuda andou tda atrofeada, só chorava a perguntar-me se eu ía morrer. e Depois respondeu "mãe se isso algum dia acontecesse" eu ficava com o R.
                    > estão sempre a dizer-lhe, "O R não é teu o teu pai". è o meu pai do coração, ele não faz distinção entre mim e os meus irmãos (inclivel - tem uma maturidade q não parece ter 7 anos).
                    > Andou na psicologa, pq sentia um confronto enorme... ou seja ela não gosta nada da namorada do pai, e gosta mt pouco do pai, mas sentia-se na obrigação de gostar, não sei se me faço entender. Ele é o meu pai, eu sei q deveria adorá-lo, mas eu não gosto dele...
                    Aprendeu a gerir melhor essa "luta" interior, e agora diz. Eu tenho de respeitar, não tenho de gostar!!
                    > Já aprendeu a filtrar o q ouve da boca deles os 2! E diz-lhes coisas (sempre educadamente), q se fosse ensaiadas não saíam tão bem.

                    Agora relativamente à história da Psicóloga, q coitadinho do fulano, não se pode dizer as verdades ao sr. pq o feres...
                    Eu andei na Psicoterapia e a minha filha tb. E uma coisa q ambas as psicólogas sempre me disseram foi para ser sempre firme. Por ex. antes de eu "casar" com o meu actual marido, ele tinha as 4ªfeiras q podia estar com a filha ao fim do dia. Lá pq não lhe apetecia dizia q não podia vir. Eu nunca passei para outro dia a visita. Ou seja, era firme!! Não era ele q mandava na nossa vida!! entendes??
                    Sempre teve de obedecer às condições acordadas. Afinal concordou no inicio. Pro bem e pro mal eram aquelas. A unica coisa q eu nunca insisti foi para ele estar com a filha. Pois prefiro-a ter junto de mim, e ela tb não gosta. Claro q ñ me sinto feliz dele não ter interesse em estar com a filha, mas como ele só a perturba(va), era melhor assim. longe da vista, longe do coração.

                    A minha filha já diz, ele é assim pra mim, qd for mais velha nem vou querer saber nada dele. (coisas q ela diz por ela... nunca ouviu isso de nós).

                    suzhelen, sei q é saturante, desgastante... mas vai aprendendo a lidar com o bicho, e logo q as coisas estejam "acordadas" no tribunal de menores, será melhor para tds. Não cedas mt na regulação do poder paternal... a pensar, é o pai dos meus filhos bla bla... Se fosse realmente um PAI, mas já demonstrou q não o é... logo tem mesmo e sempre presente o superior interesse da criança. No meu caso o superior interesse da minha filha é qt menos estiver em contacto com o esquizofrenico do progenitor, melhor pra ela. (tanto mais q ele até andava com um machado no carro, pra me fazer a folha).
                    E ele se se arma em carapau de corrida, tendo ele a doença q tem, pode ficar obrigado a ver a filha só na minha presença e em meios publicos. Pelo q ele não é parvo e já "lvanta mt menos pó" entendes??

                    Desculpa o descurso, uma beijoca pros 3, e qualquer coisa q precises q eu possa ajudar (em experiência) manda PM
                    Tripla-Mamã

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                    • Tripla-Mamã, realmente há com cada progenitor q mais vale distancia dele... concordo com todas as tuas atitudes, eu faria o mesmo, quanto menos 'mistura' melhor.... força e coragem.
                      Suz, vem dar noticias.
                      1 xi apertadinho
                      Mag


                      IVI Fev/07 - ICSI 08/Abril - beta dia 21: 592 POSITIVA
                      Cesariana 5 Dezembro 2007 MAC 36s5d



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                      • Tripla mamã, lamento a tua situação, mais concretamente a da tua filha mais velha. Nenhuma criança devia ter de passar por isso. Acho que estas crianças acabam por crescer mais depressa, amadurecer mais cedo, tomar o peso da consciência e responsabilidade quando deviam pura e simplesmente gozar da infância com amor e inocência a que qualquer criança tem direito. Ainda bem que ela soube encontrar dentro dela um porto de abrigo emocional para a atitude desinteressada do pai. Boa sorte para ti e a tua menina!

                        Escrevo em mais um fim de semana que não tenho a minha menina. Mas não tenho novidades. Nenhuma. Infelizmente. A psicóloga da Segurança Social mais nada disse, cada vez que lhe telefono ela responde-me a verdade "já não sei o que lhe diga", seguida da mentira "está quase, é para a semana...". Como acreditar? Como ter esperança?? E esta é a única pessoa que me pode ajudar. A única pessoa, supostamente imparcial, que faz parte do sistema e encontrou as falhas e propôs um plano. Mas quando é que vai agir? Quando é que eu vejo a história inverter-se??

                        Ontem, mais uma vez, o meu filho foi só por umas horas. O pai veio devolver-mo logo após o almoço (que o menino, mais uma vez não comeu, voltou cheio de fome). Pôs o filho no chão e de imediato o menino correu para dentro de casa. Eu ia a fechar a porta, mas ele põe a mão de repente, em jeito de estaladão contra a porta e ordena-me gritando "chama-o!". Pensei "olha a besta, acha que eu sou a criadita cá de casa!" Mas ele vinha acompanhado da namorada do irmão. Não foi por acaso. Queria certamente provocar-me e provocar ali uma cena. Embora a minha vontade fosse dar-lhe com a porta na cara, mantive-me inalterável e chamei o meu filho. Umas 20 vezes até que ele lá apareceu. O pai queria despedir-se outra vez. Lá está ele com os teatros, mas para com um filho a quem nunca demonstra amor? Deixei-o beijar o menino. Era só um pretexto. O que ele queria (provocar-me) não aconteceu. Não aconteceu à frente dele, mas fervi por dentro. Por mais que não queira tenho-lhe uma raiva! Isto escurece os meus dias. Não vejo a luz ao fundo do túnel. Isso são tretas.

                        O meu filho pergunta várias vezes ao dia nestes fins de semana "onde está a mana?", "porque é que a mana está com o pai?", "porquê?..." E eu não tenho respostas para ele. Eu não sei. Era preferível que ele desistisse dos dois. Ele é doido e é mau. Ontem falei com uma amiga que é advogada. Alertou-me para o facto de se eu morrer, eles iriam logo para o pai. Sei como a minha vida é importante, mesmo que muitos dias não me apeteça vivê-la...

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                        • Inserido Inicialmente por EliGee Ver Mensagem
                          Não acompanhei o teu tópico desde início mas estive a lê-lo por alto e com alguma atenção e apeteceu-me dizer o que me sobressaiu da tua história, se me permites...

                          1º Tens um menino que foi apanhado nessa separação numa fase em que não tinha qualquer tipo de vínculo estabelecido com o pai. Apenas, provavelmente, a sensação de insegurança que a presença dele lhe fazia sentir: por ser quase um estranho, por provocar na mãe sentimentos de insegurança e raiva que lhe transmitias involuntariamente. Eles sentem.



                          2º Ao mesmo tempo, a tua menina foi ela apanhada no inverso: numa fase em que muito provavelmente o Complexo de Electra (a identificação com o progenitor masculino - o pai é o Herói) se começava a evidenciar, para mais porque o pai nunca deixou de lhe dar atenção. Simultaneamente, o pai aparece feliz, seguro, tranquilo, oferecendo-lhe segurança emocional (mais do que os brinquedos e a roupa que lhe dá para te irritar...), numa fase em que, por razões obvias, tu não estás aconseguir transmitir-lhe isso... querer ir para casa do pai é uma forma de evidenciar esse desejo de fugir á tensão que sente no ar quando estás mais cansada e vulnerável.



                          3º Numa separação por infidelidade (de apenas um lado) fica muita mágoa, muita frustração, muita raiva, uma auto-estima fragilizada. E até nisso, infelizmente, aquele que traiu sai vencedor: tem do seu lado a felicidade e a esperança por estar a reconstruir a sua vida e consegue muitas vezes aliciar os filhos com essa promessa de calmaria e de tranquilidade: aquela que parece estar perdida nas suas curtas mas atribuladas vidas.



                          No fundo, amor atrai amor. Desamor atrai... mais desamor.



                          e assim, pensar nos teus filhos, neste momento, é pensares sobretudo em ti própria. É seguires mesmo em frente, é deixares de ter raiva e odio no teu coração, é voltares a encontrar-te com quem gostas de ser e não com quem és neste momento, independentemente de que circunstâncias ou de quem despertou tanta coisa negativa em ti.



                          As pessoas que sofrem como tens sofrido, que não se amam a si mesmas, vivem com uma postura defensiva que lhes permite sobreviver. Sobreviver apenas. Fechadas numa armadura, correm o risco de deixar de fora aqueles que mais amam... se não gostamos de nós mesmas, como podemos acreditar que os outros gostem de nós? E por isso desabafos como o que tivéste com a tua menina são naturais: é a tua cabeça ás voltas com a auto-estima... Construiste a tua opinião sobre ti mesma (sabes que és forte, sabes que queres o melhor para os teus filhos, sabes que lutarás por eles com unhas e dentes, sabes que queres vencer esta guerra...) mas, no fundo, sabes como estás estilhaçada, confusa, como não entendes como possa ter o teu ex-marido ter agido desta forma para contigo...como podem os teus filhos preferir a companhia daquele que tanto te magoou.



                          E sim. Racionalmente sabes que tens a razão do teu lado, que a tua filha te ama, que os irmãos não vão deixar de se amar mas,



                          ... é inevitavel pensar no que podes ter feito de errado, apesar de racionamente achares que nada...



                          e só quando voltares a acreditar em ti perceberás que algumas das tuas dúvidas dependem da tua abordagem: a forma como os filhos se relacionarão contigo e entre eles dependerá de ti, do que fores capaz de lhes transmitir sobre ti mesma, sobre eles na tua relação contigo... sobre eles proprios na relação de um com o outro.



                          Não tenho conselhos para ti. Ninguém será melhor conselheira do que tu própria. Apenas te quis deixar alguma ideias para te ajudar a perceber o abanão que a vida te deu... na esperança de que um belo dia acordes determinada a reconstruir o teu amor... por ti!



                          Grande beijinho!



                          Vou passando para saber novidades.
                          Subscrevo. Como sempre... palavras sábias da Eligee.
                          Olha mãe, a lua! Está redonda e branca... podes ir lá pintá-la?

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                          • Inserido Inicialmente por suzhelen Ver Mensagem
                            Já ultrapassei a fase de me sentir emocionalmente ligada ao meu ex. Foi acontecendo gradualmente, lentamente. Um dia deixou de doer. O teste que eu fazia era perguntar-me a mim mesma se um dia ele quisesse voltar para casa eu aceitaria. No início a resposta era obvia e imediata, sem olhar à razão, apenas ao coração. Mas ao olhar-me no espelho sentia pena de mim e odiei-me por isso. Pena é o pior sentimento que podemos ter sobretudo por nós mesmos... (posso adiantar que hoje em dia eu é que sinto pena do meu ex...)



                            Não gostava, portanto, do que via no espelho, não queria ser esse farrapo de pessoa como exemplo para os meus filhos e sabia que a minha recuperação passava forçosamante pela minha renovação interior, que só eu podia fazer. Não é nenhuma crítica, é uma constatação: vejo muitas pessoas no fórum à procura de consolo nos outros - eu também o fiz - mas essa não pode ser a única via para a recuperação, esta passa obrigatoriamente por nós próprios e é dolorosa sim, há momentos em que acabamos por admitir que errámos também, não só a outra parte, quanto mais não seja porque permitimos a nós mesmos por uma outra pessoa em primeiro lugar que não nós próprios. No amor vale tudo? Não vale não! Por isso me orgulho de dizer que nunca perdi a última coisa que podia perder: a minha dignidade. Por mais tentada que estivesse, nunca disse ao meu ex para voltar para casa. Ainda bem.



                            O tempo é um grande aliado, é mesmo o melhor de todos. Conheci pessoas fantásticas que me levaram a acreditar novamente - o que eu achava impossível - no bom coração do ser humano. No entanto, eu que nunca fui uma pessoa desconfiada (ou ciumenta), confio desconfiando. Há duas pessoas pequeninas que eu quero preservar acima de tudo e todos.



                            Hoje sei que não seria feliz com o meu ex. Aliás, já não o era propriamente. Moldei-me a ele, mas ele nunca o fez por mim. Em nada. Eu achava que isso era felicidade, amor, mas tinha uma grande percentagem de dependência. Ele fazia-me pensar que o meu valor passava pela aprovação dele. Quando se foi embora deixou-me a flutuar, como a um astronauta a quem cortam a corda no espaço. A minha auto-estima estava a zero, ou menos. Pouco depois nasceu o meu menino. Além de ter de lidar com o peso dos anos (até parece que sou muito velha... mas tinha mais 10 anos do que quando começámos a namorar), com um rosto desgasto pela tristeza e então também um corpo deformado depois de um parto. Levantar-me parecia tarefa impossível, mas tinha de o fazer pelos meus filhos. Não quero que eles me agradeçam um dia, pois sou quem quem muito tem para lhes agradecer.



                            Quando me casei (já namorava há 6 anos e meio) achava que ia conseguir mudar o meu marido. Que tola! Sei que é um erro comum e perdoo-me por isso, mas ainda estou a aprender a perdoar-me por não ter dado atenção aos "sinais" que surgiram antes do casamento. É comigo própria que ainda estou um bocadinho zangada. Eu considero-me uma pessoa inteligente mas estava cega. Pelo amor. Achava estranho que o meu ex não tivesse 1 só amigo de infância, 1 amigo que fosse de liceu, ou alguma ligação aos sitios onde tinha vivido... nada. Durante os tempos da faculdade onde nos conhecemos, fez com o maior alarido e fervor amizades que depois desfazia por pormenores sem importância, pessando esses a ser vistos como inimigos. E eu ia na onda. E eu acreditava. Ele punha-me sempre no centro do mundo... o resto do mundo não interessava. Que tolice! (Não sabem como hoje dou importância aos raios de sol ou ao convívio com os verdadeiros amigos). Ele afastou-se (como sempre fez, aliás) de todos os contactos que tinhamos em comum. A psicóloga da Segurança Social disse-me que ele tem sérias incompetência a nível relacional, uma grande dificuldade em manter relações profundas e duradoras e que isso faz parte dele, não irá mudar. Disse ainda que o que ele não deu a mim não vai dar a outra pessoa. Ficará com alguém que não lhe peça o que eu pedia e se contente com menos. Mas sabem que mais? Isso já não me interessa...



                            ...Quando comecei a olhar para ele de frente, sem sentir que mexia no meu coração, e dei comigo a pensar espantada "mas o que é que eu vi em ti?", senti um alívio!



                            Neste momento o que sinto por ele é desprezo. E pena também. Acho que ele por mais dinheiro que tenha ou riqueza que aparente, ou mulheres lindas que partilhem a cama, ele será sempre um pobre diabo inseguro, constantemente infeliz porque anda sempre à procura de mais qualquer coisa.



                            Eu aprendi a dar mais valor ao que tenho, às pequenas coisas e tenho um ambicioso projecto pela frente: criar dois seres humanos felizes e, não menos importante, com valores e bom coração.



                            "Quando os filhos nascem passamos a viver com o coração fora do corpo" (desconheço o autor). Lembro-me da primeira vez que levei a minha filha, com 10 dias a chorar ininterrupatamente com cólicas ao médico. Não sabia que uma dor que não era no meu corpo me podia fazer doer tanto. Acho que falo pelas mães e pelos pais (que o são de coração) que muitas vezes se pudessemos levariamos nós "as picas", ficariamos com os galos e arranhões, com as febres e faltas de ar, preferíamos correr à frente de um touro do que aflitos a caminho de uma urgência, lamentamos os berros que lhes demos para se acalmarem na almofada quando eles abandonados ao sono nos pousam a mãozinha em cima. Se nós pudéssemos eles não sofreriam e toda a gente gostaria dos nossos amores.



                            Então porque não o próprio pai? Essa é a raiva que perdura pelo meu ex. Raiva e desprezo. Apenas quero proteger o meu filho dessa desilusão... ou não, ele nunca se iludiu (ao contrário de mim). A minha menina sim, vai desiludir-se. Infelizmente para ela, o pai sempre se "divertiu" mais com um novo interesse/brinquedo pondo de lado os anteriores. Também faz assim com as pessoas. Gostaria de estar enganada, mas este foi o pai que jurou pela vida da filha que não andava a trair-me (já a coisa ia séria).



                            Estarei sempre pronta para consolar os dois amores do meu coração. Evidentemente que não posso - nem devo - protegê-los de tudo, mas espero que eles entendam através de mim que a vida com os seus tropeções serve para nos levantarmos mais fortes. E, se possível, melhores pessoas.
                            Gostei muito de ler este tópico Suzhelen, há alguns parágrafos que me fizeram pensar (não necessariamente só pelo que estava escrito, mas pelo sentimento, pela postura) - esta rapariga vai conseguir dar a volta por cima.

                            Olha mãe, a lua! Está redonda e branca... podes ir lá pintá-la?

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                            • Suzhelen,

                              Parece-me a mim que este homem tem um tremendo complexo de inferiodade em relação a ti. Até intelectualmente. Ele não terá concerteza resolvido (arrumado saudavelmente) até o facto de o teres ajudado nos trabalhos da faculdade, essa ajuda foi-lhe útil e aceitou-a por isso, mas minou-lhe ainda mais a fraquinha auto-estima (disseste que os pais eram estilo aústero, essa talvez seja também uma causa). Alguém referiu que ele é uma "criança grande", ou tu ou uma psicologa, a idéia com que fiquei também é essa, falta-lhe estrutura... e força de caracter. E saúde mental. Como não se consegue analisar, dificilmente conseguirá dar-se valor a si mesmo, e o recurso que arranjou é reduzir e menosprezar quem ele achar que lhe "faz sombra", acho que te escolheu como alvo para todas as suas frustrações, e como tal, quanto mais te "pisar" mais importante se sente.

                              Dá-me a sensação que se "alimenta" das tuas arrelias, precisa disso... chegar atrasado, não atender o telefone, não responder, não fazer o que é pedido, não dar dinheiro, mentiras escabrosas em tribunal, etc, etc... para ele tudo isto é "alimento". Há que haver alguma sabedoria na gestão desta coisa, digo coisa, porque não me parece sensato dizer relacionamento entre 2 pais separados. Quanto menos "alimento" se der mais encurralado ele fica.

                              E é claro, o vosso filhote é o melhor instrumento que ele tem para te atingir, ele até poderia desenvolver algum vínculo com o menino (tal como fez com a filha) mas há algo mais prioritário para ele (consciente ou inconscientemente), é que este filho é resultado de uma guerra que ele perdeu, é um projecto de maternidade ao qual ele se opôs, para ele tu és a vencedora e ele o vencido, logo, assumir um vínculo afectivo com o filho é dar o braço a torcer... perante uma pessoa que o faz sentir inferior (não fazes activamente, entenda-se, é como ele te vê). Uma pessoa com mais maturidade, poria a criança acima de qualquer outro conflicto pessoal, teria essa amplitude e bondade de caracter, mas ele não consegue.

                              Naquele cenário desmoralizado que falas no teu precoce desaparecimento, lembra-te que pelo menos ele já não teria móbil para não se relacionar normalmente com o filho, talvez passasse a tratá-lo como faz com a irmã. Mas o cenário em si, para mim, não faz grande sentido, a natureza dos desafios que há nas vossas vidas (tua e dos meninos) só tem lógica com contigo presente... acho que tão cedo não vais desaparecer.

                              Para mim faz sentido que os problemas que temos na vida são exactamente aqueles que precisamos para crescer, ampliar a consciência, a tal renovação interior que falavas umas quantas páginas mais atrás. Pode parecer uma travessia do deserto, que se esteve a marcar passo, a agonizar, eu acho que nunca é tempo de vida perdido.
                              As dificuldades podem levar-nos a aprender a descobrir soluções, uma crise não é mais do que uma exigência de mudar algo em nós mesmos, e também na nossa relação com o mundo. Apesar de nos parecer que o mundo é que está todo errado, e às vezes está mesmo, mas é de propósito, os deuses, a harmonia cósmica do universo ou seja lá quem fôr "conspiram" contra nós... lançam-nos desafios onde há perigos, crises, sofrimento mas também oportunidades, caminhos para se ser simplesmente feliz.

                              Viveste muitos anos na ilusão, disseste tu, mas Suzhelen, não vivemos todos? Olha, não me tenho como uma tapadinha pãozinho-sem-sal (e acho que tu também não o és) mas já me iludi tanto com várias pessoas (a culpa nem é delas, não me ludibriaram, eu é que só vi metade). A ilusão é tantas vezes o empurrão que nos faz arriscar para os relacionamentos. Ainda bem que assim é. É com os outros que nos conhecemos melhor, que descobrimos as nossas fraquezas e também virtudes e massa crítica, mas os outros são apenas o instrumento para chegar a essa percepção, a força para superar contrariedades está em nós. É de nós que vem a força para caminhar para lá dos nossos limites. E ao fazê-lo percebemos que somos livres, no sentido que o que somos é independente do que os outros sentem por nós ou o modo como nos tratam.


                              Se os meus filhos tivessem um pai... "fora do conceito normal" ou disfuncional, que os viesse a fazer sofrer e desiludir, acho que era esta a postura que lhes transmitiria... muitas vezes basta a nossa atitude perante as situações para eles assimilarem o exemplo. E olhando com amplitude para o que tu e os teus filhos passaram e passam eu diria que os teus filhos têm a melhor mãe e mais acertada para o pai que têm. O caminho que estás a fazer é um legado para eles, para o seu saudável desenvolvimento e auto-estima (por isso é que não imagino o "filme" sem ti). Parafraseando o Garcia Marquez, estás a viver para contá-la. O teu filme é árduo, mas faz sentido.

                              Quero-te agradecer por partilhares connosco a tua história, tens a minha solidariedade de mãe e, acima de tudo, de mulher, tens a minha admiração e louvo-te a racionalidade e astúcia de uma resistente, que não se desestrutura perante tanta adversidade. Permite-me o sentido (trans)figurado da frase... mas sabes "tê-los" no sítio!

                              Abraço!
                              Olha mãe, a lua! Está redonda e branca... podes ir lá pintá-la?

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                              • Inserido Inicialmente por Maria Verde Ver Mensagem
                                Suzhelen,

                                Parece-me a mim que este homem tem um tremendo complexo de inferiodade em relação a ti. Até intelectualmente. Ele não terá concerteza resolvido (arrumado saudavelmente) até o facto de o teres ajudado nos trabalhos da faculdade, essa ajuda foi-lhe útil e aceitou-a por isso, mas minou-lhe ainda mais a fraquinha auto-estima (disseste que os pais eram estilo aústero, essa talvez seja também uma causa). Alguém referiu que ele é uma "criança grande", ou tu ou uma psicologa, a idéia com que fiquei também é essa, falta-lhe estrutura... e força de caracter. E saúde mental. Como não se consegue analisar, dificilmente conseguirá dar-se valor a si mesmo, e o recurso que arranjou é reduzir e menosprezar quem ele achar que lhe "faz sombra", acho que te escolheu como alvo para todas as suas frustrações, e como tal, quanto mais te "pisar" mais importante se sente.

                                Dá-me a sensação que se "alimenta" das tuas arrelias, precisa disso... chegar atrasado, não atender o telefone, não responder, não fazer o que é pedido, não dar dinheiro, mentiras escabrosas em tribunal, etc, etc... para ele tudo isto é "alimento". Há que haver alguma sabedoria na gestão desta coisa, digo coisa, porque não me parece sensato dizer relacionamento entre 2 pais separados. Quanto menos "alimento" se der mais encurralado ele fica.

                                E é claro, o vosso filhote é o melhor instrumento que ele tem para te atingir, ele até poderia desenvolver algum vínculo com o menino (tal como fez com a filha) mas há algo mais prioritário para ele (consciente ou inconscientemente), é que este filho é resultado de uma guerra que ele perdeu, é um projecto de maternidade ao qual ele se opôs, para ele tu és a vencedora e ele o vencido, logo, assumir um vínculo afectivo com o filho é dar o braço a torcer... perante uma pessoa que o faz sentir inferior (não fazes activamente, entenda-se, é como ele te vê). Uma pessoa com mais maturidade, poria a criança acima de qualquer outro conflicto pessoal, teria essa amplitude e bondade de caracter, mas ele não consegue.

                                Naquele cenário desmoralizado que falas no teu precoce desaparecimento, lembra-te que pelo menos ele já não teria móbil para não se relacionar normalmente com o filho, talvez passasse a tratá-lo como faz com a irmã. Mas o cenário em si, para mim, não faz grande sentido, a natureza dos desafios que há nas vossas vidas (tua e dos meninos) só tem lógica com contigo presente... acho que tão cedo não vais desaparecer.

                                Para mim faz sentido que os problemas que temos na vida são exactamente aqueles que precisamos para crescer, ampliar a consciência, a tal renovação interior que falavas umas quantas páginas mais atrás. Pode parecer uma travessia do deserto, que se esteve a marcar passo, a agonizar, eu acho que nunca é tempo de vida perdido.
                                As dificuldades podem levar-nos a aprender a descobrir soluções, uma crise não é mais do que uma exigência de mudar algo em nós mesmos, e também na nossa relação com o mundo. Apesar de nos parecer que o mundo é que está todo errado, e às vezes está mesmo, mas é de propósito, os deuses, a harmonia cósmica do universo ou seja lá quem fôr "conspiram" contra nós... lançam-nos desafios onde há perigos, crises, sofrimento mas também oportunidades, caminhos para se ser simplesmente feliz.

                                Viveste muitos anos na ilusão, disseste tu, mas Suzhelen, não vivemos todos? Olha, não me tenho como uma tapadinha pãozinho-sem-sal (e acho que tu também não o és) mas já me iludi tanto com várias pessoas (a culpa nem é delas, não me ludibriaram, eu é que só vi metade). A ilusão é tantas vezes o empurrão que nos faz arriscar para os relacionamentos. Ainda bem que assim é. É com os outros que nos conhecemos melhor, que descobrimos as nossas fraquezas e também virtudes e massa crítica, mas os outros são apenas o instrumento para chegar a essa percepção, a força para superar contrariedades está em nós. É de nós que vem a força para caminhar para lá dos nossos limites. E ao fazê-lo percebemos que somos livres, no sentido que o que somos é independente do que os outros sentem por nós ou o modo como nos tratam.


                                Se os meus filhos tivessem um pai... "fora do conceito normal" ou disfuncional, que os viesse a fazer sofrer e desiludir, acho que era esta a postura que lhes transmitiria... muitas vezes basta a nossa atitude perante as situações para eles assimilarem o exemplo. E olhando com amplitude para o que tu e os teus filhos passaram e passam eu diria que os teus filhos têm a melhor mãe e mais acertada para o pai que têm. O caminho que estás a fazer é um legado para eles, para o seu saudável desenvolvimento e auto-estima (por isso é que não imagino o "filme" sem ti). Parafraseando o Garcia Marquez, estás a viver para contá-la. O teu filme é árduo, mas faz sentido.

                                Quero-te agradecer por partilhares connosco a tua história, tens a minha solidariedade de mãe e, acima de tudo, de mulher, tens a minha admiração e louvo-te a racionalidade e astúcia de uma resistente, que não se desestrutura perante tanta adversidade. Permite-me o sentido (trans)figurado da frase... mas sabes "tê-los" no sítio!

                                Abraço!



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                                Beijocas doces,
                                Susana, Tiago e Beatriz
                                Madrinha e Afilhada: NanaCaldeira





                                Casados à 11 anos e muito felizes com os dois filhotes!

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