Hoje em dia é cada vez maior o número de bebés que nascem por cesariana. O bebé sai pelo abdómen, através de uma incisão na parede abdominal (laparotomia) e na parede do útero (histerotomia).
Quando é que é necessário fazer uma cesariana?
Deve-se sempre tentar um parto natural, principalmente se o bebé não é muito grande, se é saudável, se não existem sinais de sofrimento fetal e se a mulher não apresenta quaisquer complicações.
Porém, e a maior parte das vezes, não é possivel corresponder às expectativas das mulheres que se preparam durante toda a gravidez para um parto natural e, por vários motivos há que recorrer à cesariana. Entre eles conta-se o facto de poder haver uma falha de progressão do feto durante o trabalho de parto ou de este estar a progredir muito lentamente colocando a mãe ou o bebé em risco; o feto com apresentação pélvica ou transversal; a cabeça do bebé ser demasiado volumosa para a sua pélvis; o sofrimento fetal e outros factores de risco, tais como prolapso do cordão umbilical, placenta prévia, descolamento da placenta, e problemas de cardiopatia, hipertensão pré-eclâmpsia, diabetes e herpes vaginal, activo na mãe.
Podemos, primacialmente, falar de dois tipos de cesariana, aquela que é determinada, por qualquer circunstância médica prévia, relativa à mãe ou ao bebé, ou por opção da própria grávida, que é tida como uma cesariana planeada e a outra a que se recorre em casos de emergência (cesariana de emergência). Enquanto as cesarianas planeadas dão a possibilidade da mulher ser sujeita a anestesia epidural e segurar no bebé, imediatamente após o nascimento, bem como lhe dão oprtunidade de saber a data exacta em que o seu bebé vai nascer, as cesarianas de emergência podem requerer uma anestesia geral.
Como se processa?
Se se trata de uma cesariana planeada, a preparação é sempre mais meticulosa do que a cesariana de urgência. Contudo há sempre procedimentos básicos, seguidos em qualquer intervenção cirúrgica deste tipo.
Na parte prática propriamente dita, punciona-se uma veia periférica para administração de soros e terapêuticas intravenosas, de modo a manter-se o nível de fluídos, a bexiga é esvaziada continuamente através de um catéter intravescial (esta inserção pode doer um pouco) e, quando possível, aguarda-se que se completem 8 horas de jejum.
De seguida a zona púbica superior é rapada e é dada a anestesia que, provavelmente, será epidural se a cesariana foi programada, o que deixa a parturiente insensível da cintura para baixo e permite-lhe ficar acordada durante toda a cirurgia. Se é cesariana de urgência poderá ter de ser sujeita a anestesia geral, neste caso e porque os agentes anestésicos atravessam a placenta e causam depressão do sistema nervoso central do feto, a anestesia só tem início depois do obstetra dar a indicação de que tudo está preparado para começar a cesariana.
Após a entrada na sala de operações, colocam-lhe um pano que impede a visão do pescoço para baixo, o anestesista assegura-se que a pressão sanguínea, o ritmo cardíaco e o oxigénio no sangue estão a ser monotorizados electrónicamente. O obstetra desenha uma linha na parte inferior do abdómen e faz uma incisão horizontal (transversal) na parte superior da área púbica, vulgarmente conhecida como o corte bikini.
O próximo corte é através do útero, que provavelmente também consistirá uma incisão transversal. A bexiga é afastada para o lado para que não sofra danos durante o procedimento.
Finalmente o médico puxa o bebé para fora do útero, podendo para o efeito, ser ajudado por um assistente e por vezes podem ser utilizados fórceps.
Por fim o anestesista ministra-lhe oxitocina para ajudar o seu útero a contrair-se depois da operação. O médico passa os últimos 35 minutos desta intervenção cirúrgica de 45 minutos a cosê-la.
Poderei ter um parto vaginal após a cesariana?
Alguns estudos indicam que cerca de dois terços das mulheres submetidas a cesariana prévia, tiveram, em gravidezes posteriores, partos normais, mas, cada caso é um caso e é necessário ter em conta múltiplos factores.
No passado a cesariana era feita através de um corte vertical no útero, razão pela qual se temia que um parto vaginal posterior poderia fazer com que a cicatriz se abrisse. Todavia e porque a ciência e a tecnologia avançaram, a cesariana, hoje em dia, é feita através de uma incisão transversal e o risco da cicatriz rasgar é mínimo.
As mulheres precisam de ser convencidas de que o facto de terem sido submetidas a uma cesariana não implica que futuros partos tenham de ser feitos do mesmo modo.
É verdade que só posso ser submetida a três cesarianas?
O mito de que não se devem fazer mais de três cesarianas não tem fundamento científico. O risco de ruptura uterina é mínimo graças aos novos métodos de monotorização fetal e da dinâmica uterina. Estas, felizmente, não são questões com as quais se deva preocupar.