Por mais pequeno que seja, qualquer corrimento de sangue durante a gravidez pode ser assustador, sobretudo se for a primeira gravidez. Para isto podem contribuir inumeros factores mas, em alguns casos, o corrimento sanguíneo não afecta o desenvolvimento saudável da gravidez.
É normal o corrimento de sangue durante a gravidez?
São muitas as causas do corrimento de sangue durante a gravidez e nem todas elas significam que esteja à beira de abortar. Embora não se possa qualificar esta situação como propriamente normal, a verdade é que é frequente o aparecimento de manchas de sangue, especialmente durante o primeiro trimestre.
A melhor forma de lidar com a situação e sem pânico é procurar o médico, mesmo que o corrimento tenha parado. Tendo conhecimento da situação este estará em melhor posição para detectar a sua origem e acalmá-la ou tomar as providências adequadas, caso estas se venham a revelar necessárias.
É aconselhável ter em atenção a cor e a quantidade do corrimento sanguíneo para os poder descrever o mais detalhadamente possível na consulta. Este corrimento de sangue pode variar na cor, desde o vermelho claro até ao vermelho muito escuro, chegando a surgir manchas cuja cor se aproxima do castanho. Pode surgir a necessidade de realizar alguns testes, na tentativa de descobrir as causas do corrimento e possíveis implicações no desenvolvimento da gravidez.
É importante que a mulher tenha consciência de que, a maior parte destas situações não apresentam perigo para o bebé e que a sua origem pode permanecer desconhecida.
Corrimento sanguíneo ou perda hemática durante o primeiro trimestre da gravidez.
Existem diferentes causas para o corrimento nas diversas fases da gestação. Durante o primeiro trimestre da gravidez:
- Poderá notar algumas manchas de sangue na altura em que a sua menstruação normalmente chegaria se não estivesse grávida;
- O corrimento também pode ser causado pela implantação do óvulo fertilizado na parede do útero. Este corrimento é geralmente vermelho claro e dura apenas um ou dois dias;
- A cervix poderá sangrar um pouco devido a alguma irritação ou inflamação, o que é comum durante a gravidez, devido às alterações hormonais;
- Poderá ocorrer algum corrimento se tiver alguma infecção vaginal e, neste caso, esse corrimento é branco, amarelo ou esverdeado e não sanguíneo;
- Poderá sangrar sem haver um motivo que se possa identificar;
- Em casos mais raros, o óvulo fertilizado pode implantar-se numa das trompas de Falópio em vez de o fazer no útero. Esta situação é conhecida como gravidez ectópica e origina, na maior parte dos casos, corrimento de sangue e dores severas entre as 6 e as 10 primeiras semanas de gravidez. Nestes casos é necessário confirmar que esta é a causa do sangramento e intervir de imediato, para evitar colocar em risco quer a vida da mãe quer a do feto.
O risco de aborto
A forma como ocorre pode ser diferente para diversas mulheres. Enquanto umas podem ter muito corrimento de sangue que mais parece uma menstruação abundante, acompanhada de dores nas costas e fortes cólicas, outras podem ter uma perda hemática (corrimento sanguíneo) que começa, pára e volta a recomeçar e outras há ainda que têm pouco corrimento.
O médico examiná-la-á e determinará se continua grávida ou não, apesar de, na maior parte dos casos, poder aperceber-se de que já perdeu o bebé pelo aspecto das perdas hemáticas, que podem ser acompanhadas de fragmentos sólidos ou mesmo da expulsão do embrião - como que um pequeno saco com algo sólido incluido. Nestes casos deu-se o aborto espontâneo, geralmente total.
Durante os três primeiros meses de gravidez o risco de aborto espontâneo é maior. Geralmente não existem razões óbvias para que tal suceda, nem em geral se deve a algo que tenha feito. Mas uma coisa não pode esquecer : é a de que à mais pequena perda de sangue durante a gravidez deverá entrar em repouso e consultar imediatamente o seu médico obstetra. Deve salientar-se o facto de a maioria das mulheres que aborta conseguir ter, mais tarde, uma gravidez perfeitamente normal.
Corrimento sanguíneo nos últimos meses de gravidez
Sangrar nos últimos meses de gravidez é menos frequente, mas geralmente mais grave. Nos casos em que ocorre, geralmente significa que existe algum problema com a placenta, orgão responsável pelo fornecimento de oxigénio e alimento ao bebé.
A mulher pode encontrar-se numa situação conhecida como placenta prévia, mais frequente no último trimestre, mas pode começar antes a ter perdas hemáticas. O corrimento é vermelho claro, surge sem dor e a placenta insere-se total ou parcialmente por cima do orifício interno do colo do útero, impedindo a saída do bebé através do canal de parto. Nestes casos é recomendável o internamento hospitalar, repouso total e recurso à cesariana.
Pode suceder também que a mulher sofra um descolamento prematuro da placenta, o que significa que esta se separa do útero. Se ocorrer um ligeiro corrimento de sangue é aconselhável que a mulher repouse durante alguns dias no hospital sob observação, mas se o corrimento for abundante justifica-se o recurso imediato à cesariana.
Pode também acontecer que o corrimento sanguíneo seja um indício de parto prematuro. Se a mulher se aperceber de corrimento de sangue depois das 37 semanas de gestação, tal pode apenas significar que a cervix está no processo de amolecimento e dilatação e vai entrar em trabalho de parto prematuro. Neste caso, a grávida pode aperceber-se antes, de uma perda de muco, o chamado rolhão mucoso.
Em qualquer dos casos acima identificados, o essencial é manter a calma e procurar o médico.